O Sobrenome Dela, o Amor Dele romance Capítulo 269

Dezenove anos.

Exatamente dezenove anos.

Marcela não passava um único dia sem sonhar com o reencontro com sua neta.

Chegou a acreditar que jamais veria a neta de novo.

Mas hoje.

Justamente agora.

Ela a viu.

Ninguém seria capaz de entender o que Marcela sentia naquele momento.

As lágrimas rapidamente embaçaram sua visão.

Embora Úrsula Mendes ainda não tivesse respondido a Marcela, esta sabia, tinha certeza absoluta.

Era ela, era Ami.

Aquele laço inconfundível de sangue jamais enganaria.

Plof—

O saco de lixo escorregou das mãos de Úrsula Mendes e caiu no chão.

— A senhora... a senhora é... a senhora é Marcela?

Marcela?

Ao ouvir isso, Marcela chorou ainda mais, dizendo:

— Ami, minha Ami! Eu sou sua avó, sua avó de verdade! Ami, passei tantos anos à sua procura, tantos anos de dor, de saudade!

Úrsula Mendes ficou ali, parada, sentindo os olhos arderem.

Então, era essa a senhora da família Solano, que enfrentara tantas adversidades.

No passado.

Quando Úrsula ouvia falar sobre a família Solano, sempre achava que aquela senhora era realmente digna de compaixão.

Chegar à velhice...

Para os outros, era tempo de ver a família crescer, viver rodeado dos filhos e netos, celebrar a alegria.

Mas e Marcela?

O filho era um homem acamado, preso a um leito.

A nora e a neta, sumidas no mundo.

Todos diziam que Marcela havia sofrido demais. E, de fato, era verdade. Segundo diziam nas redes sociais, Marcela tinha apenas 62 anos, recém-passados da meia-idade, quase da mesma idade do senhor Fabiano Mendes.

Mas Fabiano Mendes tinha uma disposição muito melhor e aparentava ser bem mais jovem do que Marcela.

Marcela chorava copiosamente, incapaz de conter a emoção, correu até Úrsula Mendes e, num gesto impulsivo, a abraçou forte:

— Ami, minha Ami! A vovó finalmente te encontrou!

Apertou-a com força, como se temesse que, ao afrouxar os braços, Ami desaparecesse de novo.

Além disso, a neta era mesmo muito parecida com o filho e a nora.

Muito parecida!

Tinha os olhos idênticos aos da nora, o formato da boca e o nariz alto e reto do filho. Até mesmo a pequena pinta vermelha no canto do olho direito era igualzinha à de Álvaro Solano.

Aquela pintinha era minúscula.

Só se percebia de perto. Úrsula Mendes já era naturalmente bela, e aquele detalhe lhe dava ainda mais charme, tornando-a ainda mais encantadora.

Nem precisava de exame de DNA. Marcela tinha certeza: era o sangue da família Gomes correndo ali.

Quanto mais olhava para Úrsula Mendes, mais Marcela se encantava. Mais feliz ficava.

Que maravilha.

Ela também tinha uma neta!

Ela tinha sua neta de verdade!

Marcela apertou a mão de Úrsula Mendes com força, a voz rouca de emoção:

— Ami, minha querida Ami, você sofreu tanto todos esses anos! Meu anjo, você passou por tanta coisa! Me perdoa, vovó deveria ter te encontrado antes.

Só de imaginar o sofrimento que a neta enfrentou todos esses anos, o coração de Marcela se apertava de dor.

Doía fundo.

Queria poder tomar para si toda aquela dor, no lugar de Úrsula Mendes.

— Vovó, não diga isso. Eu não sofri nada. Quem sofreu foi a senhora. Obrigada por nunca ter desistido de me procurar todos esses anos!