O poder do Dragão romance Capítulo 2871

Quinley hesitou por um instante, a mão trêmula segurando o fragmento da alma de gelo. Jared, sem paciência para rodeios, lançou-lhe uma ameaça gélida que cortou o ar: “Não sou nenhum cavalheiro. Se não entregar o fragmento da alma de gelo, não vou pensar duas vezes antes de arrancá-lo de você. E, nesse caso, não será só esse pedaço que você perderá — pode perder até mesmo sua dignidade.”

Ao ouvir aquelas palavras, o semblante de Quinley tornou-se tempestuoso, a face tingida por nuvens de raiva e humilhação. A resistência que relutava em ceder minguou diante da intimidação. Sem escolha, ela abriu a mão e, contra a própria vontade, entregou o fragmento. Seus dedos vacilaram; havia vergonha e um medo quase físico em aceitar a derrota.

Para espanto dela, Jared segurou o fragmento apenas por um segundo antes de esmagá-lo deliberadamente com a palma da mão. O pequeno cristal que já era frágil estalou e se despedaçou em um conjunto ainda menor de lascas que brilhavam como estrelas quebradas. “Considerando que foi a primeira a encontrar esse fragmento da alma de gelo, vou te dar uma parte dele”, disse ele, como se aquela partilha fosse a coisa mais natural do mundo.

Ele apresentou a Quinley metade de um dos fragmentos menores, e a surpresa estampou-se na face dela com a intensidade de um choque elétrico. Quinley, que jamais imaginara encontrar generosidade naquele reino austero do Etéreo, ficou boquiaberta.

O fragmento já está nas mãos dele e ainda assim ele divide comigo? Mesmo sem isso, não teria direito a reclamar... Sou mais fraca. Se quisesse, eu não teria outra opção senão aceitar meu destino. Além do mais, lhe devo a vida.

Pensamentos e emoções se atropelavam em seu interior, uma mistura de gratidão, confusão e incredulidade.

“Você é mesmo diferente”, murmurou ela, num sopro que escapou quase involuntariamente, como se admitisse uma verdade que a surpreendia.

Assim que recebeu a metade que lhe fora dada, Quinley não hesitou: esmagou o fragmento sem cerimônia. No mesmo instante, uma onda de energia espiritual varreu seu corpo, intensa e vibrante, como se acordasse algo há muito adormecido. Ela concentrou-se, ativando sua técnica, e começou a absorver aquela energia como um sedento bebe água. A fonte parecia primordial, e a resposta de seu corpo foi imediata.

Um feixe de luz irrompeu de seu peito e cortou o ar, explodindo num espetáculo que lembrava fogos de artifício — fagulhas e motes de brilho dançavam ao redor, iluminando o cenário com tonalidades frias que refletiam nas lentes dos olhos alheios. A cena arrancou um exclamação involuntária de Jared: “Uau!”

Quinley sorriu com uma felicidade genuína e quase infantil, como se tivesse conseguido algo que parecia impossível. “Finalmente, consegui avançar!” exclamou ela, e a alegria na voz tremia de verdade.

Jared observava, fascinado. “O fragmento da alma de gelo é tão poderoso assim, a ponto de um pedacinho te ajudar a romper um limite? Além disso, o fenômeno do seu avanço é bem peculiar.” Havia nos seus olhos um brilho de curiosidade e, quem sabe, de cobiça calculada.