O Padrinho(Triologia Ella Monteiro) romance Capítulo 92

Pedi para a Ana Paula não contar nada ao meu pai sobre o ultrassom daquele dia, pois quero contar pessoalmente.

Ela vai fazer um jantar na casa dela para nós e eu já vou aproveitar para contar pro meu pai.

Coloquei um sapatinho rosa numa caixa de presentes com um cartão dizendo: Parabéns, você será vovô de uma menina ! E vou entregar a ele.

Na verdade como ele sempre quis que a minha mãe engravidasse de novo pra ver se vinha um filho homem, e a mesma nunca quis, acho que ele ficaria mais contente se fosse menino, porém eu conheço meu pai, independente disso ele vai ficar muito feliz.

Graças a Deus o Jhon chegou ontem a noite com a Gi, aí a Ana Paula os chamou para ir jantar lá também.

Ela me contou que ao contrário do que pensava, o pai dela não reagiu mal ao relacionamento como ela esperava, ele já sabia e apoiou.

Arrisco a dizer que ela voltou ainda mais feliz da Itália, uma vez que agora está tudo resolvido...da parte dela, porque a família do Jhon ainda não sabe.

É até engraçado, a família de uma menina de 17 anos reage bem e o Jhon um homem de 35 anos, está achando que a família dele não vai aceitar.

Apesar de ser o melhor amigo do Pitty, ele é meio fechado e não fala se tem algum motivo para ele achar que a família não vai aprovar.

Na verdade a mãe e as irmãs, pois o pai ficou nos Estados Unidos depois da separação.

Nem para Gi ele conta porque tem receio de levá-la pra conhecer a mãe dele, mas uma hora vai ter que levar.

-Vamos amor ? O Pitty perguntou surgindo na porta do quarto.

-Eu estou sem roupa pra vestir. Respondi ainda na frente do espelho só de calcinha e sutiã.

Minha barriga cresceu bastante de um mês pra cá e já aparece perfeitamente nas roupas.

-Pois se você ficar na minha frente por mais dez minutos desse jeito, nós vamos chegar muito atrasados no jantar, pois eu vou te pegar de jeito antes de ir.

-Você quer que eu ligue avisando a Ana Paula que vamos demorar ? Provoquei

-Não me provoca menina...Falou já vindo pra cima de mim.

-Não, não, não... É brincadeira. Falei saindo de perto dele.

-Tu começa e não aguenta...você vai ver quando a gente voltar. Disse piscando pra mim.

-Tô com saudade daqueles castigos...se eu derrubar comida no tapete da Ana Paula ou falar de boca cheia será que eu mereço uns tapas ?

Adoro provocar ele.

-Você tem sorte que na sua condição não posso te dar castigos intensos e profundos, mas uns tapas e umas outras coisinhas dá para fazer...

-Saudade dos intensos e profundos...daqueles bem fortes mesmo.

-Mel...tu tá querendo... Falou passando a mão no pau por cima da calça.

-Gosto desse gesto, faz de novo.

Ele fez...vindo até mim.

-Tá no ponto ! Senta aí Melzinha...

Ele desabotoou a calça e o colocou pra fora.

-Vem...dá um beijinho...

-Só um beijinho ?

-Só...mas nele inteiro !

Mal botei a boca e a campainha tocou.

-Puta que pariu....é o Jhon já.

-Vai ter que ficar pra depois. Falei rindo.

-Ah é ? E como é que eu vou lá abrir a porta nessa situação ?

-Espera que eu vou colocar esse vestido aqui e vou lá abrir. Falei.

-Que beleza isso...

-Pensa na dona Matilde do apartamento vizinho, só de calçola e bege ainda por cima que ele abaixa na hora.

-Já baixou...coitado ! Falou rindo.

Fui abrir a porta e realmente era o Jhon, a Gi e...a minha mãe !

-Mãe ?

-Oi Melissa, quero falar com você.

-Mel, ela tava lá embaixo quando nós chegamos, o porteiro pediu para eu trazê-la aqui.

-Tudo bem Jhon, entrem.

-Eu vou chamar o Pitty, pra gente poder conversar no quarto. Falei pra minha mãe.

Mas nem precisou, o Pitty saiu antes de eu entrar.

Nem olhou para o Jhon e a Gi, só enxergou a minha mãe.

-O que tu está fazendo aqui ?

-Vim falar com a minha filha.

-Pitty...tudo bem, me dá um minuto só, a gente já vai tá ?

Ele concordou com um gesto de cabeça.

-Vem mãe. Falei indo para o quarto e ela me seguiu.

-Vocês ainda não montaram as coisas do bebê ? Perguntou.

-Não, nós vamos nos mudar para o andar de cima, o apartamento é bem maior e já tem um quarto para a nossa filha. Falei já contando que é uma menina, mas ela não percebeu.

-E esse aqui ?

-O Pitty vendeu para o Jhon, ele vai morar aqui com a Gi.

-Esse cara é ridículo...

-Porque ? Você nem o conhece...

-Não faça joguinhos Mel, porque tenho certeza que o Piter já te contou sobre a minha viagem a Minas.

Eu percebi que tem algo que eu não sei e disfarcei.

-Sim...claro, eu esqueci.

-Bem, eu não vim aqui para falar disso.

-E então o que te trouxe aqui ?

-Eu quero ir embora pro Nordeste, mas preciso vender minha parte no prédio pra poder ter dinheiro pra ir.

-Para o Nordeste ? porque ?

-Conheci um cara que tem um bar na praia lá, a gente tá junto e ele me convidou para morar lá com ele.

-Você conheceu esse cara aonde ?

-Uma amiga me apresentou...irmão dela.

-Entendi... Mas como eu posso te ajudar ?

-Pede pro seu pai comprar minha parte, ele fica com tudo e de quebra não vê mais a minha cara na cidade...estou sabendo que ele está com outra.

Eu a interrompi...

-Mãe... É menina !

-O que ?

-O meu bebê, é menina !

-Ah tá... Já tem nome ? Perguntou sem demostrar muito interesse.

-Laura.

-Credo, nome de velha !

-É o nome da mãe do Pitty.

-Já entendi.

-Você vai embora sem antes ver sua neta ?

-Me avisa quando ela nascer que eu venho visitar vocês.

-Tá...

-Você vai falar com seu pai ?

-Vou...não garanto que ele vai querer, mas eu falo.

-Se ele não quiser, tu pode pedir para o Piter ?

-Mãe por favor !

-Qual o problema, é um bom prédio, um bom investimento...

-Eu vou ver o que posso fazer.

-Obrigada.

-Ok... Eu te aviso se conseguir.

-Mel...me desculpa ! Eu não consigo ser diferente, sempre no controle, a derrota é muito dura para pessoas como eu que não admitem perder.

-Ainda dá tempo de mudar.

-Não dá, porque eu sou assim, me conheço, nunca vou conseguir conviver com o Piter normalmente, nem com o seu pai.

-E eu mãe ? Você não se importa ?

-Eu amo você Melissa, do meu jeito e vocês não entendem, mas eu amo.

-Desde que eu soube, achei que era ego ferido, ou incapacidade de lidar com a rejeição... Mas talvez não seja só isso... Me responde mãe, você realmente amou o Pitty ?

-Ainda amo...é por isso que eu não posso ficar.

Senti sinceridade nas palavras dela, e pela primeira vez acreditei que ela estava dizendo a verdade.

-Talvez o tempo cure ou me faça acostumar, não sei, a distância não foi capaz de fazer com que nem eu, nem você o esquecesse...não sei se vou esquecer um dia.

-Eu não podia abrir mão da minha felicidade mãe, ele me ama.

-Eu sei...porque se ele tivesse escolhido a mim, eu também não abriria.

-Talvez eu também não soubesse lidar com o fato de ver o Pitty contigo se ele tivesse te escolhido...

-Você saberia, é humilde como seu pai... Bom eu preciso ir embora, se tu puder falar com o Marcelo, eu agradeço...

-Ah parabéns pela sua filha, que Deus a abençoe. Falou pegando a bolsa em cima da cama e saindo do quarto.

Passou pela sala sem falar com ninguém e foi embora.

-Gente, desculpa, eu já estou quase pronta. Falei pra os três na sala já vontando pra dentro do quarto.

Eu não soube o que fazer... O que pensar..

-Ufa... Respira ! Falei a mim mesma, pra tentar acalmar o furacão que estava acontecendo dentro de mim.

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