O Padrinho(Triologia Ella Monteiro) romance Capítulo 97

O tempo está passando rápido demais...a Mel já está com sete meses de gestação.

Nesse último mês ela teve dois aumentos significativos de pressão sem nenhum motivo aparente, então voltamos a agir como no início e verificar todos os dias.

Compramos o aparelho para aferir em casa e a Ana Paula me ensinou como faz, porém nas duas vezes que estava alta, eu achei que tinha feito errado e a levei pra verificar na farmácia e realmente estava alta.

A Ana Paula é muito mais que uma médica pra Mel, ela é uma grande amiga que está cuidando dela o melhor possível.

Na verdade os três casais criaram uma amizade incrível, estamos sempre juntos para o que der e vier.

O novo escritório está ótimo, estamos trabalhando eu, o Jhon, a Raquel, a Gi e a Mel, as duas são as nossas secretarias, porém a Mel é só meio período, pois faz o cursinho de manhã.

A Lídia pelo menos de longe tem sido uma mãe melhor do que de perto, pois após se descabelar ao descobrir que a moça de uma foto que a Mel colocou no face, onde as duas apareciam abraçadas era a namorada do Marcelo, ela melhorou como mãe.

Teve um ataque de ciúmes tanto da Mel, como do Marcelo, pois viu que a Ana Paula é mais jovem e mais bonita que ela.

Desde então tem ligado para a Mel pelo menos uma vez por semana, ainda é pouco para uma mãe que está longe da filha grávida, mas é melhor do que nada.

A danada ainda se deu bem, o tal cara com quem ela está é um velho rico, o bar dele é em Jericoacoara, um dos melhores de lá... O deck do bar é dentro da areia da praia e tem um píer que leva até ao mar, realmente lindo, se nas fotos já é bonito, imagino pessoalmente.

Já estive em Jeri há alguns anos atrás, lugar formidável.

Mas fico pensando no tal homem que está com ela, se ele piscar, leva chifre, pois a Lídia, ao ver pelo facebook, continua terrível.

Mas enfim...eu prefiro ela lá longe mesmo, porque aqui perto só arruma confusão.

Meus ataques de fúria e ciúmes estão bem controlados, pois eu continuo seguindo o tratamento para o distúrbio de TOC a risca, porém confesso que no mês passado, durante um lual na praia que nós fomos, eu tive uma recaída e acabei dando uns esfregas num folgado que ousou cheirar o cabelo da Mel na minha frente, mas não foi nada muito sério não, foi só um esporro para ele deixar de ser folgado.

No geral estou indo bem, nós estamos saindo praticamente todo sábado para dançar, mesmo agora que ela já está com um barrigão, nós continuamos saindo e eu me comporto direitinho.

Hoje mesmo vamos lá no André, nunca mais dei PT lá, vamos direto, pois devido ao fato do dono ser nosso brother, ninguém pede documento para a Gi na hora de entrar.

Estou voltando do supermercado agora, fui comprar carambola para a Mel comer antes da gente ir, pois a fase de desejos ainda não passou.

Chegando em casa, ainda do corredor já ouvi as vozes do pessoal lá dentro, devem estar me esperando pra gente sair.

-E aí galera ! Falei entrando na sala.

-Nossa brother, tu foi apanhar a carambola no pé ? Que demora... Disse o Jhon

-Não tinha aqui perto, tive que ir lá no  Jd. Mira Flores para conseguir comprar.

-Ai amor que dó... Desculpa ! A Mel falou com a carinha da Kali pedindo ração, mas já abrindo a embalagem.

-Não tem problema meu anjo, faço qualquer coisa por você.

-Vamos então ? Já passou da hora. Nos lembrou o Marcelo.

-Vamos nessa !

                      .....

A balada tava muito show, nós já temos até nosso camarote que o André reserva pra gente.

Como a Ana Paula e a Mel não bebem, nós ficamos tranquilos para beber um pouco.

Já é mais de 03:00h da manhã e a Mel pediu pra ir embora.

Nós chegamos tarde, não tinha mais lugar para botar o carro no estacionando interno, então tivemos que colocar na rua, em frente a boate.

Saímos de boa, conversando, aí encontrei um conhecido e parei para cumprimentá-lo, nisso a Mel foi andando um pouco mais para frente e desativou o alarme do carro.

O Marcelo e a Ana Paula foram na direção do carro deles, que estava mais pra frente, e a Gi e o Jhon estavam um pouco atrás da Mel, pois estão no carro conosco.

Eu me despedi do meu amigo e saí pra ir pro carro, vi uma moto se aproximar da Mel, que estava parada em pé na porta, prestes a entrar no carro.

O garupeiro estava armado, apontou a arma para ela pedindo a bolsa, ela entregou, mas começou a gritar, eu percebi que ele ia atirar nela, vi ele puxando o cão pra trás e colocando o dedo no gatilho.

Como eu sempre ando armado, peguei a minha arma e atirei no cara, mas ele também conseguiu atirar em mim.

Ouvi o grito da Mel, senti a dor do tiro e o impacto que me levou para o chão.

Mas ainda consegui ver a moto sair em alta velocidade com o cara pendendo pros lados.

-Pitty !!!!

Escutei a Mel e também outras vozes em minha volta, mas a dor me deixou tonto, com a vista embaçada e aos poucos foi sumindo tudo...

-Piter... Fala comigo irmão... Já chamamos a ambulância.

Escutei as sirenes...

-Mel... Foi a última palavra que consegui falar, antes de apagar.