O Sobrenome Dela, o Amor Dele romance Capítulo 625

Marcela também estava sofrendo muito.

Ela parecia estar consolando o filho.

Mas, na verdade, também estava consolando a si mesma.

Marcela abraçou o filho com força, e suas lágrimas logo encharcaram a camisa de Álvaro Solano.

Em um único dia.

Marcela não só passou pela traição da filha, como também descobriu uma verdade cruel.

A filha que ela criou por tantos anos não tinha nenhum laço de sangue com ela.

E sua filha biológica havia falecido há muito tempo.

Como mãe.

Seu coração doía profundamente.

Infelizmente, ela nem sequer pôde ver o rosto de sua filha pela última vez.

Não só não viu o rosto de sua filha, como ainda criou uma cobra em seu seio.

Quase teve sua família destruída por essa ingrata.

Só de pensar nos acontecimentos do passado, o coração de Marcela se apertava dolorosamente.

Ao ouvir as palavras de consolo da mãe, os olhos de Álvaro Solano ficaram vermelhos instantaneamente, e lágrimas rolaram como pérolas de um colar quebrado.

Nestes anos, ele esteve deitado em uma cama.

Como filho.

Não só falhou em seus deveres filiais, como também sobrecarregou Marcela, que, em sua idade avançada, ainda se preocupava com ele.

Como marido.

Ele não agiu como um homem deveria, não protegeu sua esposa, não lhe deu uma família feliz.

Como pai.

Ele não cumpriu um único dia de sua responsabilidade paterna!

Álvaro Solano sentia-se extremamente culpado e arrependido.

Marcela, naturalmente, compreendia os sentimentos do filho. Ela afagou as costas de Álvaro Solano e, com a voz igualmente rouca, o consolou: — Está tudo bem, Álvaro, tudo vai melhorar, tudo vai ficar bem!

Antes, ela pensava que o filho jamais acordaria daquele leito, mas agora, com o tratamento da neta, ele estava se recuperando.

Portanto.

Sua nora também conseguiria voltar para eles!

— Álvaro, o mais importante agora é você cuidar da sua saúde. Não pense em outras coisas. Só com o corpo recuperado você poderá procurar por Valentina.

Ao ouvir as palavras de Marcela, as emoções reprimidas de Álvaro Solano explodiram. Ele desabou em choro. — Mamãe! Eu falhei com você, falhei com Valentina, e falhei ainda mais com Ami!

Ele falhou com todos!

Naquele momento, Álvaro Solano parecia uma criança desamparada.

Aninhado no colo da mãe, ele chorava copiosamente, como se tivesse sido intimidado por outras crianças na infância.

Vinte anos.

Ele passou vinte anos deitado em uma cama.

Nesses vinte anos, ele praticamente não realizou nada!

Falhou com sua mãe e esposa, e falhou com sua filha.

Ele não era digno de ser filho, nem marido, e muito menos pai!

Por saber que Enrique Garza tinha uma origem humilde, ele não queria pressionar a irmã.

Inesperadamente.

Sua confiança foi retribuída com um preço de sangue.

Ninguém sabia o quanto Álvaro Solano se arrependia.

Ele foi tão tolo!

Dizem que o crescimento exige um preço.

Mas para Álvaro Solano, esse preço foi alto demais!

— Mamãe, a culpa é toda minha, fui eu que fui tolo! Fui eu que confiei na pessoa errada. Se não fosse por mim, as coisas não teriam chegado a este ponto.

Marcela também começou a chorar alto. — Não, Álvaro, a culpa não é sua. A culpa é da mamãe! Fui eu que criei uma cobra em meu seio.

Mãe e filho choravam abraçados, cada um assumindo a culpa, tentando aliviar o fardo psicológico um do outro.

Úrsula Mendes se aproximou dos dois, usando um lenço para enxugar as lágrimas dos rostos de Marcela e Álvaro Solano. — Vovó, pai, a culpa não é de vocês. Não precisam se culpar tanto!

Embora Luna Solano não tivesse laços de sangue com a família Solano, ela foi criada por Marcela. Assim como Álvaro Solano, ela foi amamentada por Marcela.

Quem poderia imaginar que a criança que você criou com suas próprias mãos se tornaria uma cobra ingrata?

Úrsula Mendes continuou: — Pai, a vovó está certa. O mais importante agora é você se reerguer e cuidar da sua saúde. Acredito que a mamãe também está em algum lugar, esperando que a gente a encontre para voltar para casa.

Talvez fosse um pressentimento de mãe e filha.

Úrsula Mendes tinha a sensação de que Valentina Gomes ainda estava viva, apenas impedida de aparecer por algum motivo.

— Certo, — Álvaro Solano assentiu, forçando um sorriso. — Vou ouvir a Ami.

Através dos olhos da filha, ele parecia ver sua esposa sorrindo para ele.