O crepúsculo tingia metade do céu com um lindo tom de laranja avermelhado.
Ao ver Ramires, Victoria lembrou-se do seu último ano do ensino médio.
Houve uma noite de estudo como essa, também adornada por um pôr do sol deslumbrante.
Victoria estava sentada perto da janela, olhando fixamente para aquele céu cor de pêssego, enquanto as palavras na folha de simulado pareciam mudar de ordem, tornando impossível continuar lendo.
Uma ideia começou a germinar em sua mente.
— Ela queria ver Ramires.
Então, pela primeira vez, a aluna exemplar Victoria decidiu faltar à aula noturna e foi até a Universidade J, que ficava logo ao lado.
Ela não sabia onde ele estava.
Só podia contar com a sorte dentro do campus da Universidade J.
O pôr do sol era tão efêmero, nunca se sabia se o próximo segundo seria mais deslumbrante ou se caminharia para o ocaso.
Ela foi à biblioteca, depois à quadra de basquete.
Até que o sol mergulhou completamente no horizonte e as estrelas substituíram as nuvens vermelhas, ela ainda não o havia encontrado.
Naquele momento, a injustiça da diferença de tratamento em casa entre ela e Natália Lima, a pressão dos exames do ensino médio, e a amargura de uma paixão secreta, tudo se acumulou de uma só vez.
Ela se agachou à beira da estrada, enterrando o rosto nos joelhos e chorou silenciosamente.
— “Por que está chorando de novo?”
Uma voz familiar soou.
Ela levantou a cabeça, e através das lágrimas, viu o rosto de Ramires.
Ele estava curvado, parado na frente dela, seus olhos escuros refletindo a imagem dela em seu estado desordenado.
E as estrelas, magníficas e brilhantes, estavam atrás dele.
— Por que você demorou tanto?
— Onde você esteve?
— Por que não consegui te encontrar?
E também.
— Eu queria te ver.
Várias frases surgiram em sua mente.
Mas, ao escapar entre os lábios, se transformaram em: “O simulado estava muito difícil.”
Uma risada baixa e suave explodiu acima dela, e ele afagou o topo de sua cabeça, “Eu te ensino.”
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