Pai em Coma romance Capítulo 1027

Ana, após testemunhar tudo, ficou com a mente vazia, cobrindo seu corpo apenas com um cobertor. Passado um tempo, ela levantou a cabeça e encontrou os olhos de Leo, que a observavam. No olhar do homem, havia raiva, mas predominavam a incompreensão e a dor, e até um certo embaraço indescritível. Ana abriu a boca, querendo se explicar, mas sua voz estava rouca, e ela não conseguiu dizer nada. Afinal, o que tinha acontecido? Ela mesma não sabia. Que explicação poderia dar?

Assim, aquela mistura complexa de sentimentos transformou-se em um suspiro amargo. Ao ver Ana nesse estado, o coração de Leo foi atravessado por milhares de espadas, uma dor lancinante e insuportável. Para ele, o silêncio dela parecia uma fuga culposa.

O silêncio se espalhou pelo quarto espaçoso. Após um tempo, a pessoa que havia levado os jornalistas embora retornou.

- Já conferi as câmeras deles, tudo foi deletado e os cartões de memória foram destruídos.

- Sr. Leo, vou levar este homem agora. Acho que depois você vai querer interrogá-lo bem.

Leo baixou os olhos, concordando tacitamente.

Ivan saiu levando Paolo, que estava ensanguentado e cheio de feridas. Antes de ir, Paolo virou-se para Ana e disse seriamente:

- Desculpe.

Ana, vendo o remorso em seus olhos, entendeu mais ou menos que tudo aquilo tinha a participação de Paolo. Ela havia caído, desde cedo, numa armadilha bem montada, passo a passo, até chegar a esse ponto.

Todos saíram, e no quarto ficaram apenas Ana e Leo, frente a frente.

- Você nem mesmo vai se explicar?

Leo forçou um sorriso, mas parecia mais triste do que se estivesse chorando. Nunca imaginou que algo assim aconteceria consigo. Diante de Ana, ele não podia fazer nada, não tinha coragem de magoá-la, então engolia toda a sua raiva.

A respiração do homem, que estava sob extremo controle, tornou-se pesada de repente. Ele até sentiu o sangue fluir para o cérebro. Seus olhos negros profundos, agora tingidos de um vermelho assustador, não conseguiam esconder a aura mortal que se revelava.

Finalmente, Leo, incapaz de se controlar, estendeu a mão e puxou Ana para perto, tirando um lenço de papel do bolso e esfregando o corpo dela com força.

Do pescoço ao peito e às costas, praticamente todos os lugares estavam marcados com traços roxos e azulados.

Leo, como se estivesse possuído, esfregava a pele de Ana com força.

O homem estava usando tanta força que Ana sentia como se sua pele fosse rasgar. Ela lutava tentando fazer Leo se acalmar.

Mas, naquele momento, Leo já não tinha mais nenhuma razão, seus olhos fixos nela, como se quisessem perfurar um buraco sangrento no corpo de Ana.