Os Desamados são os Terceiros romance Capítulo 14

Raíssa percebeu o que o pai de Augusto queria dizer.

Ela respondeu com uma voz tranquila: "O senhor pode ficar tranquilo, o projeto oficialmente está sob responsabilidade do Sec. Neves, mas na realidade é o Augusto que está à frente, não deixaremos que o Fábio cause problemas."

Com seus pensamentos expostos, João acabou se sentindo um tanto desconfortável e disse algumas palavras para amenizar a situação.

Quando Raíssa saiu, já estava anoitecendo.

No céu, o sol se desfazia.

A secretária de João, curvando-se ao lado do carro, despediu-se de Raíssa. A expressão da mulher, com um sorriso contido, assemelhava-se à de um boneco perfeito. Raíssa, de repente, sentiu que conhecia aquela face...

...

Raíssa voltou para o escritório pouco antes de escurecer.

Ela começou a organizar suas coisas, algumas passou para outras pessoas, outras simplesmente descartou. Ana amaldiçoava Augusto, prometendo que, quando elas se reerguessem, iriam se vingar daqueles que foram inconstantes.

Raíssa apenas sorriu levemente.

Bateram na porta.

Augusto estava à porta, vestido impecavelmente, sua aparência era tão atraente que poderia figurar nas capas de revistas, ele dispensou Ana, que murmurou algo sobre ele ser um canalha.

Quando Ana saiu, Augusto entrou e olhou para Raíssa com olhos profundos.

Quando se viram novamente, tudo havia mudado.

Augusto amenizou o tom em consideração ao passado: "Célia nunca foi nosso problema. Raíssa, se você quiser, no próximo mês, irei convocar uma assembleia de acionistas para que você retorne ao Grupo Honorário."

Ao ouvir isso, Raíssa sorriu levemente.

Que ironia!

Ela havia rompido com Augusto, tinha ficado histérica naquela noite, tinha se embebedado no meio da madrugada, mas aos olhos do marido tudo não passava de uma bobagem, essas atitudes eram apenas caprichos, ele até pensava que estava sendo generoso, que ela deveria ser eternamente grata.

— Esta é a última vez, Augusto!

Ela ergueu a cabeça, olhando calmamente para o homem, e disse suavemente: "Não é necessário. Eu não quero voltar."

Augusto ficou aturdido.

Raíssa já estava contornando-o, carregando uma pequena caixa em direção à saída. Ela percebeu que, depois de quatro longos anos, pouco podia levar do Grupo Honorário. Ao chegar à porta, Raíssa inclinou levemente a cabeça, sua voz carregando um tom de repressão: "Augusto, estou indo."

O coração de Augusto palpitou, ele sentiu que Raíssa estava diferente.

Quanto ao que estava diferente, ele não sabia dizer.

Ele ficou no escritório de Raíssa e a observou caminhar em direção ao elevador, vendo-a desaparecer lentamente de vista.

Naquele momento, Augusto não se deu conta de que Raíssa estava se despedindo pela última vez. Ela estava deixando o Grupo Honorário, deixando sua vida, e não voltaria mais...