O Sobrenome Dela, o Amor Dele romance Capítulo 36

— O senhor Ayala nunca faz escolhas erradas. Quando ele vir a proposta da AlphaPlay Studios, vai saber imediatamente de quem escolher!

— Os desígnios do “chefe” são impenetráveis! Aconselho vocês a não tentarem adivinhar o que se passa na cabeça do senhor Ayala... cuidado para não... — Nesse momento, o executivo de aparência robusta passou o dedo pelo pescoço, num gesto sugestivo.

Ao ouvir isso, os outros logo se calaram, sem ousar dizer mais nada.

Após encerrar a videoconferência, Israel Ayala foi até a sala de jantar.

Diante dos quatro pratos escuros e de uma sopa fumegante sobre a mesa, Israel Ayala ficou pensativo.

Para piorar, Júlia Ayala o encarava cheia de expectativa.

— Ainda aí parado por quê? Vai, experimenta a comida da sua irmã, quero ver o que acha!

Israel Ayala apenas a observou em silêncio.

Com a pressão de Júlia, ele pegou os talheres, mas logo os largou de novo, abrindo um leve sorriso.

— Júlia, você ainda não me disse o que veio fazer aqui em casa hoje...

Júlia apoiou o rosto nas mãos.

— Vai comendo, eu te conto enquanto isso.

— O Estevão já provou? — Israel perguntou, mudando de assunto.

Júlia virou-se para Estevão Arrieta.

— Ah, é mesmo! Estevão, você ainda não provou! Vai, experimenta! Olha, não é todo mundo que tem o privilégio de comer minha comida, nem seu pai teve essa sorte. Você é mais sortudo que ele!

Estevão Arrieta sorria por fora, mas por dentro queria chorar.

Se isso é sorte, pode dar pra outro.

Ele não queria ser cobaia de ninguém.

O tio era cruel: com um movimento, conseguiu jogar toda a responsabilidade para ele.

Resignado, Estevão pegou seus talheres e, no momento em que ia experimentar a comida, desviou o assunto, olhando para Israel Ayala.

— Tio, hoje vi aquela mulher que tentou enganar a gente no elevador, lembra? Ela estava na porta do café e ainda tentou me enrolar, disse que sua melhora era só de aparência, que antes das nove da noite você ia desmaiar de novo. Mas olha só, já está quase dando nove horas, e você está ótimo, não tem nada disso, é tudo conversa fiada.

— E sabe por que minha mãe veio aqui de repente? Porque ficou preocupada que você desmaiasse e não tivesse ninguém pra cuidar de você. Por isso veio checar como você estava.

Os olhos de Israel Ayala se estreitaram levemente — aqueles olhos finos e penetrantes, difíceis de decifrar, que intimidavam quem tentava encará-lo.

Ele lançou um olhar para o relógio de parede.

Eram 20h55.

Faltavam cinco minutos para as nove.

Tio... querido tio?

Queria acabar com ele de uma vez, era só falar, não precisava rodeios...

Israel Ayala largou os talheres, levantou-se e foi pegar uma garrafa de vinho.

Ding!

Nesse momento, o relógio de parede anunciou a hora cheia.

Nove horas em ponto.

— Pronto, nove horas, crise superada! — Estevão largou os talheres e sorriu para Júlia. — Viu, mãe? Falei que o tio não ia ter nada, Germano Hidalgo é um médico sensacional, aquela mulher era só uma charlatã~

Mal terminou de falar.

BAM!

Israel Ayala abriu o armário de vinhos, mas antes de alcançar a garrafa, uma dor forte atravessou seu peito. Tudo escureceu de repente e ele caiu no chão, desmaiado.

Duas vozes ecoaram ao mesmo tempo.

— Tio!

— Israel!