O Labirinto de Amor romance Capítulo 107

Ela suspirou e continuou:

- Depois que você entrou na família Aguiar, o Sr. Aguiar achou que o seu jeito alegre e bondoso fosse contagiá-lo com o tempo e ele fosse ficar com uma personalidade melhor. Mas agora que chegaram numa situação dessas, precisam achar uma forma de convivência boa para passar o resto dos dias!

Eu sabia que Joana estava preocupada conosco, então afaguei a sua mão e a confortei:

- Joana, o mais terrível que existe nesse mundo é tentar mudar uma pessoa. Eu não vou mudar Guilherme, e não conseguirei mudar nem se tentasse, o destino é assim. Eu vou me controlar no futuro para evitar mais brigas, fique tranquila!

Seus olhos estavam avermelhados, e ela balançou a cabeça, me dizendo:

- Vocês são jovens, precisam dar valor aos dias que passam juntos. Quando chegarem numa idade avançada e olharem para trás, vão perceber que não fizeram o melhor de si pela pessoa com quem poderia passar o resto da vida. Era uma pessoa que poderia amar e ir até o fim, mas desistiu no meio do caminho, e se arrependerá quando for velho. A vida é composta de alegrias e arrependimentos, mas se for apenas cheia de arrependimento, será uma vida terrível.

Eu assenti, sem saber o que dizer. Pensando bem, não tinham muitos problemas entre eu e Guilherme.

A maioria eram coisas pequenas, mas eu explodi com o acúmulo dessas coisas pequenas que nunca tem uma solução ou resposta devida, o acúmulo de raiva em excesso e não tinha como me livrar dela.

- Agradeço, dona Joana! - ela queria que eu e Guilherme pudéssemos passar o resto da vida numa boa, e eu aceitava essa bondade dela.

Mas vendo que eu não parecia ter digerido suas palavras, ela suspirou e disse:

- Você é uma criança teimosa demais!

- A dona Joana tem razão. - eu disse rindo.

- Kaira. - ela acrescentou. - Não ache que o Sr. Guilherme não te colocou no coração dele. Naquele dia, o senhor me perguntou várias vezes onde você tinha ido depois que chegou em casa. Você trocou do número de celular, ele achou que você tinha ido embora, ficou desesperado, procurando por suas notícias por todo lado. Quando soube que você tinha ido para Cidade de Nuvem, ele queria virar a noite indo para lá te procurar. Você sabe que ele tinha acabado de sair da UTI, seus machucados ainda nem tinham cicatrizado. O Dr. Vinícius estava com medo de acontecer alguma coisa a ele, então o impediu. E hoje de manhã, saiu bem cedo para te esperar na porta da estação.

Ela deu uma pausa e suspirou, continuando:

- Eu vejo que o senhor só tem coração e olhos para você, e se importa demais contigo, por que vocês não podem passar os dias pacificamente?

- Joana, você está cozinhando alguma coisa lá embaixo? - eu a interrompi.

Ela parou e fungou o ar, se levantando num pulo.

- Ai, meu Deus, a minha sopa de costela! - e então ela desceu correndo para andar de baixo.

Eu fiquei com os pensamentos longe enquanto estava sentada olhando para a sopa de frango desfiado. Eu cresci num ambiente frívolo, então o amor que eu conheço também é frívolo. Não tive a chance de sentir o amor de família por muitos anos, muito menos amor entre sexos opostos. Eu não sei amar, e nunca aprendi a amar alguém. A vovó me acolheu e me deu carinho naqueles poucos tempos, e eu compreendi aquilo como amor.

O jeito bruto e frio de Nathan, eu compreendo como teimosia.

A proteção e companhia de Esther, eu compreendo como amizade.

E Guilherme, nesses dois anos e pouco de tempo, quase nunca me tratou bem. Eu realmente não me atrevo a considerar essas frestas de bondade de amor.

Eu não quero errar em achar que suco de uva era vinho.

Eu gosto de Guilherme, por isso posso suportar sua falta de atenção, sua frieza e seu enrolamento com Lúcia. Mas não sou idiota a ponto de achar que sua bondade barata seria amor por mim!

Anoiteceu, e eu estava muito cansada, mas não consegui adormecer de jeito nenhum, talvez por ter me acostumado a dormir com a Esther.

Agra, deitada sozinha numa grande de casal, eu me sentia vazia. O som do vento estava forte lá fora, e a chuva de verão veio sem nenhum aviso.

O som de vento e chuva se intercalavam batendo na minha janela.

Eu não conseguia dormir, e olhei para o relógio na parede. Era uma da manhã. Senti uma impaciência brotando dentro de mim, então me levantei e fui para a varanda de pijama.

Por ter tomado chuva na varanda da ultima vez, Guilherme mandou mudar a varanda, agora a chuva não entrava mais, apenas podia sentir o vento.

Eu estava estressada demais, sentindo algo entupido no peito, então desci e fui para o jardim.

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