Stephan ficou ali, sem dizer uma palavra.
O olhar de Alice caiu sobre seu rosto. Depois de um tempo, ela disse fracamente: “E você cuide bem dela, está bem, Stephan?”
“Sim”, respondeu com a voz anasalada.
Como parecia estar bem de saúde, esperava que ela pudesse viver muitos anos. Porém, não foi o que aconteceu.
“Acho que não tenho mais nada a dizer para vocês dois, podem ir. Quero falar com Ronaldo”, disse a idosa com um sorriso no rosto. “Posso não ter filhos, mas estou satisfeita por ter vocês três aqui comigo no hospital agora que estou perto do fim.”
O casal deixou a ala.
No corredor da enfermaria, Stephan encostou-se contra a parede; Anastasia estava sentada em uma cadeira. Ambos permaneceram em silêncio.
Depois do que pareceu muito tempo, Stephan olhou-a e perguntou: “Você a visitou quando veio comprar aquelas pérolas de Marimora? Como ela estava?”
Ela comprimiu os lábios, os olhos lacrimejantes fixos nele, mas não respondeu.
Não podia mais esconder a verdade dele.
Stephan sentou-se ao seu lado e colocou o braço em volta de seus ombros “Eu sei que você está chateada, mas agora que as coisas chegaram a este ponto, devíamos começar a pensar no funeral.”
Anastasia não imaginou que Stephan não duvidaria dela.
Encarou-o; sua culpa se aprofundava, então o abraçou e chorou em seus braços.
Ao amanhecer, Alice faleceu.
Foram à casa da idosa. Ronaldo, com os olhos vermelhos de ficar acordado a noite toda, disse em lágrimas: “Quando me disseram o que aconteceu, odiei você.”
Suas palavras fizeram a mulher parar no meio do caminho e olhá-lo.
“Talvez ela soubesse, porque pediu que eu não me sentisse assim. Disse que foi escolha dela sacrificar-se pelo Luan. Segundo ela, as crianças são o futuro.” Ele apertou os lábios. Queria chorar, mas se conteve.
“Desculpa.” Anastasia baixou a cabeça.
Ronaldo ignorou-a e deu-lhe as costas.
Costumava ser bem-humorado, mas tratava-se de uma questão de vida ou morte, e não podia deixar de culpá-la.
Anastasia voltou a segui-lo até a casa.
Quando viu aquelas coisas familiares que agora traziam lembranças tristes, os olhos da mulher se encheram de lágrimas.
Ronaldo pegou roupas para o funeral e quando a viu parada nos fundos da casa, perdida nas memórias que tinha da idosa, não a apressou e foi esperar do lado de fora.
Assim que saiu da casa, encontrou Stephan esperando-os.
“Vamos”, disse Stephan, abstendo-se de fazer mais perguntas. Qualquer que fosse a decisão que sua futura esposa tivesse tomado, ele a apoiaria.
Desde o princípio, os seres humanos têm de enfrentar o ciclo da vida: nascer, envelhecer, adoecer e perder entes queridos.
A pedido de Alice, seu funeral ocorreu dali sete dias e contou apenas com a presença de rostos familiares da vila.
Anastasia percebeu que os residentes mudaram de atitude em relação a ela.
Após o funeral, aqueles que a conheciam partiram com expressões vazias.
De volta à cidade, já no aeroporto, Anastasia sentava-se à mesa de um restaurante, olhando para o céu escuro lá fora, contemplando-o.
Quem era esse praticante de medicina tradicional, Matheus, e como iria localizá-lo?
Porém, a julgar pelo sobrenome, era provável que também fosse de Eastbay.
Poderia ter procurado a ajuda de Ronaldo, mas ainda estava chateado com ela. Portanto, encontrar o médico era uma tarefa que tinha que fazer sozinha.
Stephan voltou com seus pedidos e notou que ela estava perdida em pensamentos. Ele franziu a testa e sentou-se. “Já aconteceu. Não pensei demais.”
“Eu sei. É só que... sinto que estou dentro de um sonho”, disse, experimentando uma sensação semelhante à que Luana devia estar sentindo.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O preço do recomeço
O livro está como concluído, mas não está completo. Lá no Taplivros ele vai até ao 1012...
Bom dia, você não vai liberar mais capítulos?...
O livro é bom, mas tem mais capítulos?...
Ainda irão publicar os capítulos?...
Amando a história e ansiosa pela continuação........