Mais do que paquera romance Capítulo 21

- O que houve? - disse Raviel viltando a si.

- Não tenho muita certeza desse tecido, presidente Raviel, você tem isqueiro? - perguntou Andreia olhando em sua direção.

Raviel não sabia o motivo dela querer um isqueiro, mas também não questionou, apenas pegou um isqueiro do bolso e a entregou.

Andreia agradeceu e pediu a um dos ajudantes que trouxesse um copo de água.

Depois que trouxe a água, Andreia pegou aquele rolo de tecido que não tinha sido identificado do chão e usou isqueiro para acender uma de suas pontas.

Quando o canto ficou preto, ela o colocou no copo d’água e apagou o fogo. Depois, aproximou o local queimado do nariz e ficou cheirando por um tempo. Logo, ela já sabia de que tecido se tratava, então abriu um sorrisão, explicando:

- Por causa da diferença de materiais, o cheiro de cada tipo de tecido após serem queimados também são diferentes. Às vezes, quando não temos a certeza, pode usar essa maneira para identificar o tecido.

Ah, é por isso!

Raviel finalmente compreendeu o motivo dela querer um isqueiro.

Andreia estendeu aquele rolo de tecido para que ficasse plano.

- Esse é um novo tipo de tecido, e pelo sentido de tecelagem dos fios, deve ter sido feito com máquinas 3D tecendo juntos o poliéster e o couro, dando uma visão realista das estampas. Se eu não estiver errada, esse tecido se chama Esmalte Aquoso.

Ouvindo suas palavras, os ajudantes correram para procurar por Esmalte Aquoso no banco de dados e realmente o encontraram. Comparando as imagens, era mesmo o tecido em suas mãos.

- Você já o viu antes? - questiona Raviel.

- Nunca o vi - disse Andreia balançando a cabeça. - Mas ouvi meu mestre falar dele, não imaginava que você o tivesse em seu armazém. Ele é lindo, não é?

Ela se enrolou naquele tecido brilhante e deu um giro.

O brilho do tecido e a beleza encantadora de Andreia deveriam ser duas coisas chamativas demais que se repeliam por natureza, mas naquele momento, misturaram-se como se fossem perfeitamente combinantes, e iluminaram aquele armazém semiescuro.

Era uma imagem perfeita de se ver.

Os dois ajudantes ficaram estupefatos.

Raviel ainda não estava a ponto de ficar abobado, mas em seu olhar frio de sempre teve uma pequena onda de emoções diferentes.

Mas ele logo percebeu sua perda de postura, então desviou o olhar dizendo:

- Até que é bem bonito mesmo.

- Esse tecido serve perfeitamente para fazer vestidos de gala. - Andreia disse sem perceber a estranheza de Raviel, e guardou o tecido em seu lugar devido.

Meia hora depois, eles terminaram de colocar todos os tecidos de volta.

E pela cara de Judite, com certeza não era uma coisa boa.

A recusa de Andreia deixou Judite se sentir humilhada, então ela cerrou os olhos e gritou:

- Eu quero ver o que você tem para fazer!

Ela pegou a pasta de suas mãos e deu uma olhada rápida. Logo, seu rosto se contorceu de fúria.

- Ravi te deixou responsável pelo Nascido do Fogo? - disse ela cerrando os dentes, seus olhos estavam vermelhos.

Ela sabia desse projeto, e queria muito conseguir essa vaga para participar dele, mas Raviel não concordou, dizendo a ela que tinha procurado por uma ajuda externa.

Ela não imaginava que essa ajuda externa fosse maldita Andreia!

Não pode ficar assim, ela tem de perguntar direito, por que não é ela, e sim, Andreia!

Segurando as mãos em punho, Judite fuzilou a Andreia pela última vez antes de correr em direção à sala do presidente.

Chegando ao lado da porta, ouviu-se uma voz baixa vindo de dentro.

- Presidente Raviel, os resultados de investigação sobre aquela criança que encontramos da última vez chegaram.