Sr. Joaquim, a sua esposa é a mulher daquela noite! romance Capítulo 607

Gabriel sentiu um aperto no coração, uma dor surda que ameaçava esmagá-lo por dentro. Mas ele manteve a aparência calma, os olhos fixos em Joaquim, como se estivesse olhando diretamente para a alma do homem à sua frente.

— Você tem coragem? Coragem de contar a ela o que realmente aconteceu naquela época? Coragem de dizer por que ela te deixou? Ou como sua esposa e seu filho vieram ao mundo? — Provocou ele, pausadamente, cada palavra cheia de um peso insuportável. — Eu acho que, mesmo que Natacha recupere a memória, ela preferiria não saber a verdade. Afinal, Sr. Joaquim, você não deu a ela muitas boas lembranças, né?

Era verdade… Tudo o que ele disse era verdade. Joaquim sentiu as pernas fraquejarem, o sangue gelando em suas veias, e ficou paralisado no lugar, incapaz de reagir. As palavras de Gabriel eram como punhaladas em seu peito, dificultando até mesmo sua respiração.

“Mesmo que Natacha lembrasse do passado, o que isso mudaria? Ela apenas me odiaria ainda mais…”, pensou Joaquim, com um gosto amargo na boca, como se estivesse sendo forçado a engolir a dura realidade que sempre tentou ignorar.

Gabriel olhou para o relógio, percebendo que a hora do embarque estava próxima. Ao passar por Joaquim, ele disse com indiferença, sua voz fria e cortante:

— Sr. Joaquim, o que você não valoriza, sempre haverá alguém que trata como um tesouro.

Sem esperar por uma resposta, ele seguiu seu caminho pelo aeroporto, seus passos firmes e determinados, deixando Joaquim para trás, perdido em sua própria dor e confusão.

Joaquim ficou ali, parado, com os olhos ardendo de dor. As palavras de Gabriel ecoavam em sua mente, cada sílaba se grudando em sua consciência como agulhas afiadas.

Natacha, a mulher por quem ele esperou por cinco anos… Quem disse que ele não a valorizava?

...

No hospital.

Depois que a mãe da criança finalmente assinou a autorização para a autópsia, Natacha sentiu uma ponta de alívio, mas era apenas o começo. Determinada, ela imediatamente entrou em contato com o legista, a ansiedade fervilhando dentro dela enquanto esperava pelo resultado. Quando finalmente teve os papéis em mãos, o resultado confirmou o que ela já suspeitava. O medicamento administrado não atingiu a dose terapêutica necessária.

Em seus experimentos anteriores, ela já havia comprovado que as células do miocárdio respondem à concentração do medicamento. Ela conhecia os protocolos, cada etapa do tratamento, e nada disso fazia sentido. No entanto, a análise das células cardíacas do menino mostrava que ela recebeu apenas uma pequena quantidade da medicação.

“Algo está muito errado aqui…”, concluiu Natacha interiormente, seus olhos se estreitando em uma expressão de determinação implacável.

Com o resultado em mãos, Natacha foi direto para a enfermaria.