Sabia que eu não tinha como ajudá-los, pois não possuía uma loba. Então, naquele momento, algo despertou em minha mente e fiz exatamente o que me orientaram a fazer. Corri como se minha vida dependesse disso e pediria ajuda assim que chegasse na alcateia.
Sentia os músculos das pernas chegando ao seu limite, mas não diminuí meu ritmo. Graças ao bullying que sofria de um grupo restrito de lobos, havia desenvolvido uma resistência maior para correr. Meu desespero era pensar que talvez fosse tarde demais para minha família, mas eu não desistiria de tentar.
Sentia raiva por não ter uma loba. Tinha certeza de que, se a tivesse, conseguiria chegar mais rápido até nossos guerreiros.
Assim que entrei em nossos limites, comecei a gritar. Rapidamente, alguns guerreiros se aproximaram para verificar o que estava acontecendo. Ainda recuperando o fôlego, tentei explicar rapidamente o que houve. Eles soaram o alerta e saíram em disparada para o local que indiquei.
Eu estava tremendo devido a todo o esforço que fiz e ao medo de que o pior tivesse acontecido com minha família. Uma picape com mais homens e com o beta seguiu em direção ao local onde o carro de minha família havia ficado.
Rapidamente, luna Callie, alfa Joseph e Martín apareceram ao meu lado, enquanto eu olhava fixamente para a entrada de nossa alcateia. Tinha certeza de que o alfa e sua família já sabiam o que havia acontecido.
Eles eram lobos e possuíam o que chamavam de elo mental, uma forma de se comunicar mentalmente com a alcateia. Eu era a única pessoa dali que não tinha essa vantagem, então me sentia no escuro e sem informações.
— Quer entrar comigo e tomar um chá, criança? Você pode esperar lá dentro de nossa casa. — A luna ofereceu, mas neguei. Estava nervosa demais para isso.
— Como isso aconteceu? Você não viu quem atacou sua família? — Martín perguntou, me encarando, e mais uma vez eu neguei.
Os primeiros guerreiros chegaram e estava ansiosa pela informação que eles poderiam fornecer. No entanto, um deles apenas olhou para o alfa e fez um leve aceno de cabeça em negação. O que aquilo significava? Eles não encontraram o local exato? Como lobos não conseguiram farejar?
Preparei-me para voltar até o local onde tudo havia acontecido, mas a picape que havia partido com outros guerreiros retornou, seguida pelo carro da minha família. Senti um enorme alívio, mas logo passou ao perceber que quem dirigi o carro não era ninguém da minha família, mas sim outro guerreiro de nossa alcateia.
O beta desceu da picape e, nesse momento, senti os braços da luna Callie, mãe do Martín, me abraçarem. O que tudo aquilo significava? Olhei para cada um deles tentando entender, porque nada parecia claro para mim.
— Querida, sentimos muito! — Ela disse, me abraçando ainda mais forte.
Olhei o rosto do alfa Joseph e percebi que sua expressão era de dor. No entanto, não entendia o motivo.
— O que aconteceu? Onde está minha família? — Perguntei, ficando ainda mais desesperada.
— Chegamos tarde demais até eles, garota. Sinto muito! — Beta Elijah disse.
— O que você quer dizer com isso? Como “tarde demais”? Corri o mais rápido que pude até aqui e nem demorou tanto. — Continuei encarando-o.
O cheiro espesso de sangue encheu minhas narinas antes mesmo de eu ver os corpos. O ar estava impregnado com um gosto metálico, denso, quase sufocante, e meu estômago deu um nó.
Nesse momento, observei outros guerreiros retirando da parte traseira da picape o corpo da minha família e de outra pessoa que não sabia quem era. Meus olhos, frenéticos, procuravam algum sinal de vida, qualquer movimento… mas só havia a morte.
Corri até o corpo do meu irmão. Seu rosto estava pálido, seu peito imobilizado. Toquei sua pele fria e o frio do sangue em minhas mãos me disse a verdade que eu recusava aceitar. Caí de joelhos, sacudindo o corpo inerte do meu irmão.
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