Quarto para você romance Capítulo 1215

O sorriso de Bruna ficou rígido. Ela mordeu o lábio e os viu partir, verde de inveja.

Ela está olhando para ele outra vez. Luiz tossiu para chamar sua atenção. “Esqueça-os, Bruna. Vamos jantar.”

Bem na hora, uma garçonete veio servir-lhes, mas Bruna estava sem apetite. Apenas a ideia de Natan e Kelly flertando azedou seu humor. Tinha pensado que roubar Luiz iria partir o coração de sua irmã, mas em vez disso, ela conseguiu um namorado ainda melhor.

“Aqui, olha o aviãozinho.” Luiz se esforçou para animá-la.

“Não quero!”, ela esbravejou e virou o rosto.

Kelly, por outro lado, sentiu alívio assim que foram para a sala privativa. Finalmente um pouco de paz e sossego, pensou. Estava prestes a pegar um pouco de água quando Natan perguntou em tom sério: “Então quer dizer que não vai mais ficar em minha casa?”

Ela assentiu. “Minha mãe pediu que eu voltasse para casa. Não quero que fiquem preocupados, por isso vou voltar esta noite.”

“Ótimo. Não é como se eu quisesse você em minha casa de qualquer maneira”, comentou ele seguro de si.

Kelly sorriu. “Bom para você, então. Ninguém vai mais roubar seus docinhos.” Embora seja fofo que um cara tenha tanta guloseima em casa.

“Você ainda vai trabalhar?” Ele semicerrou os olhos. Ela vai voltar para sua família agora. Acho que já não precisa do salário. Vai pedir demissão?

“Claro que sim! Sou sua assistente, esqueceu? Não vou deixar uma oportunidade tão grande como essa escapar.” A ideia de desistir nunca passou por sua cabeça. Trabalhar deu sentido à sua vida e transformou seus dias que costumavam ser tediosos.

“Não se atrase, então”, replicou ele.

“Não vou, não se preocupe.” Ela mordeu o lábio e fez uma conta nos dedos. “Os doces custaram cerca de uns quarenta, as roupas que você deu foram mais ou menos mil e toda a comida que você pagou para mim até agora custou aproximadamente o mesmo. Por isso, estou te devendo dois mil. Vou pagar amanhã.”

Kelly não gostava de se aproveitar das pessoas. Tinha gastado o dinheiro dele, então devia pagá-lo de volta, ou não acharia certo.

Natan ficou rígido por um momento. Ela precisa de ir tão longe? Está falando sério? “Não tem problema”, respondeu. “Não precisa.”

A jovem sorriu e olhou para a janela. As luzes da rua começavam a acender como um enxame de vaga-lumes pela cidade; ela ficou absorta com a vista.

Enquanto contemplava as luzes da rua, seu acompanhante a observava. Era mais bonita do que pensava.

Kelly notou o que ele estava fazendo. A maioria das pessoas teria desviado o olhar envergonhada, mas ela não ligava. Voltou-se para ele e olhou-o com ousadia. Então descansou o queixo na mão, sem desviar o olhar nem mesmo uma vez.

Não sentiu medo e continuou olhando para ele. Ela piscou e apertou os lábios, mas não desviou o olhar, como se estivessem disputando quem aguentaria mais tempo ou algo assim.

No fim, Natan corou um pouco, tossiu e desviou o olhar.

“Você acha que eu sou bonita, não acha?”, Kelly perguntou com confiança.

O homem voltou a encará-la. Ela era confiante e direta. Talvez porque cresceu numa casa onde nada lhe faltava, não se tornou uma mulher muito ambiciosa ou astuta. Natan então comentou: “Só um pouco.”