Luna verdadeira romance Capítulo 216

POV de Gabriel

Eu olhei para o laptop de Annie. Meu corpo inteiro estava tremendo.

Ele a agrediu. Ele a tocou.

Nick estava tremendo ao meu lado. Acho que ele não percebeu, mas ele não parou de rosnar desde o momento em que Annie tocou o vídeo.

"Por que você insistiu que assistíssemos a isso?" Jacob perguntou, sua voz tremendo.

"Porque ela nos disse onde está," Cassie disse com um pequeno sorriso.

Meus olhos se voltaram para ela.

"O quê?" Nick, Jacob e eu perguntamos ao mesmo tempo.

Cassie pegou o laptop e reproduziu o vídeo novamente. Era a parte em que Victor estava perguntando a ela quem matou Calvin.

"Você está protegendo alguém, bruxinha," ele disse. "Eu não sou tolo. Eu vou te quebrar."

"Você pode tentar," Aria disse desafiadoramente. "Eu prospero onde outros mal sobrevivem. Eu não vou desmoronar tão facilmente."

Cassie pausou e olhou para nós. "Eu prospero onde outros mal sobrevivem. Escolha de palavras curiosa, não acha?"

Franzi a testa.

"Vá direto ao ponto," Nick rosnou para ela.

Eu segurei seu braço. "Acalme-se, Nick."

Ele suspirou e passou a mão pelo cabelo. "Desculpe, Cassie. Mas, por favor, apresse-se."

Ela assentiu e pegou um livro da mesa de café. Eu não tinha notado antes.

"Este é um livro de plantas que Aria e eu costumávamos amar quando éramos crianças," ela disse. "Nós o lemos por horas e memorizamos tudo o que havia dentro dele."

"Eu me lembro," Jacob disse. "Vocês dois se perderam uma vez quando tentaram encontrar uma planta rara que nem cresce neste continente."

Cassie riu. "Estávamos tão confiantes de que a encontraríamos."

"Por que este livro é importante?" Perguntei nervosamente, interrompendo a viagem deles pela memória.

"Bem, quando ouvi Aria dizer a Victor que ela prospera onde outros mal sobrevivem, reconheci isso imediatamente," ela explicou enquanto folheava as páginas.

Ela parou, e um sorriso enorme se espalhou por seu rosto. Ela entregou o livro para Nick, e nós nos aproximamos para olhar a página.

Era sobre uma planta chamada Laurustinus (Viburnum tinus). Havia uma imagem da planta e abaixo, em letras grandes e negritadas, algo familiar estava escrito.

Esta prospera onde outros mal sobrevivem.

Eu arfei e olhei para Cassie e Annie, que tinham sorrisos enormes em seus rostos.

"Encontramos a área ao norte onde esta planta cresce," Cassie disse. "Ela viu, reconheceu e me enviou uma mensagem."

Ainda estávamos olhando para as meninas, incapazes de falar.

"Por que ainda estamos aqui?" Mike falou depois de um tempo.

"Não há armazéns nessa área," Annie disse. "O que significa que eles a mantêm no subsolo."

"Precisamos localizar a entrada," Cassie acrescentou. "Ainda é uma área bastante grande."

Nick rosnou e cerrou os punhos. "Não. Não vou esperar mais um segundo maldito. Você tem ideia do que estou passando?! Eu quero queimar o mundo inteiro! Eu quero matar os desgraçados que a tiraram de mim! Eu quero despedaçar os desgraçados que a tocaram! Eu não vou ficar aqui mais um minuto maldito! Me dê o mapa maldito!"

Todos nós estávamos olhando para Nick em choque. No final de seu desabafo, ele estava gritando tão alto que meus ouvidos doíam. Seu rosto estava vermelho, sua postura rígida. Ele parecia que poderia explodir a qualquer segundo.

Eu me movi e fiquei na frente dele. Eu sabia que estava arriscando muito, mas não podia deixá-lo continuar assim.

Seu olhar furioso pousou em mim, e se olhares pudessem matar, eu estaria seis pés abaixo da terra agora. Ele não era um homem agora. Ele era um lobo zangado, possessivo, territorial. E todos nós estávamos entre ele e a coisa que lhe pertencia.

Ele era a definição de perigo agora.

"Nick," eu disse calmamente, levantando as mãos em rendição. "Me ouça, por favor."

Ele rosnou, seus olhos piscando de marrom para preto.

"Eu sei que você quer ir até ela," eu disse lentamente. "Eu também quero mais do que qualquer coisa neste mundo, acredite em mim, mas não podemos ir às cegas, Nick. Podemos colocá-la em um perigo ainda maior do que está agora."

Ele permaneceu em silêncio, e eu levei isso como um sinal para continuar.

"Pense nisso, Nick," eu disse. "O que podemos fazer agora? Ir até lá e invadir a área procurando uma entrada? Provavelmente está bem escondida, e ele saberia que encontramos a localização. Ele a moveria, e perderíamos a única vantagem que temos sobre ele."

Ele começou a respirar pesadamente, seu peito subindo e descendo rapidamente. Seus olhos nunca deixaram os meus. Eu estava certo e ele sabia disso. Ele estava lutando contra o lobo dentro dele. Ele estava lutando contra Nate, que queria ir até sua companheira. Mas Nate não era um homem. Ele era um animal. Ele não pode pensar racionalmente. Ele confiava em seus instintos. E seus instintos estavam dizendo para ir até sua companheira. Nick era quem teria que fazer Nate ver que ir até lá agora não era nossa melhor opção.

E conhecendo Nate, isso será difícil. Ele era um lobo teimoso. E ter uma companheira só o tornou mais forte. Eu acho que o lado bruxo de Nick não superou mais seu lado lobisomem. O vínculo com a companheira tornou seu lobo muito mais forte e muito mais presente do que nunca. Eu podia ver isso claramente.

"Você está certo," Nick disse entre dentes, após alguns momentos de silêncio.

Ele suspirou e passou a mão pelo cabelo enquanto se jogava no sofá.

"Desculpe, Cass," Nick murmurou. "Eu não quis te atacar assim. Mas estou queimando por dentro."

"Está tudo bem, Nick," Cassie disse enquanto se sentava ao lado dele. "Eu entendo. Não precisa se desculpar."

Eu olhei para Jacob e Blake, que estavam olhando para Nick com franzidos na testa. Eles não gostaram que ele tivesse atacado Cassie.

"Se não podemos ir lá e invadir a maldita floresta, o que fazemos?" Nick perguntou enquanto me olhava com olhos desesperados.

POV de Nick

Não consigo explicar a nenhum deles o que estava sentindo por dentro.

"Vocês podem ficar aqui e descobrir tudo o que puderem sobre aquele desgraçado do Victor", eu disse.

Annie e Cassie suspiraram e nos deram um pequeno aceno. Eu podia ver que não estavam felizes, mas eu não me importava. Elas não iriam se colocar em perigo. Gabriel estava certo. Só nos preocuparíamos com elas, e isso nos distrairia. Sem mencionar que Aria nos mataria se algo acontecesse com elas.

Olhei para Mike, que estava me encarando.

"O que foi?" perguntei a ele com firmeza.

"Você consegue se controlar, Nick?" Mike me perguntou e ergueu a sobrancelha. "Você não pode surtar durante o seu turno."

"Sim", rosnei. "Não farei nada para colocá-la em perigo."

Ele era um completo idiota se achasse que eu faria algo para colocá-la em perigo. Eu deveria matá-lo por insinuar algo assim.

Respirei fundo e tentei me acalmar. Não posso sair por aí matando pessoas só porque disseram algo que não gostei. Não importa o quanto eu estivesse irritado.

"Bom", disse Jacob, nos interrompendo. "Mostre-nos a área, Cass."

Cassie espalhou o mapa na mesa de café e apontou para a área circulada.

"Aqui", ela disse. "É onde aquela planta está crescendo."

Nós assentimos e eu me levantei. "Ok, como fazemos isso?"

"A área é bastante distante", disse Gabriel. "Teremos que dirigir até lá, deixar o carro na beira da estrada e caminhar o resto do caminho."

"Devemos manter os turnos curtos", acrescentei. "Quatro horas cada, talvez."

"Concordo", Blake assentiu. "Precisamos manter nossos sentidos aguçados e exagerar só levará a erros."

"Vamos cobrir áreas pequenas cada um e vamos nos revezar", disse Gabriel e pegou a caneta. "Mike e Jack, esta será a sua área."

Gabriel circulou uma pequena área no mapa.

"Jacob e Blake, vocês cobrirão esta", ele continuou e circulou outra área. "Nick e eu cobriremos o restante."

Os caras assentiram e tiraram seus celulares para tirar fotos do mapa. Eu fiz o mesmo.

"Se vocês virem algo, não estraguem e reajam imediatamente", disse Jacob com firmeza, olhando principalmente para mim. "Voltem e todos nós iremos. Não podemos ter certeza de quantos deles estão lá. Dois de nós provavelmente não serão suficientes para derrubá-los."

Assenti, não gostando muito do que ele disse. Já sei que será muito difícil me controlar.

"Quem fará o primeiro turno?" Jack perguntou.

"Nós faremos", Gabriel e eu dissemos ao mesmo tempo.

Se houvesse uma pequena chance de descobrir algo hoje, eu queria ser o primeiro a chegar lá.

"Bom", Jacob assentiu. "Nos vemos em quatro horas."