Parte 1...
Anelise observou a chuva lá fora.
Já chovia forte há mais de um mês. Aracaju é uma cidade plana, mas sempre sofre com chuvas fortes e constantes nessa época do ano. Algumas ruas ficavam alagadas e haviam bairros que se tornavam verdadeiros rios, causando confusão e prejuízos para muitos moradores.
Ela estava aborrecida e estressada.
Toda essa chuva constante só fazia seu humor piorar. Nos últimos dias a chuva não dava uma folga, parecia que era um presságio do que estava por vir aí.
Andava de um lado para outro, braços cruzados, olhar perdido em pensamentos. Do outro lado da sala Hugo a seguia com os olhos, preocupado com sua saúde física e emocional.
Anelise estava muito pálida e bem mais magra. Nos últimos tempos ela vinha carregando muita pressão nos ombros magros e delicados, o que a deixara doente algumas vezes.
Ela estava com vinte e seis anos de idade, mas com tanta experiência de vida quanto uma mulher de quarenta. Tinha aprendido muito. Talvez tivesse até mais experiência.
Já passara por tantas coisas na vida e trazia dentro de si um grande sofrimento. Poucas mulheres conseguiam se recuperar e manter a mente sã. Cada um tinha seu caminho e o dela tinha sido muito difícil de percorrer.
Mas sempre foi esperta e inteligente e conseguiu ver o lado bom de cada coisa, usando isso ao seu favor. Tinha uma capacidade muito grande de se adaptar e aprender.
Ela era uma mulher forte, importante e poderosa.
Há anos ela era Anelise Medeiros Ferroso, presidenta da Ferroso Incorporações. Uma CEO que dominava um conglomerado de empresas multinacionais que mexia com diversos ramos alimentícios. Seu ponto forte era a exportação de carnes para o mercado estrangeiro, entre outros tipos de alimentos.
Tinha uma pasta grande de clientes em vários países. Outras empresas que seguiam seus conselhos e orientação ainda que ela fosse uma mulher e jovem nesse meio.
Sua capacidade era visível e mesmo quem tinha algum tipo de preconceito diante da questão dela ser uma CEO no meio masculino, não podia negar sua alta taxa de acertos.
Anelise já ocupava o cargo há três anos, desde que o marido adoecera gravemente. Foi subindo no conceito dos acionistas aos poucos, diante de seu bom trabalho, aprendido com muito esforço e dedicação para agradar o marido.
Muito diferente do passado, ela agora era uma mulher madura, astuta e de pulso firme. Era uma excelente negociadora e seu talento foi estimulado e alimentado pelo marido, agora falecido.
Estava viúva há um ano e seguia os mesmos passos do marido, assim como ele havia lhe ensinado. Talvez até fosse mais bem sucedida do que o próprio.
Muito antes de sua doença o consumir, Haroldo já a iniciara e muito bem, nas negociações do conselho de acionistas. Ela tinha aprendido como lidar com cada um e mantinha-se alerta.
Ele até mesmo a colocou para fazer um treinamento de leitura pessoal com um especialista, para que aprendesse a lidar com os mais diferentes tipos de pessoas que faziam parte de seu mundo.
Quando Haroldo morreu, os acionistas não puderam e nem tiveram como impedir que ela continuasse na direção das empresas. Além dele ter deixado tudo acertado para isso, os lucros eram altos, as vendas só aumentavam e o nome do grupo Ferroso Incorporações era bem visto no mundo dos negócios.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Nosso Passado
O poder do perdão é algo muito poderoso é realmente libertador......
Essa coisa de que ela tem q ficar persuadido ele como se ela fosse mãe e ele filho, tá um porre. Homem pode ser machista, liberal, idiota ou o q quiser, mas infantil e inconsequente não dá, pq o azar é dele, mulher não tem q ficar adulando infantilidade....