Apesar de Manuel saber que Rosana era mestre em fingir ser boazinha, ele tinha certeza de que, por dentro, ela já o havia xingado milhares de vezes.
Mesmo assim, Rosana insistia, segurando a cereja e aproximando ela da boca de Manuel com persistência.
Com um biquinho de quem reclamava, Rosana disse:
— Sr. Manuel, meu braço já está doendo de tanto segurar.
Manuel não pôde deixar de rir, divertido pela situação, e comentou baixinho:
— Se já está com o braço cansado por isso, o que mais posso esperar de você?
Ao ouvir isso, lembranças do passado surgiram na mente de Rosana, fazendo suas bochechas corarem de repente.
Envergonhada e um pouco frustrada, ela se levantou rapidamente. Se ele não queria ser agradado, então ela não iria mais insistir.
No entanto, quando ela se virou para sair, Manuel agarrou seu pulso delicado, puxando ela de volta para seus braços.
Rosana se assustou, sentindo seu coração acelerar de forma descontrolada. Ela se sentou, rígida, no colo dele, sem coragem de empurrá-lo.
Com a voz grave e envolvente, Manuel murmurou:
— Você não queria me dar a fruta?
Com o rosto em chamas, Rosana voltou a oferecer a cereja aos lábios de Manuel.
Ele, finalmente cedendo, mordeu a fruta, mas logo franziu as sobrancelhas e reclamou:
— Está azeda.
Rosana, num tom tímido, rebateu suavemente:
— Mas eu provei uma cereja agora há pouco, estava bem doce...
No segundo seguinte, as grandes mãos de Manuel seguraram a nuca de Rosana, e o sabor agridoce da cereja se misturou entre os dois, enquanto seus lábios se encontravam.
Rosana, aninhada em seus braços, foi ficando cada vez mais frágil sob o beijo intenso, até que ambos ficaram sem fôlego. Só então, Manuel a soltou lentamente.
Ainda atordoada, Rosana olhou para ele, confusa, e murmurou:
— Mas essa cereja estava doce...
Ao terminar a frase, Rosana finalmente se deu conta de que Manuel só queria uma desculpa para beijá-la.
Lutando contra a vergonha que queimava em seu peito, ela desviou o olhar para o rosto dele, cuja expressão era de puro deleite. Com uma voz baixinha, ela disse:
— Se a gente não for comer logo, a comida vai esfriar.
Satisfeito com a maneira como ela o agradava, Manuel a soltou, permitindo que Rosana o puxasse em direção à mesa de jantar.
Rosana serviu foie gras ao vinho tinto e um bife com pimenta preta, tudo cuidadosamente preparado.
Foi só então que Manuel percebeu que o vinho usado por Rosana era aquele que ele havia comprado por uma fortuna, dois anos antes, em um leilão.
Manuel desconfiava fortemente que ela tinha feito isso de propósito!
Rosana viu o olhar de Manuel parar no vinho tinto e sorriu suavemente, dizendo:
— Eu acho que só um vinho deste valor está à altura do Sr. Manuel. — Após falar, Rosana cortou um pequeno pedaço de foie gras e o entregou a Manuel. — Este foie gras tem um cheiro delicioso, não acha?
Manuel, cansado de assistir à encenação de Rosana, respondeu friamente:
— Se sente e coma logo, ou eu vou mandar você voltar para onde nunca deveria ter saído.
O coração de Rosana estava uma bagunça. Ela queria tanto sair de uma vez por todas, fugir daquela tortura física e psicológica que Manuel a fazia sofrer.
Mas Rosana precisava sobreviver. Seu pai ainda estava na prisão, esperando que ela o salvasse.
Então, Rosana disse:
— Sr. Manuel, ontem à noite eu bebi tanto... Como eu poderia me lembrar do que você disse? Ou do que eu mesma falei? Se estivesse sóbria, jamais teria feito algo para irritar o Sr. Manuel, de verdade.
Seus grandes olhos piscavam inocentemente, e sua expressão era a de alguém que falava com seriedade.
Manuel sorriu friamente e respondeu:
— Se você não foi para a carreira de atriz, o mundo do entretenimento perdeu uma grande estrela.
Rosana apoiou o rosto na mão, inclinando a cabeça de leve, e sorriu:
— Agradeço o elogio, Sr. Manuel, mas estou sendo sincera agora. Onde foi que eu atuei?
Manuel tinha que admitir: ele não conseguia resistir ao charme dessa mulher. Rosana, com sua aparência de tentação constante, às vezes fazia Manuel querer devorá-la inteira, até os ossos.
Vendo que a expressão de Manuel finalmente se suavizava, Rosana aproveitou a oportunidade para fazer seu pedido.
Ela se aproximou de Manuel, balançando gentilmente o braço dele com um toque de ternura e, num tom quase manhoso, disse:
— Sr. Manuel, agora todo mundo já sabe sobre o nosso relacionamento, e o meu chefe está contando comigo para levar a nossa equipe de jornalismo ao sucesso! Ontem, você foi brilhante na frente deles, parecia um homem de negócios extremamente talentoso e que, ao mesmo tempo, cuida e mima muito sua esposa! Você realmente teria coragem de deixar essa imagem desaparecer tão rápido?
Manuel sentiu sua respiração prender por um momento, e sua voz saiu rouca:
— Mimar sua esposa?

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Sr. Joaquim, a sua esposa é a mulher daquela noite!
Nossa que história chata horrível como se escreve uma mulher tão burra aff...