O Sobrenome Dela, o Amor Dele romance Capítulo 481

Eloísa Gomes realmente não tinha nenhum preconceito de classe.

Ela era diferente daqueles idosos tradicionais de Rio Merinda.

Para ela, o mais importante era que os jovens fossem felizes.

Já estava velha e não queria se preocupar com tantas coisas.

No entanto, jamais permitiria que seu neto trouxesse para casa uma mulher de caráter duvidoso.

Para se casar, o homem deve escolher uma mulher de virtude.

Eloísa Gomes não queria, depois de partir, ser alvo de críticas e acusações.

Ao ouvir as palavras de Eloísa Gomes, Calel Solano imediatamente se endireitou.

— Vó, pode ficar tranquila. A Simone é uma ótima moça, de caráter exemplar e personalidade agradável. Ela não é interesseira.

Calel Solano não podia garantir muitas coisas, mas quanto a isso, ele tinha total certeza.

Ele continuou:

— Quando comecei a sair com a Simone, ela nem sabia quem eu era. Foi só depois que eu mesmo contei que fazia parte da família Gomes.

As palavras de Calel Solano surpreenderam Valeria Herrera e Açucena Chávez.

Açucena Chávez, incrédula, perguntou:

— Sério, Zadkiel? Você não está brincando com a gente?

— Não é brincadeira, é verdade.

Açucena insistiu:

— E ela mudou alguma coisa depois que soube sua verdadeira identidade?

— Não mudou nada — respondeu Calel Solano, sorrindo. — Simone é uma pessoa transparente. No começo do nosso namoro, ela achava que eu era apenas um rapaz sem recursos e, inclusive, gastava dinheiro comigo. Depois que descobriu que eu era dos Gomes, nunca me pediu nada.

Diante dessas palavras, Valeria Herrera não pôde deixar de comentar:

— Se for realmente assim, ela é uma raridade mesmo.

Eloísa Gomes e Açucena Chávez assentiram.

Úrsula Mendes, curiosa, perguntou:

— Calel, e você usou nome falso quando estava com ela?

— Não usei nome falso nenhum — respondeu Calel Solano, balançando a cabeça.

Não usou nome falso?

Úrsula Mendes ficou surpresa.

A família Gomes era muito influente em Rio Merinda.

Qualquer busca na internet sobre os Gomes trazia alguma informação.

Não dava para negar.

Úrsula Mendes tinha feito uma pergunta certeira, que fez todos refletirem.

Açucena Chávez estreitou os olhos e não se conteve:

— Zadkiel, se você nem usou nome falso, como essa garota não saberia quem você era? Será que não está caindo numa armadilha?

Calel Solano achava que Simone Aguilera não conhecia sua identidade, mas, na verdade, Simone já tinha todas as informações sobre ele.

— Ami, a vó vai para o quarto descansar.

Úrsula Mendes segurou o braço da avó, sorrindo:

— Vó, dorme comigo hoje, vamos conversar mais um pouco.

— Dormir com você? — Eloísa olhou para a neta. — Ami, você não se incomoda com o cheiro de gente velha?

Eloísa Gomes era sempre antenada, vivia navegando na internet. Já tinha lido muitos jovens comentando que não gostavam de ficar perto de idosos por causa do cheiro.

Apesar de não sentir nenhum odor em si mesma, desde que lera esses comentários, passou a se cuidar ainda mais, com receio de incomodar os mais jovens.

Mas hoje, Úrsula disse que queria dormir ao lado dela.

— Que cheiro de velho, nada — respondeu Úrsula, encostando a cabeça no ombro da avó. — Vó, você só tem um cheirinho gostoso, adoro ficar perto de você.

E de fato, Eloísa Gomes não tinha nenhum cheiro desagradável, pelo contrário, exalava um aroma suave que Úrsula adorava.

Leve e agradável.

Eloísa percebeu que a neta não estava tentando agradá-la; era sincero o carinho.

Pensando nisso, Eloísa ficou feliz:

— Então tá, hoje a vó dorme com a Ami.

Logo, a empregada trouxe o pijama de Eloísa Gomes.

O pijama dela era igual ao de Úrsula Mendes.

Rosa, cheio de coelhinhos.

Uma senhora quase aos noventa anos, vestindo um pijama cor-de-rosa de coelhinhos, mas sem nenhuma estranheza — pelo contrário, transmitia uma doçura encantadora, como se tivesse voltado à infância.