Aurora
Não imaginava que ela realmente insistisse nisso, mas já que deseja saber, irei falar, não gosto de segredos e pretendo ser o mais limpo o possível com ela.
__ eu estou lembrando.
__ do que viveu em Hallvi?__ pergunta meio receosa e suspiro.
__ sim, eu nunca tinha ido ver o mar, mamãe estava planejando me levar lá, não entendia porque quando chegou o dia que ela havia me dito nós não saímos, mas eu nem liguei afinal estava animado para sair com o meu pai pela primeira vez desde a morte do seu, eu só não sabia que ele me levaria para aquele lugar, acabou que eu fiz tudo para que meu irmão tivesse o final feliz dele mesmo eu acreditando que não teria o meu, só não queria que aquela merda toda respingasse sobre ele, o treinamento era demais eu tenho certeza que ele não iria aguentar, e ainda que eu tivesse de repetir tudo de novo, arriscando que ele não lembrasse de mim, eu o faria novamente.
Assim que termino de falar ela me abraça, e eu retribuo, acabamos caindo sobre a areia e soltando boas gargalhadas, me surpreendo quando ela segura em meu rosto e encara meus olhos e nada além de amor ... isso é estranho, esse sentimento que me domina ... e por Deus eu estou completamente apaixonado por ela, e se ela me olha como uma boba tenho certeza que estou sorrindo como um idiota.
__ você teve que criar novas lembranças com ele? Digo com o Giovanni?
__ sim, já que as que eu tinha, ele não se lembrava, até o meu quarto papai mandou que fosse redecorado para que nada ali lembrasse a minha existência.
__ não entendo, como você não o odeia, ele foi tão cruel.
__ Aurora... eu passei dezesseis anos odiando ele, e olha onde o ódio me levou! Eu perdi tudo, apesar de todo o sofrimento que ele me causou, isso me fez ser assim, você não imagina o quão difícil é ser a porra do dono de tudo, claro que entra dinheiro e você sabe não é dinheiro limpo, não me orgulho disso, porém os políticos robam bem mais e a polícia não dá a mínima, e eu não mato ninguém inocente ou sem alguma razão, estar nesse meio significa matar ou morrer e eu não quero morrer ... farei de tudo para sobreviver e ficar no topo, porque era lá que meu pai estava quando recebeu um tiro no meu lugar, aquilo para mim, foi a sua redenção, eu já tinha lhe dado o meu perdão, de alguma maneira ele me amava.
__ eu sinto tanto por isso.
__ já disse não sinta, não é culpa sua, você veio parar aqui por acaso.
__ não me arrependo, assim como você eu faria de tudo pelos meus tios e pela Júlia.
__ eu sei, só que você veio de livre espontânea vontade.
__ eu sei, eu sei... muito engraçado.__ fala e eu sorrio.
__ sabe qual é o meu medo?
__ hum... então quer dizer que Dom Ferrari tem medo de alguma coisa.__ diz brincalhona e eu tapo a sua boca.
__ é segredo e fala baixo.__ falei e ela gargalhou.
__ desculpa, pode falar.
__ de ter um filho ... e ter que... mandá-lo para lá .. meu peito dói só de imaginar ele passando por tudo aquilo.
__ mas você matou os caras que te fizeram mal.
__ o mal é uma árvore que se não for cortada pela raiz, continua a vingar, e eu só cortei alguns galhos.
__ eu.. eu não quero que nosso filho vá para esse lugar.
Pode parecer a coisa mais imbecil a se dizer, mas o meu coração acelerou ao ouvi-la falar " nosso "
__ eu também não quero minha pequena.
__ tem alguma forma de anular isso, ou todo herdeiro tem de ir?
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Os comentários dos leitores sobre o romance: Presa ao Mafioso(livro 1)Série: Mafiosos Impecáveis