“C*nalha!”
“O que disse?” O homem semicerrou os olhos de modo ameaçador, descontente.
O tom insensível fez o rapaz voltar a si e pensar que estava condenado. Falei em voz alta? Como deixei escapar?
Por mais exasperado que estivesse, reagiu rápido já que era um funcionário experiente. “Sinto muito, Sr. Cadogan. Não me referia a você. É só que eu assisti uma novela brega com minha mãe ontem à noite e o protagonista era um babaca!”
Sim, isso mesmo. Explique assim!
Uma novela brega? O diretor franziu a testa e olhou-o com desagrado. “Está me dizendo que isso é o que ocupa sua cabeça durante o horário de trabalho?”
É só o que me faltava. Diz o homem que fica com outra durante o horário de trabalho. E daí que é isso que tenho na minha cabeça?
Pedro, é claro, não diria nada em voz alta.
“Não, senhor. Só me ocorreu no meu caminho para cá. Juro, o drama é superexagerado e o protagonista é de dar nos nervos. Fica indo de uma mulher para outra. Me diz se isso não é canalhice, Sr. Cadogan.”
“Não tenho tempo para suas bobagens. Resolva esta proposta de aquisição”, ordenou enquanto entregava uma pasta ao assistente, ignorante à trama da ‘novela’.
Xingou o chefe para si, mas sabia que trabalho ainda era trabalho, e tinha que ser feito. Pegou a pasta e bufou: “Entendi.”
Esse tom… Arthur voltou-se para Pedro, que o olhava com raiva.
Trabalhavam juntos há anos, mas quando foi que o rapaz o olhou daquela forma?
Arthur estreitou os olhos e perguntou: “Pedro, não acha que está descontando sua raiva contra o personagem da novela em mim?”
“Ah, estou.” Pedro torceu a boca. “Você não vai acreditar, Sr. Cadogan. Aquele cara se parecia muito com você. Por isso pensei no b*baca quando o vi.”
Arthur não soube o que dizer. O que poderia dizer ao ser comparado a um personagem de novela? Que tinha um assistente atento?
“Não pode me culpar, Sr. Cadogan. Culpe o ator quase idêntico a você. Não, não importa que se pareçam, porque ele só faz m*rda! Não é um absurdo que fique pulando de galho em galho?”
Por mais lento que fosse, foi entendendo ao observar o comportamento de Pedro e estreitou os olhos perigosamente em sua direção.
“Está dizendo que eu sou um c*nalha?”
“O quê?” O rapaz negou com uma dose de drama. “Quando foi que eu disse isso? Estou falando do cara da novela!”
Arthur ficou em silêncio e Pedro agiu como se o tivesse atingido. “Entendi. Não acha mesmo que eu insinuaria que você não presta, né? Como me atreveria? A Sra. Johnson vem ao seu escritório com frequência e vocês saem juntos, mas sei que não há nada entre os dois e que você não faria nada para trair sua esposa como o cara da novela. Estou certo ou não?”
As têmporas de Arthur latejaram diante da insinuação de Pedro; estava farto e interveio: “Parece que você tem muito tempo livre.”
Pedro deixou o escritório com uma pilha de arquivos, desanimado.
Olhou para todo o trabalho que teria que concluir nos próximos três dias por causa do que disse e suspirou. Devia ter ficado com a boca fechada.
Mas sempre que pensava na gravidez da Sra. Selwyn e no fato de que não podia contar ao marido por causa de seu relacionamento confuso com Claudia, sentia a raiva queimar dentro de si.
Imagine a dor que ela está enfrentando…
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Segredos do amor
Só eu que desejo que Victoria fique com Bruno????...
Gostaria de saber se tem previsão para o término do livro!!??...