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Sr. Joaquim, a sua esposa é a mulher daquela noite! romance Capítulo 1795

Naquele momento, Lorena estava sentada na beira da cama, de costas para a porta, com o corpo tremendo levemente.

Duarte supôs que ela estivesse chorando.

Ele se aproximou e, de fato, viu as lágrimas escorrendo silenciosamente pelo rosto de Lorena. Aquilo o deixou ainda mais angustiado do que quando ela o xingava, tomada pela raiva.

— Por que está chorando? — Duarte ergueu a mão e enxugou delicadamente a umidade no canto dos olhos dela. Seu tom, involuntariamente, se suavizou. — Você queria um piano, queria livros... Eu já não trouxe tudo para você? O que mais falta?

Lorena respirou fundo, reunindo coragem.

— Se você pretende me trancar aqui para sempre, então qual é a diferença disso para uma prisão?

Duarte soltou uma risada baixa.

— A diferença é enorme! Na prisão, tem que seguir regras, acordar cedo, dormir tarde e ainda trabalhar! Mas você... Passa os dias sendo servida pela Nicole, ganha tudo o que quer. Isso aqui é muito mais confortável do que uma cela!

Lorena mordeu os lábios, e as lágrimas caíram ainda mais intensamente. Com a voz embargada, implorou:

— Eu sei que errei... Não me trate assim! Pelo menos me deixe sair um pouco para respirar. Não precisa confiar em mim, pode até mandar seus homens me acompanharem!

— Então agora você resolveu se render? — Duarte sorriu de canto. — Mas, neste momento, essas estratégias já não funcionam mais comigo. Só quando você realmente se comportar e me satisfizer por completo... Aí, talvez, eu considere deixar você sair.

O semblante de Lorena se desfez na hora.

Ela não esperava que algo que antes funcionava tão bem com Duarte, dessa vez, fosse completamente inútil.

Mas, no fundo, disse a si mesma: “Eu preciso aguentar... Se eu continuar assim, um dia ele vai acreditar em mim, um dia ele vai baixar a guarda.”

...

E assim, a partir daquele dia, Lorena realmente parecia ter se tornado mais dócil.

Ela começou a pedir para Nicole lhe ensinar a cozinhar. Pela manhã, quando Duarte saía para o trabalho, ajudava ele a dar o nó na gravata. À noite, quando ele voltava, entregava-lhe os chinelos.

Havia dias em que Duarte chegava exausto, carregado de preocupações, e Lorena, em silêncio, tocava no piano algumas melodias suaves para ajudá-lo a relaxar.

Por mais humilhante que fosse essa rendição, ela pensava consigo mesma:

“Que importância tem esse sofrimento? No fim, tudo se resume a suportar...”

E justamente por isso, à noite, Duarte passou a ser cada vez mais gentil com Lorena. Ele já não tinha coragem de humilhá-la como antes, nem de forçá-la a fazer aquelas coisas extremamente vergonhosas.

Apesar disso, quando Duarte a tocava, Lorena ainda não conseguia se acostumar. Mas, em nome da liberdade, ela suportava... E até fazia questão de agradá-lo.

Finalmente, um mês depois, Duarte cedeu.

Naquele dia, enquanto Lorena o ajudava delicadamente a ajeitar a gravata, ele perguntou:

— Faz tempo que você não vê sua mãe. Está com saudades?

Lorena ficou atônita. Com muito esforço, conteve a euforia que lhe subiu ao peito e, mantendo a expressão frágil, murmurou:

— De que adianta sentir saudades? Você não me deixa sair mesmo...

Duarte sorriu e passou os dedos pelo rosto dela com suavidade.

— Se você tivesse sido boazinha desde o início, eu não teria precisado fazer nada disso com você.

Lorena, de repente, parou de chorar. Surpresa, perguntou:

— A senhora disse quem?

— Duarte! — Sra. Lopes respondeu, rindo com carinho. — O seu marido, Duarte. O que foi que ele disse mesmo? Ah, ele disse que você foi viajar para um lugar bem distante a trabalho, então ele está cuidando de mim no seu lugar.

A mente de Sra. Lopes já não era tão lúcida, e era difícil dizer o que era verdade e o que era fruto de sua confusão.

Mas Lorena tinha certeza de uma coisa: Duarte devia realmente visitá-la com frequência.

Do contrário, como poderia sua mãe, que já nem se lembrava direito da própria filha, falar o nome de Duarte com tanta precisão? Isso só podia significar que ele ia vê-la com frequência.

Sra. Lopes continuou divagando sozinha:

— Por que será que o Duarte não veio hoje? Ele é um bom menino, muito sincero. Ele corta minhas unhas, até lava meus pés...

O coração de Lorena se apertou com força. Se sentiu profundamente abalada, mas, ao mesmo tempo, uma estranha ternura a invadiu.

Afinal, para ela, Duarte era apenas um louco... Um verdadeiro lunático!

Ela jamais poderia imaginar que, em sua ausência, ele visitava sua mãe regularmente... E que ainda fazia tudo isso por ela.

Naquele instante, uma pontada de culpa lhe atravessou o peito.

Sra. Lopes segurou a mão de Lorena e disse, com doçura:

— Lorena, minha filha, o Duarte é um bom rapaz. Você precisa viver bem com ele, entendeu?

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