Parte 9...
— Anelise, se não se chatear que eu diga, espero que fique atenta ao seu cunhado. Desculpe me meter - ele disse de forma preocupada — Não consigo confiar nele, está tendo uma atitude esquisita ultimamente.
Ela riu. Felipe era muito observador e a pessoa mais desconfiada que ela conhecia, mas devido o seu trabalho, isso era normal.
— Lembra do que sua avó dizia, sobre gente e animais?
— Bem, mas nesse caso você tem que considerar que uma cobra píton, uma caranguejeira e dois camaleões, são meio complicados de aceitar - quis rir.
— E um gato, não se esqueça.
— Ah, é mesmo - ela riu — E agora temos um gato. Ele só está com medo, é isso.
— Pode ser, mas ainda assim vou ficar de olho nele.
— Ok - ela deu uma risadinha — Pode ficar, eu agradeço.
Eles conversaram mais um pouco sobre os assuntos da casa e dos filhos. Felipe fazia quase que um relatório. Depois ela acertou a vinda dele até a casa da avó para trazer algumas coisas que iria precisar e também documentos.
— As crianças já vão deitar, Alan quer falar com você de novo - ele disse com o garoto ao seu lado.
— Está certo, acho que já falamos sobre tudo hoje.
Ele se despediu e passou para Alan.
— Mamãe - ele bocejou — Eu já vou dormir.
— Durma bem, amor. Mamãe te ama muito - disse carinhosa.
— Eu te amo muito mais - ele respondeu dengoso.
— Mas eu te amo muito, muito.
— E eu te amo muito, muitão, demais.
Ela sorriu saudosa e emocionada com o filho. Eles faziam esse joguinho de quem ama mais desde que ele era bem pequeno e ela sempre o deixava ganhar.
— Quando você vem, mamãe? Estamos com saudades de você - Alan disse sonolento.
— Eu também, meu amor, estou com muita saudade.
Anelise se despediu do filho combinando de se verem em breve e pretendia cumprir sua promessa.
Ela foi tomar um banho para depois comer algo. Enquanto a água morna descia por seu corpo, ela pensava em como seria sua vida se nunca tivesse fugido da cidade.
Com toda certeza ela não seria a pessoa que é agora e nem teria a vida tão cheia de responsabilidades e facilidades ao mesmo tempo. Se tivesse se casado com Mathias não teria sido tão amada como foi com Haroldo. Ou seria?
A vida era cruel muitas vezes e também muito generosa em outras. Era difícil até de entender e um pouco irônico também. Ela tinha perdido tanto, entretanto ganhara tanto por outro lado.
Tinha Alan e Bianca para encher sua vida de alegrias. Ambos vieram de homens que ela havia amado. Estava com a mente cheia de pensamentos conflitantes e ninguém para conversar e distraí-la de seus sentimentos.
Foi até a cozinha perdida em seus pensamentos e preparou um mingau de aveia com chocolate e foi para o quarto da avó, onde ficou até tarde, pensando na vida e se sentindo sozinha, com um aperto no peito por estar ali sem a presença da avó.
A imagem de Mathias estava presente também, mas era de Haroldo quem sentia mesmo a falta e saudades.
Quando deitou ficou rolando de um lado para outro sem pregar o olho. Ligou a tevê e marcou o tempo para que desligasse sozinha e se ajeitou, vendo um filme antigo reprisado que gostava muito e já tinha começado.
Isso iria distrair sua mente um pouco.
Autora Ninha Cardoso
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