Parte 3...
Quando ela passou em frente do quarto de Mathias, a porta estava entreaberta e ele a chamou.
— Vai poder falar comigo agora ou vai continuar se escondendo? - perguntou em meio sorriso.
— Não estou me escondendo, Mathias. Tenho muito a fazer e é complicado da forma como estou... Preocupada.
— Preocupada comigo?
— Também... Mas é sobre outros assuntos mais importantes.
— Você parece cansada - ele comentou — Por que não dorme um pouco? - bateu no colchão.
O coração dela acelerou um pouco. Realmente estava cansada, de todas as formas, mas ela estava mais preocupada era com a reunião na própria empresa, onde iria desmascarar Hugo.
— Eu vou para o quarto...
— Não, por favor... Fique aqui comigo - estendeu a mão que ela pegou — Prometo que não vou ficar te enchendo para termos sexo... Bem, não por enquanto - riu — Eu tenho que ficar ainda cem por cento, antes de travar minha coluna novamente tentando parecer um garanhão para você.
Ela gargalhou e ele a puxou para um abraço. Anelise estava cansada, deitou a cabeça em seu ombro.
— Que milagre você estar assim, calmo.
— É que tive um bom tempo para pensar - beijou sua cabeça — E tive um bom conselheiro.
— Quem? - franziu a testa.
— Alan.
— Alan? Meu filho, Alan? - ela estranhou.
— Nosso filho - ele corrigiu — Sabe que fiquei impressionado com o modo adulto dele me questionar?
— É... - ela sorriu — Ele tem esse jeitinho especial.
— Eu tenho que cumprir uma promessa que fiz a ele.
— Qual? - perguntou em murmúrio.
— De que eu nunca mais iria perdê-lo outra vez.
Anelise sentiu os olhos marejarem de imediato. A vontade de chorar que estava acumulada ficou mais forte nesse instante. Era bem a cara de seu filho, ser direto em seus questionamentos.
Mathias a apertou nos braços, sentindo que estava emocionada. Ele também estava. Não era fácil para nenhum deles.
— Eu peço perdão... Por não ter sido o homem que você queria... Por não ter dado a você o que merecia... - sua voz estava pesada — Por ter me deixado envenenar pela maldade de minha família e ter estragado sua vida toda.
Ela chorou um pouco, aliviando o cansaço e o peito. Ergueu o rosto para ele.
— Não estragou toda minha vida - tocou seu rosto — Me deu um filho lindo, inteligente e muito amoroso.
— Fico feliz com isso - mordeu o lábio.
— As coisas não deram certo porque não teriam que dar. Eu sei disso hoje - suspirou — Começamos errado, sem prestar atenção a nada, eufóricos... - secou uma lágrima — E não fomos verdadeiros com o que queríamos um do outro. Isso foi o maior erro. Por isso foi fácil para sua mãe nos afastar.
— Será que pode me perdoar?
Ela fez que sim, engolindo em seco e o beijou. Foi um beijo lento, carinhoso, cheio de emoção. Inesperado. Para ambos. O momento apenas aconteceu.
— Eu me tornei um cínico com as pessoas por causa do casamento de meus pais - enrolou um dedo em seu cabelo — Eu achava que era algo ruim, de fachada, que nunca iria mesmo me casar, a não ser que fosse apenas necessário - encheu o peito de ar e soprou lento — Mas perder você mudou muita coisa. Algumas para pior, eu sei - riu baixinho — Caí em vícios que não tinha antes, cometi novos erros, fiquei grosseiro, relaxado... Me perdi, eu acho!
— E o que mais seu conselheiro lhe disse?
— Que eu deveria cuidar melhor de você - beijou sua testa sorrindo — Ele diz que a mãe é a mulher mais importante para ele e depois a irmã... Garoto sábio - riu — E que ele agora tem dois pais. Um que está aqui e outro que foi para lá - apontou para cima.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Nosso Passado
O poder do perdão é algo muito poderoso é realmente libertador......
Essa coisa de que ela tem q ficar persuadido ele como se ela fosse mãe e ele filho, tá um porre. Homem pode ser machista, liberal, idiota ou o q quiser, mas infantil e inconsequente não dá, pq o azar é dele, mulher não tem q ficar adulando infantilidade....