Laranjeiras em Flor: O Desabrochar de Lília romance Capítulo 184

Lília Laranjeira costumava visitar a antiga casa da família Freitas, onde sempre encontrava Dona Amanda e desenvolvia uma relação de proximidade. Dona Amanda tinha o hábito de brincar, fazendo piadas sobre ela e Benício Freitas. A cada brincadeira, Lília ficava vermelha de vergonha, mas por dentro, sentia-se feliz. Agora, contudo, sentia um aperto no coração e sua expressão endurecia.

Dona Amanda e os outros sempre diziam:

"Olha só, a Lília está envergonhada."

"A Lília só quer saber do Benício."

"A Lília está toda hora com o Benício."

Eles nunca falavam sobre como o Benício tratava a Lília. E também nunca pareciam achar que havia algum problema nisso. Afinal, até a própria Lília Laranjeira sempre aceitou isso de bom grado.

"Senhora?" Dona Amanda disse algo novamente, notando seu silêncio e acenou diante de seu rosto: "Por que você não fala?"

"O quê?" Lília Laranjeira voltou a si.

Dona Amanda cobriu a boca, rindo de repente: "Toda vez que mencionamos o senhor, você fica toda envergonhada, com a cabeça nas nuvens. Eu perguntei o que você gosta no senhor!"

Lília respondeu mecanicamente: "Ele é bonito, tem um bom físico. Mesmo sem dinheiro ou poder, ainda é o tipo que faz o coração das mulheres bater mais rápido." Ela apenas estava respondendo a Dona Amanda. Mas, ao terminar de falar, percebeu o reflexo de uma figura masculina robusta na janela da cozinha.

Virando-se, Lília Laranjeira notou que Benício Freitas tinha descido, sem que ela percebesse. Ele estava com as mãos nos bolsos, exibindo um sorriso, parecendo bem-humorado. Sem dúvida, toda a vez que Lília ficava séria, ameaçando pedir o divórcio, era para chamar sua atenção. Provavelmente, até se aproximar de Leonardo Barbosa era uma tentativa de testá-lo.

"Eu levo para ele na empresa." Lília Laranjeira não sabia bem o que sentia ao dizer isso. Só sabia que, ao falar, se sentia dividida ao meio. Uma parte dela dizia para não se preocupar com Benício Freitas, enquanto outra parte buscava desesperadamente uma razão para cuidar bem dele.

Afinal, se Benício Freitas estivesse feliz, não seria ruim para ela. Ela poderia conseguir mais dinheiro e ter uma vida mais confortável. Mas sabia que, sob essas desculpas, escondia-se um sentimento que tentava enterrar.

Enquanto ela estava dividida, Dona Amanda terminou rapidamente de preparar a comida e a embalou: "Senhora, por que você não vai comer com o senhor na empresa? Eu preparei para dois, tenha cuidado na estrada."

A garrafa térmica foi empurrada para suas mãos, e Lília Laranjeira, sem ter como recusar, teve que proceder com a entrega. Ela dirigiu diretamente para o Grupo Benfinity. O barulho da cidade foi diminuindo, e apenas o topo dos arranha-céus continuava iluminado.

Lília Laranjeira saiu do carro e caminhou em direção à entrada da empresa. Mal tinha dado alguns passos quando viu o carro de Benício Freitas saindo do estacionamento subterrâneo. As luzes internas do carro estavam acesas, revelando a postura elegante de Benício Freitas, que sorria enquanto ouvia algo que Marina Andrade dizia. O olhar de Marina Andrade, por acaso, cruzou o de Lília Laranjeira através da janela do carro.