Minha Morte！Sua Loucura！ romance Capítulo 339

Jorge estava se autodepreciando.

Zombava da Família Macedo, esse tipo de clã tradicional que faria qualquer coisa para se livrar de uma criança nascida com defeitos, quanto mais as famílias comuns.

"E esses dois que sempre procuraram pelo filho... recusaram doações da sociedade, venderam todos os seus bens, passaram a vida se lamentando, se odiando por terem permitido que o filho participasse da competição de gênios, por terem colocado tanta pressão nele, se odiando por serem impotentes..."

Eles realmente amavam seus filhos.

Mas, infelizmente, as pessoas que realmente amam seus filhos são usadas pelos outros.

Tornam-se uma arma de assassinato, carne na tábua de cortar dos outros.

Eles são tão inocentes, tão tristes.

A corda sempre arrebenta no ponto mais fraco, e o silencioso lamento dessas pessoas comuns e sem poderes na base da sociedade é extremamente desesperador.

A que ponto eles têm que chegar para seguir o caminho de se tornarem os carrascos de outros?

"Doações da sociedade? Que famílias receberam essas doações? Instituições de caridade? Quem é o responsável?" - Pergunto a Jorge, franzindo a testa.

"Eu pesquisei, são todas ações de consolo e apoio feitas pelo Fundo Anjo, que sempre foi a esperança das pessoas comuns de Cidade Labirinto e tem uma boa reputação na área da caridade. Agora, crianças de famílias comuns têm o direito de solicitar apoio do Fundo Anjo." - Jorge deu de ombros.

Respirei fundo.

Fundo Anjo.

Tão familiar.

"É a fundação beneficente fundada pela mãe do Adônis..." - murmurei, com a voz rouca e trêmula.

Esperava que tudo fosse apenas coincidência.

Caso contrário... o jogo era muito grande, as aranhas na teia estavam aumentando.

Nós, pequenos insetos, como poderíamos sobreviver nesta grande rede?

"A própria sociedade é uma rede... Não existe bondade ou maldade absoluta. O mundo também não é só preto e branco." - Jorge disse serenamente: "A pessoa que você vê como totalmente má pode ser um filho extremamente dedicado. A pessoa que você vê como extremamente boa pode ter um passado sangrento..."

"Por trás de toda grande fortuna, há sombras, sem exceção. Você acha que esses bilionários... algum deles tem um passado limpo? Sem ossos secos e sangue?"

"Luna, você está pálida, vamos descansar..." - Robson, preocupado, olhou para mim, querendo me levar embora.

"O aniversário do Júlio é daqui a alguns dias... quando você for, pode me dar um buquê de flores, eu não vou..." - disse Jorge com arrogância, desconfortável com a menção de Júlio.

Robson não disse nada, apenas baixou os olhos, parecendo excepcionalmente dolorido e solitário.

Júlio morreu por ele... foi o pesadelo que Robson jamais esqueceria em sua vida.

"Por que o Jorge tem tanto medo do Júlio?" - Perguntei baixinho depois que entramos no carro.

"Ele também tem medo de mim." - Robson disse baixinho, com cautela, tentando segurar minha mão quando eu não estava olhando.

Depois de um leve tapa meu, ele abaixou a cabeça e começou a falar com um ar de tristeza: "Ele achava que eu e o Júlio não éramos pessoas normais, mas monstros..."

"E daí? É só isso?

"Ele começou a nos chamar de monstros na frente de toda a turma. Eu e o Júlio então decidimos nos vingar, sempre com pequenas artimanhas que ele não conseguia perceber ou calcular." - Robson pareceu lembrar-se de algo do passado, soltou uma risada contida e seus cílios tremeram...