O Amor Anunciado do Herdeiro Indiferente romance Capítulo 85

Eu pensava que a discussão com Carlos Rodrigues havia encerrado aquele constrangimento, mas a verdade provou ser apenas ilusão da minha parte.

Assim que desembarquei, Carlos Rodrigues me barrou na saída. Ao me ver com uma expressão fechada, ele tentou apaziguar a situação segurando minha mão com aquela familiaridade e doçura.

“Larissa, tenho estado de cabeça quente ultimamente, um pouco irritado, por favor, tenha paciência comigo.”

Retirei minha mão.

“Vá para casa.”

A viagem longa já havia consumido todas as minhas energias. Precisava de descanso e não queria desperdiçar forças.

“Espera, meu tio ainda não saiu.”

Carlos Rodrigues segurou meu ombro com firmeza, fazendo-me encostar em seu peito, enquanto se apossava de minha mala de viagem com um gesto possessivo.

“Ele é um ancião, por respeito e senso comum, devo pedir desculpas.”

Suas palavras, embora simples, suavizaram a tensão em meu rosto.

Nós dois esperamos juntos pela saída de Ricardo Rodrigues.

Não demorou muito para que Ricardo aparecesse, trajando um sobretudo bege que, de alguma forma, suavizava seu ar distante e quase inacessível.

Com quase dois metros de altura, seus membros longos e esguios faziam dele a personificação de um protagonista refinado de mangá, atraindo olhares admirados por onde passava.

Ele, aparentemente acostumado com a admiração, caminhou em nossa direção sem desviar o olhar.

“Tio.”

Carlos Rodrigues o cumprimentou com respeito.

Ricardo Rodrigues olhou para ele com um traço de ironia quase imperceptível e rapidamente desviou o olhar, acenando com a cabeça como resposta.

“Está melhor?”

A voz do homem, ainda que distante e contida, carregava uma preocupação subjacente que não podia ser ignorada.

Antes, eu poderia ter ficado curiosa sobre por que a relação dele com o tio era tão ruim.

Mas agora, prestes a deixar a família Rodrigues, esses segredos de família não me interessavam mais.

“Carlos Rodrigues, devemos ir.”

Ele voltou a si quando pronunciei as palavras, tentando segurar minha mão enquanto arrastava a mala, mas eu me esquivei.

“Não precisa ser assim, seu tio já foi.”

Ele pareceu magoado com minha reação, olhando para mim com um ar de tristeza.

“Larissa, eu não queria fazer cena na frente do tio.”

“Não importa mais.”

Nós saímos do aeroporto, um seguido pelo outro. Acenei para um táxi e, me voltando para Carlos Rodrigues, disse: “Nos próximos dias, vou ficar na casa da Nilza Guerrero. Como você viu, sempre que nos encontramos, acabamos discutindo. Talvez seja melhor darmos um tempo.”