Parte 6...
Ele a encarou em silêncio. Não importava mais se ela tinha escrito a carta, se tinha ligado. Já estava a par de tudo, das mentiras, da sujeira que fizeram com ela e que ele tinha participado também, querendo ou não.
A dor começou a incomodá-lo de novo. Sentia as pernas formigarem, pesadas. Os olhos ardiam e a cabeça latejava.
— Não consigo mover minhas pernas - reclamou baixo.
— Tenha calma. O acidente foi grave - disse suave, o encorajando — Daqui a pouco estará de pé. Ainda está fraco e tem que esperar a coluna melhorar por completo. O médico virá amanhã para vê-lo. Não se preocupe tanto. Relaxe a mente.
— Não está mentindo pra mim, está? - ele insistiu.
— Não - apertou seu braço — Tenho certeza de que vai sair dessa - se inclinou para ele — Seu filho gosta muito de jogar bola e de basquete.
Ele assentiu com um sorriso pequeno. Precisava sair daquela cama para ter mais tempo com seu filho.
— E depois disso, irá embora?
— Provavelmente.
— Quando desconfiei que havia algo errado fui atrás de você e não a achei - disse amargo — Logo depois Jonas e Novaes sumiram também. Acabei desistindo... Desculpe. Eu deveria ter tentado mais - engoliu pesado.
Eles ficaram calados um instante, cada um absorvendo a verdade do outro. Mathias segurou sua mão e a olhou carinhoso.
— Vem cá... Por favor!
Ela deu um suspiro longo e se ajeitou com cuidado ao lado dele e deitou a cabeça em seu ombro. Era bom ficar ali.
— Como foi o parto? - alisou seu braço com os dedos.
— Difícil.
— E porque?
— Eu ainda estava deprimida e minha pressão caiu muito - revelou — Haroldo estava comigo e ficou ao meu lado me dando força, falando comigo. Infelizmente tive que fazer uma cesariana - ergueu o rosto e o encarou — Percebe o quanto ele me mudou? - disse emocionada — Se não fosse por ele, talvez eu não tivesse meu filho comigo hoje.
Ele ficou tocado com o que ela disse. Nem se quisesse ele poderia odiar aquele homem, apesar de sentir ciúme. Ele fez por ela o que ele mesmo deveria ter feito.
A sensação de vergonha foi grande. Beijou sua cabeça demoradamente e a apertou com cuidado contra si. Gostaria de estar bem para abraçá-la com força e lhe mostrar que sentia medo de perdê-la novamente.
— É errado que eu sinta desejo por você agora? - ofegou e subiu a mão, tocando sem jeito em seu seio.
— Não seja assanhado agora, Mathias. Está machucado - retirou a mão dele.
— Pelo menos consigo sentir algo e me excitar - seu membro pulsou — Vê o que você me faz? Se eu ficar aleijado, pelo menos isso vai funcionar - tentou fazer piada.
— Não diga besteiras. Vai ficar bem - sentou de novo.
— Se eu ficar bom de novo, quero fazer amor com você.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Nosso Passado
O poder do perdão é algo muito poderoso é realmente libertador......
Essa coisa de que ela tem q ficar persuadido ele como se ela fosse mãe e ele filho, tá um porre. Homem pode ser machista, liberal, idiota ou o q quiser, mas infantil e inconsequente não dá, pq o azar é dele, mulher não tem q ficar adulando infantilidade....