Jogos de Sedução da lua: Despertar do Desejo romance Capítulo 4473

Ele parecia estar bravo com ela, não falou mais nada e, encostado em uma árvore, acabou adormecendo.

Leocádia estava exausta; abraçada à arma, também se recostou ao tronco da árvore e foi fechando os olhos aos poucos.

A floresta era profunda e silenciosa, sem vento, nem as folhas se mexiam. Só quando tudo ficou em silêncio foi possível ouvir o som dos insetos no capim e, ao longe, o uivo de algum animal selvagem.

Não se sabe quanto tempo passou; adormecida, Leocádia sentiu uma coceira no pescoço. Levantou a mão para coçar e, com os dedos, apanhou algo macio e cheio de pernas, que se mexia em sua mão.

Ela abriu os olhos de repente e soltou um grito agudo, jogando o bicho longe em meio à confusão, e logo se lançou em direção a Cauã.

Cauã imediatamente a abraçou, perguntando com voz rouca:

"O que aconteceu?"

"Não sei, parecia um inseto... ou talvez uma aranha." Leocádia o abraçou com força, o rosto enterrado no peito dele, tremendo.

No escuro, criaturas vivas e desconhecidas pareciam ainda mais assustadoras do que aqueles cães selvagens ou assassinos que tinham encontrado!

Cauã lançou um olhar ao redor, mas a luz era pouca e não dava para ver nada. Assim, pegou-a no colo, colocou-a em seu próprio colo e deu um tapinha em sua cabeça:

"Dorme aqui."

De olhos fechados, Leocádia perguntou em voz baixa e trêmula:

"E o bicho?"

"Você o assustou, já foi embora!" respondeu Cauã.

Leocádia encostou-se no ombro dele, soltou dois soluços sentidos e logo adormeceu novamente.

Nos braços do homem, ela dormiu profundamente até amanhecer.

A luz da manhã entrou pela abertura do tronco; Leocádia abriu os olhos pesados, e, segundos depois, levantou a cabeça de repente. Olhando para o rosto severo do homem, saiu apressada de cima dele.

"O que você quer fazer agora?"

Leocádia se encolheu num canto do tronco, olhando friamente para Cauã.

No caminho para encontrá-la, ele tinha visto corpos crivados de balas, mortos por metralhadora, nas encostas, e também vira cães selvagens abatidos. Por isso, podia imaginar o que ela tinha passado.

Desde a explosão do prédio até ser jogada na mata como um cadáver, ela certamente sofreu muito. Por isso, até no sono chorava baixinho de tanta tristeza.

Ela era irmã de Henrique Arruda, a pequena princesa da família de Lechoga, criada no luxo e no conforto, e, no último mês, passara por tantos sofrimentos.

A última raiva que restava em Cauã foi dissipando aos poucos.

Leocádia, vendo-o encará-la, imaginou que era porque o havia acusado injustamente, e, envergonhada, murmurou:

"Desculpe, pelo que aconteceu agora há pouco!"

"Venha comigo!"

disse Cauã, virando-se para seguir em frente.

Leocádia mordeu levemente o lábio e seguiu atrás dele.