O Sobrenome Dela, o Amor Dele romance Capítulo 111

Talvez ninguém pudesse compreender o que a senhora Marcela sentia naquele momento.

Ela estava triste.

Profundamente triste.

Na velhice, tudo o que mais se deseja é ver a família reunida, desfrutar da convivência com filhos e netos.

Mas e ela?

O filho estava deitado na cama, em estado vegetativo, incapaz de se cuidar.

A nora sumira, ninguém sabia de seu paradeiro.

A única neta estava com o destino incerto, talvez nem estivesse mais viva.

Quantas vezes, no silêncio da madrugada, ela chorara até os olhos incharem?

Ao ver a amiga assim, Inês Delgado também se emocionou, os olhos marejados. Segurou firme a mão da senhora Marcela.

— Nós ainda vamos encontrar a Ami, pode acreditar. Não vamos desistir de trazê-la de volta.

A senhora Marcela assentiu, resignada.

— Assim espero.

Dito isso, enxugou as lágrimas e mudou de assunto:

— Inês, não vamos mais falar disso. Agora que você veio à Cidade Capital, quero que fique comigo por uns dias.

— O instituto anda numa correria, só consigo ficar três dias aqui. — Inês Delgado sorriu. — Assim que as coisas acalmarem, volto para Cidade Capital para passar mais tempo com você.

— Não vá me enganar. — A senhora Marcela olhou para Inês Delgado, desconfiada.

— Ora, quando foi que eu menti pra você? — Inês continuou. — Aliás, faz muitos anos que você não vai à Cidade A. Da próxima vez, venha comigo. Por lá, conheci uma jovem cheia de vida e talento, e ela é descendente do Sábio Médico. Dizem que é ótima com tratamentos naturais; talvez até consiga curar suas dores de cabeça. Tenho certeza de que, ao conhecê-la, você também vai gostar muito dela.

— Sério? — perguntou a senhora Marcela, surpresa.

Inês Delgado confirmou com a cabeça:

— Sério mesmo. Olha, eu praticamente ganhei uma nova chance de viver. Na quarta passada, tive um infarto súbito e desmaiei na rua. Foi essa moça quem me salvou. Se não fosse por ela, eu provavelmente já não estaria mais aqui.

Ao saber que a amiga tinha escapado da morte, a senhora Marcela ficou ainda mais preocupada.

— Então ela é sua salvadora. Preciso conhecê-la mesmo!

Ela queria ver se Úrsula Mendes era realmente tão especial assim, como Inês Delgado dizia.

Ao ouvir isso, Luna Solano logo franziu a testa, falando num tom severo:

— Que absurdo, filha! Se sua avó ouvisse isso, ficaria arrasada. Não importa o que aconteça, você é neta dela, carrega o sangue dela. Gostando ou não de você, seu dever é respeitá-la, não pode ser ingrata!

— Isso é ser escrava da tradição, mãe. — Alexandra discordou, indignada.

Se estivesse no lugar da mãe, jamais teria passado anos agradando a senhora Marcela daquele jeito.

Luna Solano suspirou fundo:

— Ela é minha mãe, Ale. O mínimo que posso fazer é cuidar dela. E não se esqueça: um dia você vai liderar o Grupo Solano. Como herdeira, não pode ter nenhuma mancha na reputação, especialmente de ingratidão com a família.

Parou por um instante, então continuou:

— Na verdade, sua avó sempre cuidou de você. Quando você fez dezoito anos, ela te deu cinco milhões para abrir sua própria empresa. Da última vez que foi ao país M, trouxe para você um par de brincos que pertenceu à princesa Diana...

A senhora Marcela gostava, sim, de Alexandra Garza.

Na verdade, a família Garza nunca teve muitos recursos. O pai de Alexandra, Enrique Garza, era órfão. Dizer que Luna Solano se casou com Enrique era exagero — ele praticamente entrou para a família Solano.

Marcela não só ajudou Alexandra a começar seu negócio, como também apoiou o genro em seus empreendimentos ao longo dos anos.

Se não fosse pela família Solano, o Grupo Garza provavelmente já teria desaparecido.