O semblante de Manuel estava frio, e ele disse, com voz baixa:
— Vamos embora.
— Vamos embora? — Rosana disse, visivelmente sem saber o que pensar. — Ela não disse que ia almoçar aqui? Hoje eu trouxe bastante comida, parece que tudo vai ser desperdiçado.
Manuel franziu a testa, olhou para ela e perguntou:
— Você não quer saber se eu e ela temos algum passado?
Rosana serviu a comida e a colocou à sua frente, falando com calma:
— A Tamires não disse que vocês cresceram juntos, estudaram juntos? Isso é normal.
A paciência de Rosana fez com que Manuel se sentisse inexplicavelmente irritado e sufocado.
Nos últimos tempos, Rosana parecia ter se transformado completamente. Ela estava tão cautelosa, tão submissa, fazendo tudo perfeitamente e cuidando dele com tanto zelo. Mas, a cada dia, Manuel sentia um peso enorme no coração, porque não via mais o sorriso de Rosana; ela só lhe dirigia aquela expressão cuidadosa e educada.
Rosana estendeu o prato para Manuel e disse:
— Coma logo, o médico disse que você precisa repor as energias.
Manuel pegou o prato, sentindo uma frustração crescente.
Durante a refeição, ele de repente falou:
— Na verdade, há muito tempo, a Tamires já gostava de mim. A Tamires é muito competente. Antigamente, ela era a única pessoa da família Godoy que não maltratava minha mãe.
A mão de Rosana, que estava pegando um pedaço de comida, parou por um momento. Depois, ela sorriu suavemente e disse:
— A Srta. Tamires tem um rosto que transmite uma pessoa muito calorosa e gentil. Se for assim, quando você receber alta, convide a Srta. Tamires para um jantar e agradeça ela adequadamente.
No momento em que ela terminou de falar, Manuel jogou o prato e os talheres com força sobre a mesa.
Rosana se assustou, perguntando:
— Esse prato não agradou ao seu paladar?
— O problema não é a comida. — Manuel respondeu friamente, se levantando logo em seguida. — Eu vou dar uma volta para arejar a cabeça.
Após falar, Manuel simplesmente passou por Rosana, indo em direção ao seu quarto.
Rosana, consumida pela ansiedade daquela noite, agora se sentia ainda mais frustrada.
"Mas... Eu sou filha de um criminoso, o que mais posso esperar? Será que o sofrimento de Manuel e da Sra. Maria, que passaram a vida inteira sendo injustiçados, não é pior do que o meu?"
Pensando assim, Rosana enxugou rapidamente as lágrimas que escorriam de seus olhos e forçou um sorriso, tentando disfarçar a dor que sentia:
— Então, você está com fome? Quer que eu prepare algo para você? Você não comeu direito no jantar...
— Não estou com fome.
Ao ver o sorriso forçado de Rosana, tão cheio de paciência e sofrimento, Manuel finalmente não resistiu. Ele a puxou para si, apertando ela contra o seu peito.
Rosana se assustou com o gesto, mas, antes que pudesse reagir, Manuel já se inclinava sobre ela, beijando seu pescoço com urgência, sem a menor suavidade.
Instintivamente, Rosana tentou afastá-lo, rejeitando aquele tipo de intimidade, se sentindo sufocada.
Mas, no fundo, ela sabia que não tinha direito de recusar o que ele lhe fazia. "Não importa o que Manuel faça comigo, eu não tenho a menor autoridade para rejeitá-lo."

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Sr. Joaquim, a sua esposa é a mulher daquela noite!
Nossa que história chata horrível como se escreve uma mulher tão burra aff...