Segredos do amor romance Capítulo 499

No entanto, ninguém notou, pois Bruno suportou tudo silenciosamente. A cada dia que passava, seu silêncio ficava mais profundo até que ele se tornou um mestre da gentileza, mascarando suas verdadeiras emoções por trás de um sorriso para todos verem.

Era como se toda a tristeza e dor estivessem separadas de seu corpo, quase como se pertencessem a outra pessoa. Ele nutria um profundo desdém pela irresponsabilidade do pai e pela falta de autocontrole da mãe. No início, ele resistiu a essas circunstâncias, lutando contra a influência de ambos, mas, lentamente, eles roubaram sua determinação, enraizando-se em seu ser até chegar a um estado incontrolável.

O pensamento de deixar Victoria ir passou por sua mente, mas ela era a única pessoa com quem Bruno se importava. Se a libertasse, o que restaria dele? O que permaneceria no vazio que sua ausência criaria?

Depois do café da manhã, Benjamin voltou mais uma vez, e foi para o quarto onde a Selwyn residia. Lidar com uma paciente que se recusava a se comunicar representava um desafio formidável, mas ele possuía a paciência inabalável necessária para romper gradualmente suas defesas. Apesar de apenas alguns dias se passarem, ele se agarrou a um vislumbre de esperança, ansiando por curá-la e libertá-la das garras de sua doença.

Inesperadamente, assim que ele começou a falar, Victoria, que mantinha o silêncio o tempo todo, ergueu a cabeça e encontrou o olhar dele. “Dr. Lawson”, ela chamou, pegando-o desprevenido.

Surpreso, um tom de antecipação percorreu-o. “Sra. Selwyn, você está finalmente disposta a conversar comigo?”

“Acha que seria mais eficaz para você abordar Bruno do que a mim?”, perguntou ela.

A confusão tomou conta de Benjamin. “O quê?” A declaração dela o deixou perplexo.

“Eu não estou doente”, declarou a jovem com convicção.

Ele lhe ofereceu um leve sorriso e uma voz suave. “Sra. Selwyn, nunca afirmei que você estava doente. Não precisa ficar ansiosa.” Ele baixou a voz e continuou: “Nós simplesmente precisamos relaxar e conversar. Não há razão para acreditar que algo está errado com você.”

“O que quero dizer é que não estou doente — nem física, nem mentalmente. Eu sou perfeitamente normal.”

Preocupada que o especialista pudesse interpretar mal sua intenção, ela enfatizou seu ponto mais uma vez. Benjamin ficou em silêncio, olhando-a fixamente e esperando pelas suas próximas palavras. “Seria mais eficaz se você examinasse Bruno ao invés de mim”, afirmou ela, com sua voz inabalável.

Intrigado, ele a olhou com grande interesse. “Por que acredita nisso?”

Victoria se viu momentaneamente sem palavras. Afinal, ela presumiu que uma pessoa sem emoções paranoicas não exibiria tal comportamento. Como alguém normal poderia obrigar uma pessoa que não a amava a ficar ao seu lado, especialmente quando ela havia chegado ao ponto de se recusar a comer, e ele ainda não a deixava ir? Parecia que o problema dele era muito mais significativo do que qualquer problema psicológico que ela pudesse ter.

Com essa percepção em mente, a jovem ponderou por um momento, depois ergueu o olhar para perguntar: “Você me perguntou antes se eu queria ir embora, correto?”

Benjamin assentiu. “Sim.”

“Por que me fez essa pergunta?”

“Sra. Selwyn, você afirmou que não está doente, certo? Então, por que não me diz por que fiz essa pergunta?”, respondeu ele, com um sorriso gentil enfeitando seus lábios.

Ela o olhou com uma confiança inabalável.

Do lado de fora da sala, Jéssica olhou para a hora e não pôde deixar de comentar: “O Dr. Lawson parece estar lá por mais tempo hoje.”

O interesse de Bruno foi despertado. “É mesmo? Quanto tempo?”

“Já se passaram vinte minutos. A Sra. Selwyn... está bem?”, perguntou ela, com a preocupação estampada em seu rosto.

Bruno estreitou os olhos, uma sensação de inquietação tomou conta de si. Ele costumava ficar cerca de dez minutos esperando do lado de fora, mas para alguém que antecipava cada momento que passava, dez ou vinte minutos pareciam o mesmo tempo. No entanto, fazia muito tempo, especialmente para ele, que permaneceu em silêncio.

Assim que estava prestes a abrir a porta, ela se abriu sozinha, revelando Benjamin saindo da sala. O Morison retraiu lentamente o pé e seu olhar se fixou no profissional com seus olhos gelados.

“Por que demorou tanto hoje?” Sua voz continha uma pitada de acusação. Se não houve progresso, por que o psiquiatra passou vinte minutos lá dentro?

O homem encontrou o olhar de Bruno, não afetado pela frieza que emanava dele. “Você não parece estar de bom humor. Não deveria ficar feliz se houver progresso com a Sra. Selwyn?”

O Morison continuou a olhá-lo com dureza. “Que progresso? Me fale.”

“Não é um progresso significativo, para ser honesto. Ela estava disposta a conversar comigo, então eu troquei algumas palavras com ela”, explicou ele, calmamente.

Com isso, a testa de Bruno se enrugou e sua curiosidade despertou.

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