Laranjeiras em Flor: O Desabrochar de Lília romance Capítulo 147

Lágrimas mornas escorriam involuntariamente pelas faces de Lília Laranjeira. Um som de gota caiu sobre sua camisa. Ela voltou a si, virando o rosto e enxugando as lágrimas com a mão. Por que insistir? Insistir em ser a outra? Não poder ser vista em público, não poder aparecer abertamente, isso fazia Marina Andrade sofrer? Mas o que ela tinha para sofrer? No mínimo, Marina Andrade tinha seu amor e carinho em segredo. E ela? Ela, a legítima Sra. Freitas, o que tinha além de um simples papel? Não era também um sofrimento?

"Não é certo ouvirmos os segredos alheios aqui, melhor irmos embora." Norah Lobato não percebeu sua aflição, e ansiosa, puxou-a para sair devagar e sorrateiramente. Lília Laranjeira deixou-se ser levada por ela. As pessoas choram, e há quem se compadeça e enxugue suas lágrimas. Mas ela, só podia chorar em silêncio.

Ao virar o corredor, antes mesmo de descerem as escadas, uma voz soou atrás delas: "Designer Norah, Designer Lília." Era Marina Andrade. Norah Lobato parou imediatamente, forçando Lília Laranjeira a fazer o mesmo. Uma pressão intensa veio de trás, fazendo o sangue em suas veias parecer congelar. Sem olhar para trás, ela podia imaginar a expressão arrogante de Marina Andrade. Não pôde deixar de suspeitar que tudo aquilo era uma armadilha de Marina Andrade. Era uma vingança por ter atendido a ligação de Benício Freitas naquela noite? A dominação que Marina Andrade queria exercer sobre ela era evidente. Qualquer um que soubesse da relação entre os três perceberia a intenção de Marina Andrade. Norah Lobato, a única alheia à situação, não notou nada. E Benício Freitas, aparentemente também não. Ele estava ao lado de Marina Andrade, com um terno preto no braço. Seu olhar tranquilo encontrou o de Lília Laranjeira e Norah Lobato, e com um leve aceno de cabeça, cumprimentou-as. Cumprimentou-a, a esposa.

"Diretor Benício," Norah Lobato respondeu prontamente: "Desculpe-nos por interromper o jantar, eu e a Designer Lília chegamos cedo!" "Não tem problema, acabamos de terminar, fiquem à vontade." Benício Freitas passou por Marina Andrade e se despediu com um olhar, antes de ir embora. O terno em seu braço balançou, tocando os dedos de Lília Laranjeira quando ele passou por ela. Ela recuou imediatamente, como se tivesse tocado ferro quente. Ele foi embora sem olhar para trás.

"Designer Norah, Designer Lília, por favor, entrem. Peçam o que quiserem, meu namorado vai pagar." Marina Andrade voltou para o espaço reservado, chamando o garçom para limpar a mesa onde ela e Benício Freitas haviam comido. Norah Lobato seguiu Marina Andrade para dentro. Lília Laranjeira olhou para o lugar onde Benício Freitas havia estado, hesitando antes de seguir. Parada na entrada, ela hesitou novamente. Uma pequena mesa redonda, cercada por três cadeiras. Quando Marina Andrade chorou nos braços de Benício Freitas, eles estavam sentados nas duas cadeiras do lado de fora. Agora, Marina Andrade estava sentada em seu lugar original, deixando o outro lugar vazio para ela. Benício Freitas tinha acabado de se levantar. Aquela cena, como se fossem fragmentos de um filme, montava-se diante de seus olhos.

"Vem sentar aqui." Norah Lobato a observava perdida em pensamentos, com um tom de voz menos amigável: "Por que toda vez que te trago para sair, você fica aérea assim?" Marina Andrade, apoiando o queixo com as mãos, brincou: "A designer Lília, parece que fica sempre chateada quando me vê com meu namorado. O que foi? Seu marido não se compara ao meu, e isso te faz lembrar de algo triste?" Norah Lobato respondeu sem pensar: "Onde no mundo alguém pode ser comparado ao Diretor Benício!?" Essa comparação se referia à riqueza e capacidade de Benício Freitas: "Norah Lobato, você fala tão diretamente, nem considera os sentimentos da designer Lília."