Os Desamados são os Terceiros romance Capítulo 162

Augusto ficou imóvel.

Atrás dele, o choro suave e melancólico de Nona lentamente penetrava seu coração—

"Augusto, viver em Genebra é tão solitário."

"Eu ficava na varanda do quarto do hospital e só conseguia ver o céu e aquela igreja. Todos os dias, deitada na cama, ouvia os pombos da igreja voando, batendo suas asas, e sabia que era de manhã; quando eles voltavam, a noite caía."

"Dia após dia, mês após mês, ano após ano."

"No passado, a cada mês eu esperava por sua visita. Eu acumulava um mês inteiro de palavras para lhe dizer, você não sabe como eu era feliz naquela época? Mesmo que sua mente estivesse sempre ocupada com os negócios, com o futuro do Grupo Honorário."

"Mas eu entendia você!"

"Mas depois você parou de vir, porque sua esposa não gostava."

"Augusto, Célia morreu, ela não está mais aqui!"

"Sem um doador de rim, talvez eu também morra em breve."

"Augusto, eu quero ficar na Capital, não quero morrer sozinha em Genebra, não quero acordar todos os dias ouvindo o som das asas dos pombos, esse som está me enlouquecendo, não quero enfrentar a morte sozinha."

"Augusto, eu imploro."

...

O amor da juventude, implorando assim—

O coração de Augusto amoleceu, ele se virou e olhou para Nona.

A testa de Nona estava coberta por uma faixa branca, o uniforme hospitalar azul e branco pendia frouxamente de seus ombros, sua aparência delicada e frágil transparecia doença, e suas lágrimas caíam incessantemente...

O coração de Augusto estava molhado, ele se lembrou do passado, do passado com Nona.

Por fim, ele murmurou suavemente: "Mas Nona, não podemos voltar atrás! Tantos anos se passaram, já não somos como éramos."

Nona fechou os olhos, uma lágrima escorreu, seus lábios tremiam: "Eu sei."

Mas ela sabia ainda mais que Augusto havia concordado, concordado que ela ficasse na Capital.

...

Às quatro da manhã, a família Neves chegou ao hospital, e a reunião familiar foi naturalmente cheia de emoção.

Augusto organizou tudo e saiu silenciosamente.

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