Laranjeiras em Flor: O Desabrochar de Lília romance Capítulo 28

Ela sabia que, de acordo com sua posição social, ele não iria se envolver em escândalos públicos e acabaria por ceder.

Ele, Benício Freitas, o homem que parecia ter dom divinatório nos negócios, estava seguro de sua habilidade de julgar pessoas.

Porém, ele hesitava em tomar uma decisão, deveria ou não cancelar a ida ao cartório civil?

Apoiando o queixo sobre a mão, ele ponderava.

Ao lado, Pablo Neto hesitava em falar, "Na verdade, não há problema em não cancelar a ida ao cartório, hoje o Enzo Laranjeira..."

'Pam'!

Lília Laranjeira irrompe dentro da sala, ofegante, "Benício Freitas, preciso falar com você."

"Como entrou aqui?" A expressão de Benício Freitas escureceu instantaneamente, mas as sobrancelhas franzidas se suavizaram sem que ele percebesse.

"Encontrei com o assistente do Pablo Neto lá embaixo." Lília viu Benício e percebeu a indelicadeza de sua intromissão.

Ela tinha vindo pedir favores. Como obter ajuda se o incomodasse?

Seus olhos desceram sobre a agenda no chão, a primeira linha claramente escrita: "Às 9 da manhã, ir com a esposa ao cartório civil para o divórcio."

Ela percebeu então que havia saído de casa cedo para se divorciar dele.

Ainda assim, ele ajudaria a encontrar um advogado para Enzo Laranjeira?

"Lília Laranjeira, você não acha que é tarde demais para se desculpar agora?"

Benício Freitas inclinou-se para trás, mãos fortes e veias salientes afrouxando a gravata, um sorriso de desprezo curvando-se inconscientemente nos seus lábios finos.

"Eu... aconteceu um problema com o Enzo Laranjeira, você pode procurar o Dr. Miguel para ajudar?"

Lília Laranjeira não era do tipo que rodeava o assunto, falava diretamente, "Ele atropelou alguém, mas pelo que entendi no caminho para cá, a vítima forjou o acidente. Um caso difícil de vencer, mas com o Dr. Miguel, certamente conseguimos, você... poderia ajudar, por favor?"

Um acidente de trânsito com vítima fatal. Ela queria que Nathalia Leite acalmasse os familiares.

De qualquer forma, Enzo Laranjeira tinha causado uma morte; como familiar do culpado, não podiam pensar apenas em diminuir a compensação ou evitar a responsabilidade.

Um advogado tentaria ao máximo uma abordagem pacífica, deixando a outra parte satisfeita.

Mas, se a outra parte estava realmente procurando uma colisão intencional, a situação mudava; Enzo Laranjeira não podia ser injustamente culpado por um homicídio!

Esses trabalhos de lavar e cozinhar poderiam ser feitos por uma criada; era a própria Lília quem queria fazer, não havia sido um pedido dele.

"E sobre compartilhar a cama, hein?" O volume da voz de Lília se elevou involuntariamente.

Ela não tinha certeza se a raiz de sua argumentação era o ressentimento ou a tentativa de encontrar uma maneira de forçar Benício a salvar Enzo Laranjeira.

Mas, fosse o que fosse, ao trazer "a cama" para a discussão, o sentimento era de vergonha e amargura.

"Preciso lembrá-la que compartilhar a cama é um dever conjugal?"

A veia no pescoço de Benício Freitas pulsava, enquanto ele tentava encontrar em seu rosto um vislumbre do desejo de não se divorciar.

Infelizmente para ele, ela estava ali para salvar Enzo.

Ah, ela queria o divórcio, por que então ele deveria salvar seu irmão?

Lília Laranjeira estava desolada. Frente a Benício Freitas, independentemente do que fosse, ela não tinha chances de vencer.

Então, o que fazer agora? Não se divorciar, ameaçar com o casamento secreto, isso faria Benício Freitas salvar Enzo Laranjeira?