O Sobrenome Dela, o Amor Dele romance Capítulo 87

— Não foi nada.

Comparada ao embaraço de Úrsula Mendes, Israel Ayala parecia alheio ao que acabara de acontecer. Pegou um pedaço de doce de feijão verde e experimentou com naturalidade.

Ele estava realmente tranquilo.

Tão tranquilo que parecia que não era ele quem havia tido a mão tocada há pouco.

Úrsula Mendes, por dentro, lhe fez um sinal de aprovação!

Pelo visto, ela ainda era inexperiente. Era só um toque de mãos, afinal, por que tanto constrangimento?

Ela precisava aprender com Israel Ayala.

Úrsula respirou fundo e fingiu que nada havia ocorrido, voltando a conversar com Júlia Ayala e Dominika Galvão. Felizmente, Júlia e Dominika estavam tão envolvidas na conversa que não notaram nada estranho.

Israel Ayala olhou para o celular.

— Mana, o Estevão está chegando. Vou lá fora buscá-lo.

— Pode ir — respondeu Júlia Ayala, sem nem levantar a cabeça.

Se Júlia tivesse prestado mais atenção, teria notado que a voz de Israel vinha com uma rouquidão incomum.

Israel levantou-se e saiu em direção à porta.

Início de outubro.

O ar já trazia um leve frescor, mas Israel sentia-se sufocado, como se o ambiente estivesse quente demais. Desabotoou o primeiro botão da camisa.

Depois de uns dez minutos, Estevão Arrieta finalmente apareceu.

Ao ver Israel Ayala parado na entrada do restaurante, Estevão ficou surpreso.

— Tio, o que está fazendo aqui?

— Esperando você — respondeu Israel com o tom habitual.

— Esperando por mim? — Estevão ficou lisonjeado.

O tio estava mesmo esperando por ele!

Mas logo percebeu que havia algo diferente em Israel. Espiou curioso:

— Tio, você bebeu?

— O que quer dizer? — Israel perguntou, levantando uma sobrancelha.

— Seu rosto está supervermelho! — Estevão insistiu.

Estava mesmo, vermelho até o pescoço.

— Lá dentro está muito abafado — explicou Israel.

— Abafado? — Estevão coçou a cabeça, desconfiado. — Mas hoje nem está tão quente...

— Estou com o corpo quente — murmurou Israel, com a voz baixa.

— Ah, então está precisando de uma namorada, tio — brincou Estevão, com um sorriso travesso.

A piada, que era só para descontrair, deixou Israel ainda mais vermelho, como se estivesse pegando fogo.

Ninguém sabia ao certo no que ele pensava, mas baixou ainda mais a voz:

— Sua mãe e os outros estão lá dentro. Vou ao banheiro um instante.

Precisava jogar uma água fria no rosto para se acalmar.

Estevão ficou olhando, surpreso, para as costas apressadas do tio.

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