França, Julho de 2010.
Ela não presta!
O alarme do meu celular tocou pela terceira vez, estiquei o meu braço até a cômoda ao lado da minha cama e desativei. Naquela manhã de verão, embora não estivesse tão quente como no Brasil, às 7 horas a temperatura girava em torno de 20 graus.
Peguei os meus óculos e olhei a tela do meu blackberry esperançoso. Tinha quatro meses que eu fazia residência no Hospital Saint-Mary e, até aquele momento, a Nicky não respondeu às minhas mensagens e nem mesmo retornou as minhas ligações.
Joguei o celular na cama e puxei o cobertor. Meu pau estava duro e latejava, isso acontecia sempre que eu sonhava com ela. Era impossível esquecer de como ela estava apertada e quente na primeira vez em que fizemos amor.
Levantei da cama e fui direto para o banheiro, não tive outra alternativa a não ser me aliviar embaixo da água morna que caía sobre as minhas costas. Não conseguia parar de pensar naqueles bicos dos seios firmes que enrijeciam dentro da minha boca. Me apertei e toquei meu pau de cima para baixo. Ela era tão inexperiente quando me chupou pela primeira, mas aqueles lábios curvos e apertados me enlouqueciam.
Minha mão estava mais ágil e minhas pernas tremeram, eu emiti um gemido quando lembrei do sabor delicioso no meio das coxas dela. O meu corpo expeliu um líquido viscoso e transparente. Busquei o ar embaixo da água que caía no meu rosto.
Depois que tomei banho, fiz algumas flexões e treinei com halteres para tonificar os músculos do peitoral e do quadríceps. Nos últimos meses, eu ocupei a minha mente nos exercícios de musculação e corrida quatro vezes por semana.
Vesti a calça jeans azul e coloquei uma blusa de manga longa preta, penteei os meus cabelos com as mãos e atendi o blackberry que tocava a mais de meia hora.
― Oi! ― Ajeitei os óculos e espremi os olhos. Algumas vezes a voz dela é irritante. ― Que merda, Isabella! É a quinta vez que você precisa de carona para o trabalho essa semana. Compra outro carro, porra! ― bufei.
Mordi um pedaço do sanduíche de pasta de amendoim e tomei um gole do suco. Percebi as intenções dela comigo, Isabella é bonitinha, mas eu não sinto nada por ela. Além disso, prometi a Nicole que esperaria.
― Ok! Eu te busco às 9 horas da manhã.
Coloquei o meu casaco e peguei a mochila, olhei o porta retrato com a foto do meu casamento com a Nicky há alguns meses, o sorriso dela mexia comigo. Será que ela estava com raiva por eu ter assinado os papéis do divórcio? Balancei a cabeça em negação, Nicole sabia que fiz isso para que os meus pais não colocassem ela e a Joanna no olho da rua. Não tive outra escolha, Nicole estava no final do curso de administração que a minha avó financiava. Me apeguei à promessa que ela fez um dia antes de eu vir para França. Em breve ela terminará o curso e virá morar comigo em Lyon.
Tranquei a porta do meu apartamento e segui direto para o estacionamento, desativei o alarme do meu automóvel esporte na cor prata e me ajeitei no banco. Eu dirigia tranquilamente até o local onde Isabella costumava tomar o café, ela estava distraída ao telefone, então eu buzinei. Parei no sinal em frente ao Hard Rock café. Esperei que ela entrasse no carro e logo em seguida fiz uma curva e dirigi pela 2 Quai Jules Courmont.
― Bom dia para você também, Alexander! ― Ela me cumprimentou.
― Bom dia, Isabella! ― A minha nuca pinicava sempre que ela colocava a mão na minha perna. Buzinei para o veículo preto que estava na frente. ― Pare com isso, estou dirigindo ― engrossei a voz.
Nos últimos dias ela tentou me instigar enquanto eu conduzia o carro até o hospital onde fazemos residência. Eu me esforço para conter o desejo primitivo que me atormenta, tem mais de três meses que eu fiz amor com a Nicky e desde então, não toquei em outra mulher.
Marcello sempre perguntava se eu praticava o celibato. No primeiro mês que chegamos na França, ele conheceu uma francesa chamada Josephiné, parece que essa mulher com quem o Marcello está trepando é dominatrix e adora esse lance de sadomasoquismo. Uma vez ele trocou a roupa no vestiário do hospital e estava com as costas cheias de hematomas que pareciam ser de chicotadas. Cheguei a conclusão que o meu melhor amigo enlouqueceu.
A arquitetura das ruas e das avenidas da França remetia aos prédios e edifícios que habitam as avenidas no Centro do Rio de Janeiro. Minha avó falava que a Avenida Rio Branco é uma cópia do modelo parisiense.
Em poucos minutos, estacionei o carro na vaga do hospital Saint―Mary. Tirei o cinto e saí enquanto Isabella retocava a maquiagem no retrovisor.
― Porra, Isabela! Vou me atrasar!
― Calma, Alexander! Não precisa gritar ― ela retrucou.
Dei as costas e encostei no carro até que ela saiu. Acionei o alarme e segui a passos largos até o vestiário. Faltavam pouco mais de quinze minutos para o meu plantão, guardei a mochila e troquei a roupa.
― Quoi de neuf!? ― Marcello entrou de repente.
― Nenhuma novidade. A Nicole não atende as minhas ligações.
― Você ainda está nessa, irmão! Deixa de ser babaca!
Ele sentou no banco de madeira reto em frente ao armário de metal cinza.
― Ela é minha mulher!
― E você acredita que ela está esperando por você?
Bati a porta do meu armário com força. Marcello era um ótimo amigo, mas eu detestava quando ele questionava a fidelidade da Nicky.
― Confio nela! ― Tive vontade de socá-lo só para desfazer aquele sorriso debochado. ― Daqui a alguns dias, eu pegarei as minhas férias e vou ao Brasil.
― E se ela estiver com outro?
Marcello ficou em pé e se afastou quando fui na direção dele. Ele apanhava da Josephiné e tinha medo de levar umas porradas de um homem, ri quando ameacei dar um soco e ele deu um salto para trás.
― Qual é cara! Não precisa ficar nervoso.
― Então se meta com a sua vida e me deixe em paz.
Marcello ajeitou aquele cabelo amarelo ovo, o corte dele é muito estranho. Não sei como ele consegue se dar bem com as mulheres.
― No próximo fim de semana será o aniversário do Henry, e você sabe como é a minha mãe, ela exige que eu esteja lá.
― Coitada da tia Heloísa, ela é um anjo.
― E meu pai, um demônio. ― Marcello guardou a bolsa enquanto ria. ― Se você quiser, eu passo na sua casa e falo com a Nicky.
― Beleza!
O plantão de hoje foi corrido, encarei o trabalho braçal na emergência no hospital. Estava tão cansado que ajeitei os meus óculos para ter certeza do que a minha visão estava captando. Estreitei os olhos quando vi uma jovem de pele dourada chorando com a mão na testa. De longe, ela lembrava a minha mulher. Os cabelos ondulados caiam pelas costas. Alarguei os passos na direção dela.
― Bonsoir! O que houve?
― Escorreguei quando servia as mesas no trabalho e bati com a cabeça na ponta da mesa.
Ela tinha um calombo na testa larga. Reparei nos olhos de cor esmeralda enquanto examinava o caroço. O rosto fino com o queixo pequeno, apesar de bonito, não se parecia tanto com a Nicky como pensei a alguns segundos. Nicole tem os olhos amendoados e expressivos, nunca esqueci daquele rosto com maçãs salientes.
Pedi a paciente que me acompanhasse até a sala de raio―X, precisava manter o foco no meu trabalho. Avaliei o exame contra a luz e percebi quando ela me olhou pelas costas. A mulher de cabelos castanhos exibiu um sorriso um tanto malicioso para o meu gosto, acho que é por causa do efeito da medicação que administrei para a dor.
― Felizmente não houve gravidade! ― Ajeitei os meus óculos.
Fui para a minha mesa, peguei o bloco de receitas, notei o olhar dela enquanto eu prescrevia a medicação para dor. Entreguei o exame com os papéis.
― Merci beaucoup, docteur Bittencourt!
Ela apertou a minha mão e segurou mais tempo do que deveria, deixou um pedaço de papel, piscou e saiu da minha sala. Não era a primeira vez que eu recebia um bilhete com o telefone de alguma paciente, todavia, eu sempre mantive a minha ética profissional e a fidelidade a mulher que eu amo.
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Faz dois dias que o Marcello viajou para o Brasil e até agora não deu notícias da Nicole. Tomei um banho, coloquei uma calça de flanela e me joguei na cama. Afundei a minha cabeça no travesseiro, fiquei mais de duas horas lendo e fazendo um resumo sobre a fratura de ossos do crânio.
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Os comentários dos leitores sobre o romance: Meu Homem! Volume 3 da trilogia Doce Desejo.