O Sobrenome Dela, o Amor Dele romance Capítulo 467

Só então percebeu: a mulher de meia-idade devia ter pouco mais de cinquenta anos.

Rosto arredondado.

Olhos grandes, pele iluminada, com uma pinta escura logo abaixo do canto direito do olho. Usava uma maquiagem carregada e, apesar de estar coberta de roupas de grife e exibir uma bolsa de mais de vinte mil reais, transmitia uma sensação de vulgaridade — lembrava muito aquelas pessoas que ficaram ricas de repente, mas cujo jeito e postura ainda não acompanharam a mudança.

O mais impressionante era que, ao vê-la, Úrsula Mendes sentiu como se Meige tivesse saído da foto e estivesse ali, viva.

Sim.

Era Meige!

Apesar da foto de Meige não ser muito nítida, os traços principais eram reconhecíveis.

Mesmo chocada por dentro, Úrsula Mendes não demonstrou qualquer surpresa. Manteve a expressão tranquila de sempre e entregou o objeto à mulher, como se nada tivesse acontecido.

A mulher de meia-idade pegou o que lhe era entregue e sorriu:

— Muito obrigada, senhorita.

— Não há de quê.

Sem dizer mais nada, a mulher se virou e partiu.

Úrsula Mendes observou a silhueta dela se afastando, seus olhos carregados de pensamentos.

Entre os itens que a mulher havia derrubado estava uma passagem aérea.

Inicialmente, Úrsula Mendes não tinha prestado atenção às informações do bilhete, mas, ao encarar o rosto da mulher, decidiu olhar novamente.

No bilhete, o nome da mulher era Meige Ramos.

Destino: o país P.

Então...

Seria Meige Ramos aquela Meige que estava desaparecida há tantos anos?

O sumiço dela teria algo a ver com o que aconteceu com os pais de Úrsula?

Úrsula Mendes sentiu uma vontade enorme de correr até Meige Ramos e despejar todas as perguntas que guardava no peito, mas sabia que não era o momento de alarmá-la.

Precisava se controlar.

Fingir que não sabia de nada.

Só assim a verdade viria à tona.

Ela respirou fundo, pegou o celular e anotou algumas palavras no bloco de notas:

Meige Ramos.

Dez minutos depois.

Úrsula Mendes embarcou no avião.

O voo durou duas horas.

Para fazer uma surpresa ao avô, Úrsula Mendes não avisou com antecedência. Assim que desembarcou, ligou para Marcela para avisar que estava bem.

Depois, pegou um táxi para Vila Castelhana.

Mesmo sendo atualmente o dono de uma empresa de administração de condomínios, o senhor Fabiano Mendes ainda mantinha antigos hábitos: nas horas vagas, vestia o colete verde e recolhia lixo pelo bairro.

Exceto pelos funcionários mais antigos, quase ninguém sabia quem ele realmente era.

Assim que chegou ao condomínio, Úrsula Mendes avistou o avô Fabiano Mendes recolhendo lixo à beira da rua.

— Vovô!

Ela sorriu ao chamá-lo.

Ao ouvir a voz de Úrsula Mendes, Fabiano Mendes achou que estivesse imaginando coisas.