Os Desamados são os Terceiros romance Capítulo 10

Ela se inclinou sobre a mesa e bateu no copo, fazendo sinal para o barman pedir outro drinque.

O barman estava prestes a concordar quando um dedo longo e fino pressionou delicadamente o copo, seguido de uma figura elegante sentando-se ao lado de Raíssa.

Era Ignácio Lemos, o Ignácio da Advocacia Versos de Tinta.

O homem olhava para Raíssa com um brilho pensativo em seus olhos escuros: ela estava mais desinibida e charmosa do que na última vez que se viram. Seu corpo frágil e sem defesa inclinava-se à mesa, com dois botões da camisa desfeitos, revelando um vislumbre da sua suave pele.

A pele de Raíssa era muito branca...

Os olhos de Ignácio estavam tingidos de uma cor profunda e, após alguns segundos, ele tirou o próprio paletó e o colocou gentilmente sobre os ombros de Raíssa...

Ela se sobressaltou, olhando para ele.

Através da luz trêmula, ela foi sugada para dentro de seus olhos escuros, como se tivesse caído em um abismo.

Ignácio falou com um toque de distanciamento: "Você bebeu demais, vou te levar para casa."

Raíssa se apoiava no balcão, olhando fixamente para Ignácio, que, surpreso, percebeu um toque sedutor no canto dos olhos dela, embora sua usual reserva na vestimenta atenuasse esse charme...

A voz de Raíssa estava vacilante, perdendo sua usual dignidade: "Quem é você? Por que eu deveria ir com você?"

Não havia como argumentar com uma mulher embriagada, não havia lógica que prevalecesse.

Ignácio sacou a carteira e colocou um maço de dinheiro no balcão antes de se abaixar e pegar Raíssa, que instintivamente se debateu, mas Ignácio pressionou as pernas dela, com um tom severo como se ele fosse um criminoso: "Se não quer acordar amanhã nos jornais, melhor vir comigo agora."

Raíssa foi forçada a ficar nos braços dele.

Seu rosto estava encostado no pescoço de Ignácio, a pele dele estava assustadoramente quente, Raíssa se mexeu desconfortavelmente, movendo seu rosto para o ombro dele, através da camisa, ela se sentiu um pouco mais confortável, mas ainda assim insistia em descer: "Ignácio, me coloque no chão."

No estacionamento.

O céu neon estava repleto apenas de luz das estrelas.