— Compreendo, senhor Smith. Não se preocupe, prometo que terá a chance de conversar melhor com Thea. —
O bom clima que se estabelecera entre James e Gladys nos últimos tempos não poderia mesmo durar muito. No fim das contas, alguma situação trazia de volta ao horizonte da matriarca a importância que dinheiro tinha naquela cidade e naquela vida de quase-Callahan que viviam. James era só um veterano aposentado que afirmava conhecer gente influente. De tempos em tempos, a chefe da família se lembraria de que a vida seria muito melhor para eles se Thea se casasse com alguém influente.
Yoel era herdeiro dos Smith e sua família era dona de negócios muito relevantes na região. Thea poderia conhecer o rapaz e, de fato, encantar-se por ele. Um casamento da moça com um Smith seria mil vezes melhor do que continuar casada com James. De qualquer maneira, ainda que de dispusesse a desprezar isso, Gladys precisava considerar o contexto imediato, acima de tudo. Embora David fosse um inútil, ainda era seu filho, então ela não podia ficar parada enquanto o rapaz estava em uma situação de perigo extremo. Se essa era a condição que Yoel impusera, não restava muito para negociar.
— O que me diz, Thea? — Yoel intimou a moça.
Pensar no que o irmão estaria sofrendo nas mãos de Xander a assustava. O homem era um verdadeiro gangster, sem receio nenhum de comentar um crime ou se envolver com negócios ilegais. A tentativa de limpar os negócios era apenas para facilitar a vida, agora que já enriquecera muito à custa até da vida dos outros. Considerando tudo isso, as chances de David eram péssimas.
A esperança que surgiu para a família depositava-se, realmente, na relação entre os Smith e Xander Lawrence. Yoel alegava que seu pai tinha algumas conexões financeiras com o homem, e que até jantaram juntos. Além disso, o Smith esperava que o mafioso fosse razoável com ele, porque o dano foi apenas na traseira do carro e, de fato, aquilo não era grande coisa. Acreditava que seu pai pudesse simplesmente conversar com Xander e o compensar com algum dinheiro, resolvendo o problema. Para Yoel, aquilo soava como um investimento em troca de Thea.
— Mãe, eu sou casada. — a moça nem respondeu diretamente ao rapaz.
Gladys, nervosa com a situação do filho, ergueu a mão e esbofeteou Thea.
— E daí que você é casada? É um esforço tão grande assim pelo seu irmão? De onde vai tirar o dinheiro que o bandido pediu? — a mulher berrava.
As marcas dos dedos de sua mãe queimavam no rosto de Thea, que estendeu a mão e cobriu o rosto, enquanto as lágrimas brotaram em seus olhos.
— Thea, você tem ideia de quem é Xander Lawrence? Você sabe como ele construiu sua fortuna? Aquele homem tem sangue de muita gente em mãos, e boa parte era gente inocente, que não fazia mal a ninguém. É o tipo de criminoso que liquida qualquer um que o incomode, entende? Já sumiu com gente de jeito que ninguém achou o corpo. Já deixou algumas pessoas tão quebradas que ficaram irreconhecíveis. Ele pode fazer isso tudo e sair impune porque tem ligação com gente corrupta na polícia, gente que faz negócios através dele. A coisa é barra pesada. —
— Meu Deus! — Thea ficou horrorizada ao ouvir aquela história.
Yoel percebeu como poderia usar o medo como instrumento de influência e, adorando sentir que assim teria algum poder sobre Thea, complementou:
— Para ser honesto, eu não tenho certeza se Xander deixará David ir, mesmo depois de receber dinheiro. Pelo que me contaram, ele se sentiu ofendido... Quem o ofende nunca acaba bem. — continuou, disposto a pressionar a família.
— Thea, deixe de ser egoísta! Pense no seu irmão! — Gladys se juntou a Yoel. — Você quer que eu me ajoelhe e implore? — a matriarca disse, segurando lágrimas, mas queria puxar a filha pelos cabelos e a obrigar a fazer o que Yoel pedisse.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O Lendário Dragão General
Bom dia, muito top a leitura, quando serão lançados novos capítulos. grato....