Rainha das Lágrimas: A Última Batida do Coração romance Capítulo 204

Se fosse Osíris, Orelia certamente acharia essa casa fria demais, assustadoramente fria. Mas com Kermit era diferente.

"Olha só a banheira." No Condomínio Sonho de Luz, o prédio mais alto da região, com janelas do chão ao teto por todos os lados, a vista noturna era deslumbrante. A banheira era enorme, encostada na janela, misturando-se à paisagem noturna. Tomar um banho enquanto aprecia a vista, só mesmo para quem tem dinheiro...

Orelia mordeu o canto do lábio, seguindo Kermit. "Uma casa assim, só com o que você paga de aluguel, duvido que daria pra cobrir até essa banheira."

"Veja bem, morar sozinho num lugar tão grande é assustador. Se você ficar comigo, minhas irmãs vão parar de encher o saco pra eu casar, meus pais vão desistir de me apressar, e meu avô ficaria tão feliz que talvez até me perdoasse. Eu até pagaria por isso."

Kermit fez uma cara manhosa. Um cara tão alto e bonito fazendo manha, e nem parecia fora de lugar.

"Ahem..." Orelia tossiu de forma constrangida. "Onde fica o seu quarto? Posso dar uma olhada?"

"Aqui." Kermit segurou a mão de Orelia, abrindo uma porta a partir do quarto dela, e de frente estava o quarto dele, também com janelas do chão ao teto, cortinas brancas na cama, aconchegante e cheio de estilo.

"Por que... tem uma porta entre o seu quarto e o meu?" Orelia desabafou. Essa porta obviamente tinha sido colocada ali de propósito.

Kermit sorriu, levantando uma sobrancelha, com cara de quem apronta. "O que será que o designer estava pensando, ao colocar uma porta aqui?"

Orelia revirou os olhos, sentando-se num banco alto na cozinha americana. "Kermit, estou com fome."

Kermit trocou de roupa, vestindo algo mais casual que o deixava ainda mais com cara de quem é do lugar. Para Orelia, tudo parecia um sonho, como se mesmo com o coração quebrado por Osíris e congelado, Kermit conseguisse aos poucos derretê-lo.

"Sopa."

Orelia começava a ficar exigente, e mais despreocupada. Não era mais tão contida como antes.

"Kermit..." Observando Kermit ocupado, a voz de Orelia saiu rouca. "Você está me mimando demais."

Ela era assim antes, bem teimosa. Até os quinze anos, Sirineu e Cidália a mimaram até ela não ter medo de nada, sempre causando problemas como uma pequena princesa. Depois dos quinze, ela fechou-se em si mesma. Em Kermit, Orelia também via a sombra de Sirineu. No passado, Sirineu mimou Cidália até o céu. Como se tivesse medo até de deixá-la cair se a segurasse nas mãos. Um jovem rico que nunca havia sofrido, abandonou seu direito de herança por Cidália para evitar que ela se sentisse ofendida, levando-a para uma pequena cidade costeira para viver uma vida simples. Ainda assim, ele oferecia poesia e horizontes para sua amada todos os dias, vivendo a vida e o romance ao máximo. Assim foi o ambiente em que Orelia cresceu por quinze anos.

"Vai demorar um pouco mais para cozinhar, vem comigo." Kermit pegou os dedos de Orelia, comendo uma cereja da sua mão. As orelhas de Orelia ficaram vermelhas.