O Sobrenome Dela, o Amor Dele romance Capítulo 14

Afinal de contas, ela sempre chamava o próprio avô, Fabiano Mendes, apenas por um simples “Ei!”

Por isso o velho Luís Aguilera vivia dizendo que Fabiano Mendes tinha criado uma ingrata.

Mas hoje...

A ingrata parecia outra pessoa.

Luís Aguilera conteve o espanto no peito e perguntou:

— E... o seu avô?

— Meu avô teve um imprevisto e vai chegar um pouco mais tarde. — disse Úrsula Mendes, colocando os suplementos alimentares que trouxera sobre o criado-mudo ao lado da cama. — Luís, tudo aqui foi comprado pelo meu avô para o senhor. Ele deseja que se recupere logo.

Luís Aguilera simplesmente encarou Úrsula Mendes.

Ficou um bom tempo sem dizer nada.

O que será que aconteceu com essa moça?

Como pode ter mudado assim, de repente?

Mesmo sendo observada daquele jeito, Úrsula Mendes não se sentiu constrangida. Pegou uma lata de leite em pó entre os suplementos e disse:

— Luís, vou preparar um copo de leite para o senhor! O leite em pó é rico em proteínas, cálcio e ferro, e pode ajudar bastante na sua recuperação.

Dito isso, Úrsula, com movimentos ágeis, preparou um copo de leite.

Luís Aguilera só se deu conta do que estava acontecendo depois de receber o copo, e disse, um tanto atônito:

— O-obrigado. Muito obrigado.

Ele não fazia ideia do que se passava na cabeça daquela garota!

Mesmo assim, Luís Aguilera torcia de coração para que Úrsula Mendes tivesse realmente mudado, para que seu velho amigo Fabiano Mendes pudesse ter uma velhice mais tranquila.

Depois que terminou de tomar o leite, Úrsula Mendes falou:

— Luís, como suas pernas estão debilitadas, vou buscar a cadeira de rodas e te levar para passear no jardim do hospital, que tal?

Quando era jovem, Luís Aguilera era tão pobre que não conseguia sequer se casar. Só na meia-idade conseguiu se unir a uma mulher divorciada, mãe de três filhos.

A senhora continuou:

— Então vocês têm que correr para ter logo um menino.

O jovem pai respondeu educadamente:

— Não pretendemos ter outro filho.

A senhora, ao ouvir isso, levantou-se exasperada:

— Não vão ter outro filho? Como assim? Sem um filho homem, a família acaba! Depois que vocês morrerem, nem quem cuide do enterro vocês vão ter. Já pensaram nisso?

— Senhora, hoje em dia homens e mulheres são iguais. Pensar assim já não faz sentido. — respondeu a mãe, não se contendo.

— Iguais? Que bobagem é essa? — retrucou a senhora. — Olha, jovem, desde sempre as mulheres nunca se equipararam aos homens. Pensa bem: quantas mulheres, ao longo da história, contribuíram de verdade para o país, para a sociedade? Tudo depende dos homens!

Israel Ayala já tinha saído, e Montserrate foi ao jardim para tomar um ar fresco. Assim que se aproximou do quiosque, ouviu aquelas palavras absurdas.

Na mesma hora, a pressão de Montserrate subiu lá em cima. Já estava arregaçando as mangas, pronta para rebater a ignorância daquela mulher, quando uma voz feminina, suave e firme, ressoou pelo ar—