Segundo Casamento，CEO só me quer? romance Capítulo 1970

No coração de Alicia, parecia que algo a havia espetado.

Ela não conseguiu evitar e piscou os olhos algumas vezes, quase que por instinto.

Ela manteve-se imóvel, olhando para Octavio. Não estava tentando decifrar mais nada em sua expressão, apenas não sabia o que fazer.

Deveria dizer algo cheio de dignidade, como que havia muitos homens excelentes no mundo e vários que adorariam estar no lugar do namorado ao seu lado, que ela não precisava ser necessariamente Octavio.

Mas ela sabia que essas palavras nem mesmo serviriam para se enganar.

Essas supostas palavras cheias de dignidade pareceriam vazias para ela, e risíveis para os outros.

Ela não tinha o hábito de fazer os outros rirem às suas custas.

Depois de um longo tempo, ela passou a mão pelo cabelo, inclinou levemente a cabeça e olhou para Octavio com um sorriso discreto.

"Meu bom senso me diz que não devo discutir com você agora..."

As mãos de Alicia se apertaram levemente, sua voz estava tensa. Depois de uma pausa, ao perceber que não encontrava uma forma de expressar que não se sentia tão fraca e submissa, decidiu endurecer o tom.

"Eu não quero te ver agora, desapareça da minha frente."

O céu acima escureceu, um vento passou por entre eles.

Octavio a olhou em silêncio por um momento, endireitou-se e criou uma distância entre os dois.

Alicia passou por ele, os passos rápidos e um pouco desordenados ecoando no chão de concreto.

As gotas de chuva começaram a cair, batendo no vidro do carro.

Uma gota, duas, três...

Octavio se virou, seus olhos estreitos seguiram a figura apressada se afastando.

A chuva aumentou, tornando-se rápida e densa, e foi só quando viu a empregada da Família Martinez correndo com um guarda-chuva para cobrir Alicia que Octavio voltou ao volante.

Ele observou pela janela do carro até que Alicia entrasse completamente na mansão e desaparecesse de vista, então ligou o carro e saiu.

Ela viveria bem, com ou sem qualquer pessoa.

Quem poderia ser indispensável para ela?

*

Depois de pedir a Octavio para desaparecer, ele realmente não apareceu mais.

Alicia passou os dias em casa, não querendo que Marcilio percebesse sua tristeza, e ficou três dias inteiros na cozinha aprendendo a cozinhar.

Todos sabiam que Alicia estava namorando Octavio, e as empregadas, vendo-a na cozinha, sorriram achando que ela queria cozinhar algo especial para ele.

Afinal, para os jovens que namoram, essa é uma etapa quase inevitável.

Alicia nunca havia entrado na cozinha para cozinhar, e as empregadas não ousavam deixá-la perto do fogão.

Apenas a deixaram encarregada de separar vegetais, e só aprender os nomes já levou um bom tempo.

Se não fosse pela insistência de Alicia, não teriam deixado nem que pegasse na faca.

Nos dois dias seguintes, Alicia passou a maior parte do tempo cortando cenouras na cozinha.

Cortando cubos de cenoura.

As empregadas disseram que era para ela praticar o uso da faca.

O cotidiano de Mireia parecia cheio, e era raro vê-la.

Ao ouvir as empregadas conversando na cozinha, soube que Mireia estava focada em estudar, praticar postura, dança, e também estava se dedicando ao violino.

Alicia não se importava com o que Mireia andava fazendo.

Cada um segue seu caminho. Ela agora estava dedicada a cortar cenouras na cozinha, enquanto Mireia escolhia se aprimorar em outras áreas – apenas diferentes formas de viver.

Naquela tarde, após ouvir alguns comentários sobre Mireia, acabaram se reunindo à noite na mesa de jantar.

Perto do fim do jantar, Mireia colocou os talheres de lado e mencionou a razão de ter voltado para jantar em casa naquela noite.

"Recentemente, um grupo de teatro me procurou. Eles estão treinando atores para uma nova peça, e eu quero atuar com eles."

Sua voz era plana, sem qualquer emoção, e sua expressão era neutra, não estava pedindo opinião, apenas informando-os por pura cortesia.

Marcilio pegou o guardanapo e limpou a boca lentamente, com uma expressão calma.

"E os estudos?"

"Vou tentar conciliar os dois."

"Qual a dimensão da peça? Quando será apresentada? E por quanto tempo?"

"Uma turnê nacional, talvez até mundial. No ano que vem, depois do treinamento, vou me juntar à trupe. Pode ser por um mês, um ano, ou até uma década."