No Alemão romance Capítulo 47

MURALHA - Narrando

Tava desenrolando os corre de boa, sai da boca da zona, às fita tava tudo tranquilo por lá.

- Ta ligado né, nunca nem me viu, sabe nem a sombra de muralha - falei pro doda

Doda é o cara que arruma os b.o da boca de lá, a boca de lá não é tipo o comando da minha favela, mas da pra desenrolar.

- To ligado bichão, é nós - fiz um toque c o mesmo

- Depois mando os boy trazer mais bagulho visse

- De boa, desenrolo o dinheiro, manda gente de confiança

- no meu morro só tem moleque de confiança carai

- duvido não pô

- fecho, fé aí

- fé parceiro

Entro no carro e parto pro morro, minha favela

ta ligado que eu nunca tive muita coisa com que me importar, sempre fui e eu mesmo na correria do dia a dia, matando um Leão por dia pra viver, comecei nós corre desde de cedo pra viver, sou sangue ruim mesmo e fazer o que né, a vida não é boa com todo mundo, comecei de fogueteiro, só vendendo droga, nada demais não, nunca cai no vício, fumo e não nego, dou uns trago e fico doidão mermo, mas nada de vício, p não atrasar os bagui, lembro bem que C4 sempre me fortaleceu, sempre teve do meu lado, confiança 10/10, Matarindo parceiro, esse é fechamento, posso tá na merda mas ele tá do meu lado, mas ele construiu família, eu tô construindo família e a gente é tão fechamento que tô ligado que se der merda e eu morrer ou for em cana, ele vai cuidar de tudo que é meu, do morro até minha família, do mesmo jeito que ele pode contar comigo, quem diria ladrão, tinha nada e nem ninguém, tenho minha favela toda, sou dono daquela porra toda e ainda tenho uma família do carai, que eu to ligado que tem k.o nenhum dentro, família verdadeira porque não é de sangue mas é família véi, meu medo de dar merda pro meu lado, nunca foi tão grande mas né por mim não po, é por Natália, sei que ela vai desenrola porque ela é mulher e mulher mesmo, não precisa de mim não, mas se ela me ama como diz, ela vai sofrer e eu quero isso pra ela não, não quero ela chorando em velório meu e nem ela tendo que me visitar em cadeia, então eu tomo cuidado porque nunca vou sair da minha vida errada não e nem é porque eu não quero e quando se entra pô, sai mais não e isso é regra no crime, ou no caixão ou pra cela, é lei, não tem como sair dessa porra não e eu me conformei com isso, gosto da minha favela e dou meu sangue por ela.

Tava quase chegando no morro, quando vejo os cana, caralho fudeu, tô com droga nenhuma não e minha arma, nem os melhores vão achar, meu carro é equipado pô, sou bandido mas não sou burro.

- Documento do carro e desça - o cana fala com a cara de quem já tinha tirado suas conclusões, eu era bandido

- Tá aí chefe - entrego os documentos e saio do carro, ele faz sinal pros outros revistarem o carro

- um cara de bandido dessa, deve ter os bagulho aí

- tem não tio, sou pai de família, pode revistar aí

- se não tiver e eu quiser que tenha, vai ter tu ta ligado né

Vejo os cana terminando a revista e encontraram porra nenhuma, eu sabia pô

- Toma cuidado na tua vida, ladrão

- Oxê, tô orientado nas fita, tem como liberar aí, tenho mulher grávida em casa pô

- cuidado pra não fazer a coitada ir te visitar na gaiola, porque nem todos os policiais são bonzinhos, se for gostosa então

- Respeito aí porra, só quero cola carai

- Vamos dar um rolê - fala me botando no camburão

Me pegou no erro, desacato, essas porra atenta porque sabe que eu sou do corre, mesmo que não saibam com quem tão mexendo, são tudo uns filho da puta, se eu pego, meto pipoco

Num pulo chegamos na delegacia, ele me bota numa cela, dizendo que o delegado, logo ia falar comigo

- Dale muralha, fizesse o que parceiro ? - fala um preso que acho que já foi um noia que colou lá no morro

- Desacato pô, dá em nada

- cuidado vi, eles tão com pistas do Alemão

- tem x9?

- sei não pô, mas que tão ligado nas fita, tão.

- De boa, tu vai sair daqui quando?

- só fui pego comprando pô, o traficante correu, vou jaja

- Cola no morro, avisa a Matarindo das fita, manda ele desenrola um advogado lá

- De boa

Duas horas nesse inferno, o guri meteu o pé, tem umas meia hora, tô puto já, Natália ainda deve tá dormindo, aquele caralho, tem um sono do carai, espero que não deixem ele nervosa, isso vai dar em nada não, ninguém sabe quem é o dono do alemão não, sei fazer meus corre.

- O delegado quer falar contigo - fala um cana

Me levanto e ele me guia até a sala do delegado

- preso por que parceiro ?

- o cana lá veio de onda pro meu lado, achou nada no meu carro, sou pai de família, tava indo buscar minha mulher pros bagulho de pré Natal, tio.

- uma testemunha fez um retrato falado de um gerente da boca principal do alemão, e tu bate certinho com a descrição

- pois então chama a testemunha tio, se for eu mesmo, pode me levar em cana

Olhei pra cara dele e logo o celular que tava na mesa tocou, ele falou uns bagulho lá

- Tua advogada chegou - falou e vejo uma mulher de uns 26 anos entrando - novinha né - o delegado fala

- Novinha, mas formada e passada na OAB, quero saber quais são as denúncias contra o meu cliente ?

- desacato

- Só isso? fiança, quanto ?

- Como, não... - ela interrompe o mesmo

- Sou advogada, senhor delegado, sei os direitos do meu cliente, e desacato se tem fiança, diga logo quanto é ?

Ela desenrola os bagulho rapidinho, a bicha é desenrolada, braba que só o carai, passo no bagulho e me dão minha carteira e chave do carro.

- a gente vai se trombar ainda - fala o policial que me prendeu

- cuidado pra não ser na minha quebrada - falo baixinho no ouvido dele e vejo ele tremer na base

Saio de dentro da delegacia e a advogada tá do lado de fora falando no celular

- Ele tá fora já, Julie, confia em mim que é sucesso, de boa, precisando, beijo amiga - ela desliga o celular

- Teu nome

- Alice, satisfação, sou amiga da Julie, mulher de PH, precisando, é nós

- te devo quanto ?

- Teu amigo me pagou

- Matarindo?

- Não pô, PH, ele mandou dizer que foi pela vida dele que tua mulher salvou, fiquei sabendo dessa história

- É nós - odeio falar da minha vida, nem conheço ela, vai que ela tem fita errada

Entrei no meu carro e meti o pé pro morro, era umas 20:30, vai se fuder, cheiro de cadeia da porra, sai tão cheiroso de casa porra, só pra me fuder.

Passo a barreira e formiga tá lá

- Dale chefe, tudo tranquilo?

- De boa, só mais uma tarde na delegacia

- normal né

- claro, vou colar lá, fé aí

- fé

Subo o morro e vou direto p casa, entro em casa e tá a cambada toda na sala

- Alguém morreu foi ? - perguntei

- A gente tava preocupado porra - Elisa

- te acalma, fui pego com nada não, sei me cuidar carai

- mesmo assim porra, tu tem família - Gabi

- Fudeu, cadê Natália ?

- Tá deitada, ela passou mal - Matarindo falou

- porque não falou isso logo porra - subo nas pressas

Sabia que ela tinha passado mal por minha causa e odiei saber disso, nunca vou querer que ela sofra por mim não porra, não mais.

- Natália ? - falo mexendo nos cabelos dela que logo despertar

- Aí meu deus muralha, tive tanto medo

- Fica de boa, sou bandido mas não sou burro, confia

- mesmo assim, o que seria de mim sem tu ?

- a mesma mulher forte que é, tu ia conseguir se manter

- Eu tô falando de porra de dinheiro, Enzo

- Tá falando de quê mulher ? - eu sabia, mas queria ouvir ela dizer

- Eu te amo porra, como eu ia viver sem tu ? porra, a gente vai ter cria pô, a gente tem um bebê vindo, que porra eu ia fazer sem tu ?

- Eu sempre vou voltar pô, tu e esse bebê é o motivo de eu ter cuidado, fica tranquila - dou um beijo na mesma

Eu não podia mais viver sem essa porra mais não.... sou tão dependente dela, se eu disse que nunca tinha me viciado em nada, eu tiro o que disso, sou viciado nessa mulher.

Desço minhas mãos até a bunda dela, porra já tava c um puta tesão

- nada disso, temos uma aposta - ela fala se afastando

- caralho Natália

- pra aprender a não me deixar nervosa

- porra - vou pro banheiro tomar um banho frio - tu me paga caralha

tomo meu banho pra tirar essa caatinga de cadeia.

NATALIA - Narrando

Na moral quando falaram que ele tinha sido preso não soube o que fazer, não que eu precise de muralha pra viver em questão de coisas materiais, mas preciso dela em questões emocionais, eu amo ele demais pra me imaginar sem ele, sei que tenho que me acostumar com algumas notícias, mas nunca tinha escutado que ele havia sido preso, foi literalmente um baque pra mim

- Fica tranquila Natália, foi b.o pequeno, ele Logo cola aí - Elisa fala

- Por que tu não começou com isso caralho ? - Matarindo fala encarando ela que dá um sorriso sem graça

- sei lá porra, tava nervosa - fala abraçada com Ana Júlia

- É burra mesmo, nunca vi, sabe nem dá recado - Ana

- até tu mulher - Elisa

- claro, quase que mata Natália do coração porra

- vacilei, desculpa

- por que ele foi preso? - pergunto

- Desacato, mas Julie mandou advogada pra lá já - Gabi fala com Lucca no colo

- Porra, ele não consegue ficar calado não

- Parece tu - Aghata fala p Elisa

- Por isso a gente é irmão

- vou pro meu quarto, tô passando mal

- Vou manda Catarina fazer alguma coisa pra tu comer - Ana fala indo p cozinha

- Valeu aninha

Subo pro meu quarto e logo Catarina chega c a comida, deixa lá e logo sai. Tava muito aflita e não taca conseguindo comer de jeito nenhum.

Não sabia o que seria de mim sem muralha, mesmo sabendo que ele não iria ficar preso, fiquei muito nervosa, sou muito dependente dele, nunca fui dependente de ninguém, mas dele, eu sou, dele e da nossa baby.

- Nana, tu comeu ? - Aghata chega no quarto

- tô comendo amor

- Dinda mandou tu comer tudinho

- Tá certo meu amor

Ela se deita do meu lado e fica falando com Matheus, enquanto via alguns passos de balé no YouTube

- tu tá gostando da escola Aghata?

- tô sim, vou fazer apresentações já

- você sabe que se eu pudesse, eu iria estar lá né ?

- Sei sim nana, mas eu vou fazer um no Brasil também e tu vai

- Vou sim, na primeira fila, estarei eu - ela sorri e aquilo me acalma de uma forma

Ela me distrai e eu logo termino de comer tudo, me escoro e sinto o sono me levar, tava cansada demais e minha cabeça tava estourando

Acordei com Muralha mexendo no meu rosto e sabe quando brota um sorriso do nada em você, foi o que aconteceu comigo...

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