O Padrinho(Triologia Ella Monteiro) romance Capítulo 24

Depois de passar na farmácia, seguimos para o escritório, nossa é enorme, tem várias salas, uma vez que abrange todas as áreas de advocacia.

Logo na entrada, ele já parou para falar com as recepcionistas, são duas.

-Bom dia Elaine, bom dia Mirela

-Bom dia dr Piter. Responderam juntas

-Essa aqui é a Melissa, minha namorada, ela vai trabalhar aqui com a gente a partir de segunda-feira.

-Muito prazer Melissa, seja bem vinda. Falou uma seguida da outra.

-O prazer é meu, obrigada.

-Preciso que providenciem um crachá de estágio para ela, uma vez que como está estudando, não vai trabalhar em período integral.

-Ok, providenciarei tudo. Preciso da sua documentação para passar para o RH.

-Sim, claro.

Após entregar os documentos, subimos e ele foi me levando nas salas e apresentando os advogados, são quinze salas ao total, com advogados criminais, cíveis e trabalhistas.

Ao chegar na sala da Raquel, o Pitty voltou a me apresentar como namorada dele.

-Bom dia !

-Bom dia Piter. Respondeu a mulher, que aparenta ter por volta de uns 45 anos e tem semblante simpático.

-Essa é a Melissa, minha namorada, ela vai estagiar com a gente e eu vim apresentá-la a você.

-Olá Melissa, seja muito bem vinda.

-Obrigada.

O John não estava, tinha ido ao fórum, então fomos para sala do Pitty, uma sala grande, bem decorada, ele ligou na recepção e pediu para ser providenciada uma mesa na sua sala.

-Eu vou ficar aqui com você ?

-Claro meu anjo.

-Que honra, a estagiária na sala do chefe.

-É para você se acostumar, pois quando se formar, vai dividir essa sala comigo.

-Você é demais Pitty. Falei me aproximando dele.

Ele me beijou e logo em seguida disse rindo:

-Porém acho melhor você manter a distância, pois perto de você não consigo me controlar.

-Vou me comportar, prometo.

Ele sentou atrás da mesa dele e eu sentei na frente.

-Pitty, você ainda não me contou, o que disse que tinha pra contar.

-Acho melhor te contar em casa...

-Nossa, estou ficando preocupada, é tão sério assim ?

-É delicado....tá bom, eu vou te contar.

-Ok

-É o seguinte, eu conheci seus pais quando comecei a namorar com a sua tia Léa. Eles também tinham acabado de começar a namorar, e a amizade foi instantânea, saíamos juntos, época de faculdade, eu já morava sozinho, então sempre fazíamos janta em casa, íamos paras festas e tal.

-Você já era muito apegada a mim, eu não podia deixar de ir te ver, mas tive que dar uma maneirada. Porém quando eu recebi a proposta de mudar de estado e vir trabalhar aqui, comentei com seu pai, e no dia seguinte, sua mãe me ligou, disse que precisava falar comigo, um assunto sério e perguntou se podia passar na minha casa.

-Minha mãe ?

-Sim... Marquei com ela as 17:30h, que era a hora que eu chegava em casa do trabalho, achei que fosse algo com a Léa, ou sei lá o que, mas não esperava o que aconteceu.

Meu coração disparou nessa hora.

-Cheguei em casa e ela chegou logo em seguida, entrou, e disse que não podia demorar, nós sentamos na sala e eu perguntei sobre o assunto...

-Espera...deixa eu pegar um ar. Falei suspirando fundo...

-Foi aí que a sua mãe me disse que era apaixonada por mim, desde aquele beijo há mais de dez anos atrás, e me pediu uma chance... Disse que podíamos ir embora juntos, já que você me adorava, não teríamos problemas de readaptação com você.

-Espera aí, a minha mãe te propôs de vocês ficarem juntos, traindo meu pai e minha tia.

-Mais ou menos isso Mel....eu falei pra ela que estava fora de qualquer cogitação isso, ela chorou, disse que não devia ter me procurado e foi embora. Depois disso, eu não conseguia mais agir como antes, passei a ir só no seu aniversário e as vezes no natal, para não ter que ficar muito próximo da sua mãe.

-Então no período que você deixou de ir em casa, não foi por causa da mudança de estado, foi por causa dela.

-Exatamente, achei melhor assim, ela nunca mais me procurou, depois veio a oportunidade de mudar de país, eu fiquei mais quatro anos fora, achei que tinha passado, já se passaram oito anos desde que ela me falou que era apaixonada por mim.

-Eu tô bege, então esse desespero dela não é por causa da minha tia, e sim por ela mesma.

-Eu não sei, mas pode ser, porque a Léa, depois que casou, nunca mais deu qualquer sinal que ainda gostava de mim, quando eu mudei pra Itália, ela me ligou desejando boa sorte, falou que esperava que eu fosse muito feliz nessa nova etapa da minha vida, mas nada além disso, então eu não sei se ela realmente ainda me ama como sua mãe falou pra você, ou se é a sua mãe que não superou o fato de eu dizer não a ela.

- Minha mãe é narcisista, acho que ela não pode suportar imaginar que você possa se interessar por mim, quando não quis ficar com ela.

-Estou te contando porque pode ser esse o motivo que ela está tão relutante de você se aproximar de mim.

-Nem sei o que dizer...respondi atordoada.