Nosso Passado romance Capítulo 110

Parte 6...

Ele a encarou em silêncio. Não importava mais se ela tinha escrito a carta, se tinha ligado. Já estava a par de tudo, das mentiras, da sujeira que fizeram com ela e que ele tinha participado também, querendo ou não.

A dor começou a incomodá-lo de novo. Sentia as pernas formigarem, pesadas. Os olhos ardiam e a cabeça latejava.

— Não consigo mover minhas pernas - reclamou baixo.

— Tenha calma. O acidente foi grave - disse suave, o encorajando — Daqui a pouco estará de pé. Ainda está fraco e tem que esperar a coluna melhorar por completo. O médico virá amanhã para vê-lo. Não se preocupe tanto. Relaxe a mente.

— Não está mentindo pra mim, está? - ele insistiu.

— Não - apertou seu braço — Tenho certeza de que vai sair dessa - se inclinou para ele — Seu filho gosta muito de jogar bola e de basquete.

Ele assentiu com um sorriso pequeno. Precisava sair daquela cama para ter mais tempo com seu filho.

— E depois disso, irá embora?

— Provavelmente.

— Quando desconfiei que havia algo errado fui atrás de você e não a achei - disse amargo — Logo depois Jonas e Novaes sumiram também. Acabei desistindo... Desculpe. Eu deveria ter tentado mais - engoliu pesado.

Eles ficaram calados um instante, cada um absorvendo a verdade do outro. Mathias segurou sua mão e a olhou carinhoso.

— Vem cá... Por favor!

Ela deu um suspiro longo e se ajeitou com cuidado ao lado dele e deitou a cabeça em seu ombro. Era bom ficar ali.

— Como foi o parto? - alisou seu braço com os dedos.

— Difícil.

— E porque?

— Eu ainda estava deprimida e minha pressão caiu muito - revelou — Haroldo estava comigo e ficou ao meu lado me dando força, falando comigo. Infelizmente tive que fazer uma cesariana - ergueu o rosto e o encarou — Percebe o quanto ele me mudou? - disse emocionada — Se não fosse por ele, talvez eu não tivesse meu filho comigo hoje.

Ele ficou tocado com o que ela disse. Nem se quisesse ele poderia odiar aquele homem, apesar de sentir ciúme. Ele fez por ela o que ele mesmo deveria ter feito.

A sensação de vergonha foi grande. Beijou sua cabeça demoradamente e a apertou com cuidado contra si. Gostaria de estar bem para abraçá-la com força e lhe mostrar que sentia medo de perdê-la novamente.

— É errado que eu sinta desejo por você agora? - ofegou e subiu a mão, tocando sem jeito em seu seio.

— Não seja assanhado agora, Mathias. Está machucado - retirou a mão dele.

— Pelo menos consigo sentir algo e me excitar - seu membro pulsou — Vê o que você me faz? Se eu ficar aleijado, pelo menos isso vai funcionar - tentou fazer piada.

— Não diga besteiras. Vai ficar bem - sentou de novo.

— Se eu ficar bom de novo, quero fazer amor com você.

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