Meu Senhor romance Capítulo 82

Eduarda Amorim

Açucena está fechando meu vestido nas costas.

Ela me olha pelo espelho e sorri.

-Esta linda Senhora, esse vestido ficou perfeito.

Olho para o vestido longo estampado com rosas e de fundo preto franzido na cintura, com decote “V” e com as alças amarradas no pescoço. A saia é cheia de fendas, quando eu sento minha pernas ficam nuas.

Estou com uma sandália de tiras preta com saltos, não muito altos.

Hoje é domingo e estou indo num almoço na casa de meus sogros. Realmente estava com saudades de minha sogra.

Eles viajaram para Madrid tem  quinze dias, e ficaram por lá até ontem. Eles não querem saber de outra vida, estão aposentados e curtindo muito. Afinal pra que serve o dinheiro, se não é pra gastar e ser feliz. Trabalharam a vida toda, merecem o descanso.

-Leva essa casaquinho, caso esfrie mais tarde. Nunca é demais em nossa cidade.

Concordo com ela.

-Não quer mesmo ir?  Aproveitava e via Maria...

-Preciso adiantar algumas coisas aqui no casarão. Se esqueceu que eu ainda estou de governanta?

-Arthur não achou ninguém que o agradasse?

-Não... E vai ser difícil! Ele não quer abrir mãos dos meus serviços como babá e não quer por uma estranha como governanta.

-Eu não abro mãos dos seus serviços Açucena. Não sei como faria se você não existisse.

Ela sorri.

-Quando ele se sentir seguro, ele contrata alguém como governanta. Até estou gostando dessas duas funções, pelo menos guardo mais dinheiro para o meu casamento.

-É verdade!!!

Sorrio para ela. Açucena se casa no final do ano. Eu conheci seu noivo a algum tempo atrás, e os dois tem aquele brilho no olhar, que todo casal que vai construir uma família deve ter. Fiquei feliz por ela, e triste por mim, porque provavelmente, se eu ainda estiver na vida do Arthur, eu vou ficar sem a minha babá.

Ela alisa mais uma vez minha trança e diz.

-Esta pronta Senhora. Dê um beijo na Maria por mim...

-Pode deixar Açucena.

Ela sorri e sai do quarto. Alguns segundos depois, ele aparece na porta com as duas mãos nos bolsos da calça escura.

Ele provavelmente fica me observando me arrumar, e quando estou pronta vem em seguida. Porque ele nunca se atrasa e nunca chega antes.

-Pronta?

-Sim, meu Senhor!

Pego a bolsa e o casaco e saio do quarto atrás dele.

-O almoço será só nós quatro. Pensei que houvesse mais convidados, mais graças a Deus não há mais ninguém. Ítalo não irá conosco, só Beto e Barreto.

-Sim meu Senhor!

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Meu Senhor