Laranjeiras em Flor: O Desabrochar de Lília romance Capítulo 74

Uma vez atrás da outra.

Ele sentia pena dela, beijava as gotas de suor na ponta do seu nariz, passando do bruto ao gentil. Queria rasgar aquela camada de disfarce dela, que claramente também estava gostando. Mas, pelo seu olhar de quem foi maltratada, quase chorando, ele se tornava incapaz de parar, querendo sempre mais. Culpa dela! Se ela fosse obediente, todas as noites ele não passaria fome, por que então, essa noite, teriam se demorado tanto? Realmente, demorou muito, só ao amanhecer, às cinco horas, o amor se concluiu. Ele a levou para o banheiro para tomar um banho, ela ainda mantinha aquele ar frio e distante. Ele sentiu um vazio súbito no coração, uma sensação desconfortável. Mas ele não explicou nada, após o banho, deitaram-se para dormir. Foi a primeira vez que ele a abraçou tão intimamente para dormir. Ele logo adormeceu.

Lília Laranjeira também estava exausta, mas não conseguia pegar no sono de jeito nenhum. Seu olhar vazio fixava-se na janela, enquanto o céu ao leste clareava, a luz ofuscante invadia o quarto. Seu braço envolvia a fina cintura dela, a coberta leve até o peito dela. Ombros e pescoço cobertos de marcas de beijos. Para ele, uma noite de satisfação, para ela, uma tortura. Lágrimas caíam dos cantos de seus olhos, ela fungava, afastava a mão de Benício Freitas e se levantava da cama. Suas roupas da noite anterior estavam rasgadas, ela foi até o closet pegar outra roupa, e sem olhar para trás, saiu. Era cedo, ela decidiu voltar para o Condomínio Visão Abrange para trocar de roupa e ir trabalhar na PinRosa. A noite anterior repetia-se em sua mente, deixando-a corada, furiosa e frustrada. Ela estava anestesiada, sabendo exatamente o que fazer a seguir, mas incapaz de concentrar-se.

Ao sair do elevador e ver Sandra Barbosa com café da manhã na porta, ela parou: "Lília, abre a porta!" Sandra Barbosa provavelmente acabara de chegar, tocou a campainha sem resposta e começou a bater na porta. Ouvindo o elevador, ela instintivamente olhou para trás. Vendo Lília Laranjeira saindo do elevador, ela imediatamente se virou e se aproximou: "Como assim você está voltando de fora? Acabou de começar o trabalho e já passou a noite em claro?" Sandra Barbosa parou de falar quando seu olhar fixou-se nas marcas de beijo no pescoço de Lília. Lília baixou os olhos, encolhendo-se desconfortavelmente.

"Você correu algum perigo?" Sandra Barbosa perguntou ansiosa: "Algum assédio na empresa, ou foi no caminho de casa?" "Não," Lília Laranjeira sacudiu a cabeça, incapaz de olhar nos olhos de Sandra Barbosa ou explicar. Ela passou por Sandra, abrindo a porta, com voz cada vez mais baixa: "Vamos entrar e conversar". Sandra Barbosa entrou com um semblante sério, sentando-se à frente de Lília no sofá, braços cruzados, olhando-a fixamente.

"Lília Laranjeira, eu preferiria que você tivesse sido violentada a acreditar que você se envolveu novamente com Benício Freitas!" "Ontem à noite, Pablo Neto me ligou dizendo que Benício Freitas havia bebido até passar mal, e eu fiquei preocupada e fui até lá." Lília Laranjeira não conseguiu dizer, no fundo, era ela quem estava completamente sob o controle de Benício Freitas. Ele sabia que, assim fazendo, ela definitivamente voltaria. Sandra Barbosa estava a ponto de explodir: "Se agora você tem que ter algum envolvimento com Benício Freitas, que seja apenas para enterrá-lo e tomar posse de todos os seus bens!" Fora isso, o que mais Benício Freitas tem a ver com ela, vivo ou morto? Essa lição, Lília Laranjeira entendeu, embora tarde demais. Contudo, a sua impotência era algo que brotava do fundo do seu coração: "Sandra, você já amou alguém de verdade?"