Rejeitada pelo Magnata romance Capítulo 5

Beatrice

Contemplei o guarda-roupa abarrotado de roupas luxuosas, todas provenientes das marcas mais renomadas, apenas o ápice do que o dinheiro poderia adquirir, porém nada daquilo seria viável levar comigo. Arrumei na mala somente os itens que havia trazido para aquela residência há um ano.

Diferente daquele dia, quando cheguei com o coração cheio de amor e esperança, agora tudo o que restava em meu peito era amargura e dor; estava prestes a me afastar daquela casa, que jamais foi realmente meu lar.

Após mais de um ano de um casamento frustrante, no qual jamais experimentei verdadeiramente o que era ser amada por meu marido, tomei a difícil decisão de encerrar aquele relacionamento fadado ao fracasso, onde apenas uma pessoa batalhava pela felicidade do casal, e essa pessoa era eu.

A partir deste momento, Edward não faria mais parte de minha vida, assim como eu não faria parte da dele, e cada um seguiria seu próprio caminho. Com essa perspectiva, dispensei todos os empregados da mansão naquela tarde e aguardei a chegada de meu marido, antecipando o momento em que o veria pela última vez como meu.

Observei a sala ampla, relembrando da nossa conversa rápida por telefone naquela tarde, quando pedi para que ele chegasse mais cedo, e ele prometeu fazer isso. No entanto, Edward já tinha me feito essa mesma promessa antes e não a cumpriu, assim como estava fazendo naquele momento.

Quantas noites eu não fiquei esperando a chegada dele, esperando por um relacionamento normal de casal, onde ele faria o esforço para estar junto de mim? Mas isso nunca aconteceu durante todo o tempo em que estamos casados.

Peguei um pouco do seu uísque favorito, buscando coragem para fazer o que tinha decidido, pois tinha certeza de que, sem aquela bebida, não teria forças para seguir em frente.

Recuperei todas as lembranças dos nossos momentos juntos, que eram escassos, uma vez que ele sempre me evitava, valendo-se de diversas desculpas para permanecer afastado de casa o máximo possível. Contudo, elas serviam como lembrete de como não era amada por Edward.

Tomei um último gole da bebida exatamente no momento em que ouvi o suave ronco de seu carro estacionando em frente à nossa casa. Porém, naquele dia, o motorista não conduziria o Mercedes preferido do chefe até a garagem.

Observei-o entrar e saí das sombras, acendendo o abajur na mesa auxiliar ao lado da poltrona e, então, me ergui, com a única intenção de encará-lo de igual para igual, mesmo que minha altura de um metro e setenta e cinco fosse consideravelmente inferior à sua, que alcançava um metro e noventa e três.

— Oh! — Ele exclama, surpreso com a minha presença na sala escura, sentada em seu lugar de direito. — O que faz aqui?

Eu poderia ter respondido tantas coisas, entre elas o fato de que morava naquela casa, e tinha todo o direito de estar sentada na sala, aguardando pela chegada do meu marido.

Não o fiz, contudo.

— Estava o esperando. — Informo, tentando manter a voz isenta de toda a tristeza que carregava comigo. — Precisamos conversar.

— Hoje não é um bom momento para isso. — Ele descarta a minha presença, algo que já se tornou rotina. — Amanhã você pode dizer o que deseja, pois hoje estou cansado.

Ele não espera para ouvir a minha resposta, já se encaminhando para o primeiro degrau da escada em espiral, disposto a subir para o seu quarto, do qual eu nunca tive o privilégio de compartilhar.

— Eu preciso falar agora! Não posso mais esperar. — Digo, alto o suficiente para me fazer ouvir.

Ele para, parece pensar sobre a situação, e acaba retornando ao centro do cômodo, um suspiro de resignação escapando audivelmente de seus lábios convidativos, mas os quais só tocaram os meus apenas uma vez.

Edward nunca desejou consumar o nosso casamento, sempre me tratando com cordialidade, ele é um homem extremamente gentil…, mas frio.

— Diga-me. — Ele aceita me ouvir. — O que você tem de tão importante para me falar?

— Eu quero o divórcio. — Proponho, me sentindo quebrar em mil pedaços.

As lembranças mais uma vez me assolam, e os últimos anos passam por minha mente, desde o dia em que o meu pai me pediu para fazer o que ele considerou como um pequeno sacrifício em nome de algo que ele amava como a um filho, a sua empresa.

Divórcio 1

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