O Sobrenome Dela, o Amor Dele romance Capítulo 202

O mais importante era que, agora, sempre que Israel Ayala entrava no carro, imediatamente colocava ópera chinesa para tocar. Não apenas ouvia, como às vezes até arriscava cantarolar alguns trechos junto.

Quanto mais Estevão Arrieta pensava nisso, mais se sentia emocionado.

Embora fosse apenas um detalhe, para alguém com o temperamento teimoso e inflexível do seu tio, aquilo era algo realmente raro.

Para ele, na mente do seu tio, simplesmente não havia ninguém mais importante no mundo.

Ninguém poderia ocupar o seu lugar!

Vicente comentou num tom leve:

— Você está se achando demais. E se o senhor Ayala nem gosta de ópera chinesa por sua causa?

Estevão Arrieta deu uma risada seca.

— Não seria por mim, seria por quem? Por acaso por você?

Vicente semicerrando os olhos, sugeriu:

— E se a pessoa amada dele gosta de ópera chinesa? Daí, por amor, ele acabou gostando também! Vou te dizer, quando estamos apaixonados, a gente cede sem nem perceber.

Na visão de Vicente, o comportamento de Israel Ayala só podia ser de alguém apaixonado.

Estevão Arrieta riu ainda mais alto:

— Hahaha, Vicente, com tanta imaginação, por que não vira escritor? Fazer negócios é um desperdício pra você! Já falei, meu tio é daqueles que não quer casar, sabe o que é isso? Você acha mesmo que alguém assim, só por causa de uma mulher, ia passar a gostar de ópera chinesa?

Ouvindo isso, Vicente apertou os olhos e analisou:

— Mas vai que o senhor Ayala é daqueles caras que escondem o jogo… Por fora, diz que não quer casar, mas por dentro já está investindo numa relação, só falta você perceber.

A análise de Vicente até fazia certo sentido, mas, para Estevão Arrieta, era puro delírio!

— Correr atrás de mulher? Isso nunca! Cresci vendo meu tio, e nunca vi ele atrás de ninguém.

A rainha Úrsula era lindíssima.

Mas nem mesmo diante de Úrsula Mendes seu tio demonstrava qualquer sinal de interesse, mantinha-se sereno, impassível.

Alguém que nem presente de aniversário dava para mulheres, como poderia se rebaixar a ponto de correr atrás de uma?

Impossível!

Simplesmente impossível!

Vicente insistiu:

— Só porque nunca aconteceu antes, não quer dizer que não possa acontecer agora. De qualquer jeito, eu tenho certeza do que vi, é o senhor Ayala!

— Prefiro acreditar que era meu pai, do que acreditar que era meu tio. Vicente, você devia mesmo ir ao oftalmologista.

Enquanto isso...

No escritório, César Arrieta, que estava lendo alguns documentos, espirrou sem motivo aparente.

— Atchim!

César Arrieta apertou o nariz, intrigado:

— Será que alguém está pensando em mim?

Não seria a Júlia Ayala?

Pensando nisso, César pegou o celular e ligou:

— Alô, Júlia...

Verifique o captcha para ler o conteúdoVerificar