Sr. Joaquim, a sua esposa é a mulher daquela noite! romance Capítulo 1911

Ao ouvir a voz de Lorena, tão cautelosa e cheia de desespero, o coração de Ademir se apertou de uma maneira que ele não soube explicar.

Ele queria correr até a loja de instrumentos para ver Lorena, mas, por fim, Ademir permaneceu sentado na cadeira do café do outro lado da rua, olhando através da janela de vidro, observando de longe aquela figura delicada e frágil no interior da loja.

— Dr. Ademir, por favor, não se envolva mais. — Lorena disse, com firmeza e amargura na voz. — Eu não mereço isso de você.

Ademir sorriu suavemente, mantendo a calma, e respondeu:

— Já salvei a vida de um assassino, quando nenhum outro médico se atrevia a fazer uma cirurgia nele. Eu o fiz, e com sucesso. Mesmo um criminoso merece que eu faça esse esforço por ele, quanto mais uma pessoa boa como a Srta. Lorena.

As palavras de Ademir encheram o coração de Lorena de algo que ela não conseguia identificar direito, mas que a fez se emocionar até as lágrimas se formarem nos seus olhos.

Lorena se engasgou, incapaz de responder.

Ela não queria que Ademir, alguém tão inocente, se envolvesse em sua dor, correndo riscos por ela.

Porém, ao mesmo tempo, o desejo egoísta de Lorena era que Ademir a tomasse pela mão e a puxasse para fora daquela lama escura.

Do outro lado, a voz suave de Ademir voltou a soar:

— Lorena, aguarde um pouco mais por mim. Vou pensar em uma solução. Se precisar de algo, me ligue. Neste momento, não podemos nos encontrar, para não levantar suspeitas de Duarte. Mas saiba que estarei sempre de olho em você, você precisa entender que estou ao seu lado. E, por favor, não pense em fazer algo irreparável.

A última frase de Ademir soou mais firme, como se ele estivesse a advertindo.

De fato, qualquer mulher passando por algo assim poderia se desesperar.

O maior medo de Ademir era que Lorena tomasse a decisão mais irracional.

Lorena forçou um sorriso, e, com tristeza, disse:

— Não se preocupe, eu não vou me matar. Se eu morresse, acho que Duarte também não deixaria minha mãe em paz.

Ademir hesitou por um momento e perguntou:

— Sua mãe está na Cidade M agora? Ela corre risco?

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